Quando Al Gore, ex vice-presidente americano e ganhador do Prêmio Nobel da Paz (2007) disse em 2019 que o combate às mudanças climáticas era mais que uma “luta pela vida”, mas também “a maior oportunidade de investimento da história” deu o mapa da mina aos investidores. Somado a isso, quando em 2020 Larry Fink, CEO da BlackRock disse que “o risco climático é também risco de investimento”, impulsionou desdobramentos no perfil dos negócios e também no perfil das carreiras dos profissionais em todos os seus níveis, da base até ao alto escalão das empresas.

No caso do CEO (Chief Executive Officer), o mais alto cargo executivo de uma empresa, desperta a ambição de muitos. Segundo inquérito recente da EY, quase a metade dos CFOs (Chief Financial Officer) sonham em ocupar esse cargo.

Dado ao momento de transição pelo qual passa o planeta, outra categoria de profissional executivo ganha força para entrar nessa disputa. São os CSOs (Chief Sustainability Officer) que hoje não são mais uma novidade e sim uma necessidade das grandes organizações. O CSO tem por missão liderar a jornada sustentabilidade de uma empresa envolvendo líderes e colaboradores na sua visão alinhada aos fatores ESG. A procura de CSO aumentou 228 por cento na última década. Em 2020 as empresas Fortune 500 contrataram mais CSOs do que nos três anos anteriores combinados.

Em virtude da crescente demanda pelos fatores ESG surgiu a figura dos CSOs Transformacionais, grandes influenciadores com habilidades e competências especificas (técnicas e políticas), além de conhecimento empresarial desenvolvido para impulsionar estratégias e implementar negócios. Os CSOs transformacionais são diferentes dos CSOs convencionais. Eles têm mais liberdade e autonomia na empresa, mais recursos à sua disposição (humanos e financeiros), e exercem maior influência nas decisões.

Isso faz deles negociadores habilidosos o suficiente para saberem que não se trata de uma estratégia de sustentabilidade e uma estratégia de negócios em separado, e sim de uma estratégia empresarial sustentável. Como resultado, 70% dos CSOs transformacionais afirmam que captaram valor financeiro superior ao esperado, em comparação com 47% CSOs não transformacionais segundo pesquisa EY Sustainable Value

Essa mesma pesquisa aponta que os CSOs transformacionais com poder de colaborar em todo o negócio, obtém maiores progressos. Já os CSOs convencionais que não têm essa autonomia e influencia entregam menos valor as empresas, são menos envolvidos nos negócios e por consequência, menos felizes nas suas funções.

Outra pesquisa, 2023 Global EY DNA do CFO Report , revela que 50% dos CFOs cumprem metas de lucros a curto prazo. E neste caso os programas ambientais, sociais e de governação (ESG) são mais vulneráveis aos cortes, evidenciando que essas organizações possuem objetivos que divergem substancialmente do que se espera ao apoio das funções de um CSO.

Em um artigo publicado na ESG Today (site de noticias, análises, pequisas e informações sobre investimentos ESG), Matthew Bell, Líder Global de Serviços de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da EY faz uma provocação aos líderes de sustentabilidade transformacionais, incentivando-os a entrarem na linha sucessória do mais alto comando executivo de uma empresa, o CEO. Segundo ele, aptidões é que não faltam para considerar essa possibilidade na sua carreira.

Bem, levando se em conta que: 1) Já é consenso que sustentabilidade é uma questão indispensável para o sucesso de longo prazo de qualquer negócio; 2) Que um líder de sustentabilidade transformacional pela natureza do seu cargo tem a obrigação de compreender mais do que ninguém os riscos e oportunidades que estão no horizonte; 3) Que viver toda essa pressão e criar soluções é o seu dia a dia; 4) Conclui-se que tal vivência dará traquejo para conduzir estratégias e operações em conformidade com a regulação, com as demandas do mercado, das partes interessadas, e dos investidores.

Em outras palavras, tudo muito parecido com o que se espera de um CEO para que ele entregue valor, resiliência e perenidade a organização. Portanto, a provocação de Matthew Bell sobre os CSOs Transformacionais considerarem o posto de CEO em suas carreiras é factível. Mas, se eles vão se animar a ponto de entrar nessa disputa, já é outra conversa. Eu estou na torcida.

Fontes:

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br