Embora as estruturas e métricas ESG estejam ainda em processo de aperfeiçoamento, o que é natural da fase inicial de qualquer inovação, não se pode dizer que as empresas ignorem o contexto social, político e ambiental em que operam.

Nos últimos anos vimos grandes impactos (pandemias, tensões sociais, escândalos de má conduta, fraturas geopolíticas, além da crescente pressão da litigância climática) que fez com que as empresas percebam que é mais dispendioso ignorar as normas ESG do que adotá-las.

No caso do clima, o próprio FMI dentro das novas Perspectivas Económicas Mundiais sugere a criação de um “corredor verde” livre de tarifas nas cadeias de abastecimento globais para uma ação mais coordenada no combate as alterações climáticas.

Outro ponto que merece destaque é o boom de investimento e inovação em energia verde e o farto numero de pesquisas nas universidades ligados a energia limpa, preservação da biodiversidade, e uso de inteligência artificial para rastreamento de emissões e desmatamentos, entre outros. Soma se a isso o fato de que a geração mais jovem é muito mais engajada que as gerações anteriores nas reformas verdes.

A consciência coletiva em torno do termo ESG varia entre os países. Uma pesquisa realizada com 12.000 pessoas em 12 países constatou “ um aumento significativo tanto no conhecimento (53% se declarando conscientes, acima dos 46% no ano passado) quanto no interesse em questões ESG, com 67% dos entrevistados”.

Larry Fink, CEO da Blackrock, afirmou em junho: “Não vou usar a palavra ‘ESG’ porque tem sido mal utilizada” para ganhos políticos. Apesar de “ESG” talvez se tornar um termo carregado, é fundamental que os diretores não negligenciem os fatores de risco ESG”

Inclui-se nesse cenário de forte consciência e alertas, a volatilidade ascendente que faz com que os conselhos de administração se atentem para um arsenal de riscos em evolução sobre a forma como os fatores ESG devam ser abordados.

A última pesquisa BDO Board Pulse da primavera de 2023 (1) apontou várias áreas de risco em evolução durante a incerteza econômica que o mundo vivencia nesse momento, sendo as 3 principais: 1) Quedas recessivas na demanda (37%); 2) Liquidez e acesso/custo de capital (21%); 3) Aquisição e retenção de talentos (14%)

Outros pontos importantes dessa pesquisa são:

  • O risco climático continua a ser uma prioridade entre os acionistas

23% dos diretores entrevistados afirmaram que cumprir metas de emissões liquidas zero de carbono proporciona valor de longo prazo. Segundo estimativas 47% das empresas de capital aberto no mundo já assumiram compromissos de zero de emissões liquidas.

  • As demandas por transparência na segurança cibernética estão aumentando

79% dos diretores afirmam que uma violação de dados representa risco para seus negócios, e 99% desejam manter ou aumentar o investimento em segurança cibernética, cientes de que um incidente cibernético significa sérios riscos operacionais e de reputação.

  • Atenção ao capital humano

92% dos diretores do conselho afirmaram que a escassez de talentos representa risco. Mas apenas 14% consideram a aquisição e retenção de talentos o maior risco empresarial. Outro ponto importante é que apenas 3% identificaram a cultura corporativa, Human Capital Management – HCM (Gestão de Capital Humano) e diversidade, equidade e inclusão (DEI) como prioridade estratégica do conselho.

  • A abordagem proativa ao risco ESG

À medida que as organizações abordarem os riscos climáticos, as ameaças à segurança cibernética e os desafios de HCM, estarão agindo na direção certa para a mitigação de riscos e criação de resiliência. Poderá haver uma certa variarão com base na estrutura do conselho e nos recursos disponíveis para a gestão, mas certamente agregando valor de longo prazo. 

Enfim, a aceleração da transição para a energia verde, a crescente pressão dos acionistas e os novos requisitos regulamentares, como as regras de divulgação climática, estão deixando os executivos cada vez mais apreensivos em relação aos resultados financeiros, aumento de litígios e politização do ESG, o que é justificável. Até porque o cenário de riscos em evolução não dá sinais de enfraquecimento, muito pelo contrário, a tendência é a elevação de “certos” riscos ESG em áreas prioritárias exigindo atenção redobrada dos Conselhos.

(1) A BDO Alliance USA é a maior associação de empresas independentes de contabilidade e consultoria nos EUA.

Fontes:

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br