A exemplo do que tem ocorrido com títulos do Tesouro Direto, muitos Fundos de Renda Fixa têm apresentado resultado negativo nos últimos meses. De acordo com a plataforma de análise de ativos Morningstar, de 163 fundos DI, que perseguem a rentabilidade da Taxa Básica de Juros (Selic), 51 tiveram rentabilidade negativa em março. “Essas variações ocorrem por curto prazo e são influenciadas por expectativas em relação ao desempenho da economia”, explica o administrador e consultor financeiro Marcelo Fayh.

Este fenômeno, que surpreende investidores que consideravam estas aplicações como muito seguras, é resultado de um aumento do risco de títulos mais ousados que compõem (ainda que em pequena escala) estes fundos, como crédito privado, ETFs e debentures, e de altas taxas de administração, que podem apertar tanto a rentabilidade que a deixam em campo negativo. Com a Selic em 3,75% ao ano, quedas bruscas nos títulos menos conservadores não encontram na fatia dos títulos públicos um colchão capaz de amenizar tombos.

Um exemplo é o Fundo de Renda Fixa de Longo Prazo Kinea, que desvalorizou 0,5% no ano e 0,9% em um mês, conforme a plataforma da Genial Investimentos. Já o Icatu Vanguarda Inflação Curta caiu 0,75% no ano, mas em abril conseguiu uma valorização discreta de 0,06%. O Mongreal Aegon Inflação Referenciado Longo Prazo caiu 7,47% no ano e 1,48% em abril.

Entretanto, as quedas mais intensas estão nos fundos de Renda Fixa que têm uma participação maior em debêntures e crédito privado. O Tagus Top Crédito Privado II acumula desvalorização de 7,15% em 2020, e de 5,5% no mês. O Brasil Plural Crédito Corporativo caiu 5,86% no ano e 1,73% no mês.

“Este quadro de renda fixa abaixo do CDI começou a ser visto em outubro do ano passado, com a fuga de investidores para a renda variável e a perda de interesse nestes títulos, em que os gestores tiveram que baixar os preços para levá-los novamente ao mercado”, explica a consultora de investimentos e educadora financeira Mirna Borges. “Mas agora, com os fatores de risco presentes, este movimento é ainda pior”, comenta.

Neste cenário, surge o problema de liquidez, pois poucos querem comprar títulos de renda fixa, o que se transforma rapidamente em uma bola de neve. Os compradores, cada vez mais escassos, topam a aplicação somente se o retorno aumentar muito, dado o risco de um eventual calote. É uma lógica conhecida por quem possui títulos e fundos pré-fixados, familiarizados com a marcação a mercado (quando o preço é definido pela negociação de mercado entre comprador e vendedor).

Como fator de gravidade à atual situação, a rendabilidade abaixo de zero, quando comparada à inflação, mostra que os títulos de renda fixa ficar para trás em relação à variação de preços do mercado. Com isso, o risco do investidor perder dinheiro com as aplicações mais conservadoras cresce em 2020.

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