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Mais um corte da taxa de juros, como ficam os investimentos?

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Tudo bem, tudo conforme o esperado pelo mercado, investidores e consumidores: o Copom cortou mais uma vez a taxa de juros na última quarta-feira (21) e a partir de agora está em 10,75% ao ano (- 0,50 p.p). A bolha do otimismo também marca presença, aliás, o ano começou com o sarrafo lá em cima quando o assunto é esperança, bons ventos e todas as denominações possíveis para um horizonte de prosperidade econômica.

Ficou claro no comunicado do Copom que ainda há perspectiva de queda, mesmo que de menor magnitude, ou seja, talvez 0,25% na próxima reunião? Segundo a professora de economia da ESPM, Patrícia Andrade de Oliveira e Silva, o Brasil continua com uma das maiores taxas mundiais, e é por isso que existe essa pressão mundial pelos cortes.

A professora ainda destaca a necessidade de controle fiscal, ressaltada no comunicado do Copom. “A queda na taxa de juros pode induzir a diminuição de outras taxas e facilitar o crédito. Então, existe uma preocupação do Banco Central com a execução das metas fiscais e com o endividamento futuro”, destaca.

Certo, mas e os investimentos?

Segundo uma publicação do Valor, alguns especialistas recomendam manter cautela com as ações. Isto é, em outras palavras, pé no freio para aumentar a exposição em renda variável ou priorizar papéis bons pagadores de dividendos ou fundos imobiliários. “As expectativas para as ações foram piorando desde que começou o ano, especialmente para as bolsas das economias emergentes como a local, que sofrem com os juros americanos altos. Falta fluxo de investidores estrangeiros para o Brasil.”

Ativos alternativos

A estimativa dos otimistas do mercado é de que a Selic caia abaixo dos 10% (o que não se pode acreditar muito já que o Copom pode diminuir o corte) até o fim do ano aumenta a busca dos investidores que têm aplicações em renda fixa, principalmente em produtos financeiros atrelados ao CDI, por alternativas que não sejam influenciadas pela taxa básica de juros. Uma opção, neste caso, é “migrar parte do capital para ativos alternativos, cujos rendimentos podem chegar até 30% ao ano dependendo da escolha feita”, segundo a Hurst Capital.

Os ativos alternativos, como música, também são considerados investimentos de renda variável, com a diferença de que são descorrelacionados do mercado financeiro tradicional. Assim, ficam longe dos acontecimentos no mundo econômico que pouco afetam a performance dos produtos desse segmento, também chamados de ativos reais, ao contrário do que acontece com ações e outros ativos como ações e fundos negociados por bancos e corretoras. 

“Os alternativos também apresentam vantagem em relação às outras opções do mercado quando a análise é voltada para o risco da operação. O índice Sharpe, que avalia o risco e o retorno de um determinado investimento, dos alternativos ficou em 1,12 no período analisado. Já o do Ibovespa é de – 0,10. Quanto menor o indicador, pior o investimento”, explica Arthur Farache, CEO da Hurst Capital.

Inter e Warren na bolha?

Como o Acionista já falou anteriormente, a bolha do otimismo está estabelecida no mercado depois de um 2023 bem oposto. Não é por acaso que a maioria dos especialistas em mercado tem acordado e dormido todo dia com sorriso de orelha a orelha com as perspectivas de bons números da economia de uma forma geral e da Taxa Selic chegar a um dígito em dezembro. O perfeito mundo de Alice. Como diz o filósofo influencer Sérgio Cortella: será?

Segundo o Inter, o Copom manteve a indicação de mais um corte de 50 pb na próxima reunião, mas retirou o plural que constava nos últimos comunicados. “Pode-se ler o comunicado com um tom um pouco mais hawkish. Nossa expectativa é de cortes de 50 p.b até a reunião de junho”, comentam os analistas. No entanto, eles esperam que o Copom reduza o ritmo de cortes para 0,25 p.b por reunião, o que seria difícil chegar ao fim do ano com taxa abaixo de 10. Para eles, isto está condicionado à continuidade do processo de desinflação em linha com o cenário base deles, que prevê um IPCA de 3,9% em dezembro.

Já para a Warren julga como improvável uma discussão sobre o encerramento do ciclo com a Selic ainda em dois dígitos. “Seguimos com call de Selic de 9,0% ao término do ciclo de relaxamento monetário em 2024, com o Copom mantendo o ritmo de queda de 0,50 p.p., ao menos nas próximas reuniões. Uma desaceleração para 0,25 p.p. já em junho aumentaria a possibilidade de uma taxa terminal mais elevada.” 

Inflação e taxas de juros

As projeções de inflação do BC no cenário de referência ficaram estáveis, mas cabe notar que, que para o ano de 2024, segundo a Warren, a estimativa para a variação dos preços administrados subiu de 4,2% para 4,4%, o que provavelmente foi contrabalançado por alguma revisão baixista para os preços de alimentos, tendo em vista o El Niño. 

“A projeção para o ano de 2025 não se alterou, apesar de ter incorporado uma discreta revisão da inflação de preços administrados de 3,8% para 3,9%. O fato de a projeção para 2025 (que incorpora uma trajetória de taxa Selic de 9,0% no fim de 2024) seguir com um pequeno desvio (0,2 p.p.) em relação à meta de inflação denota que há ainda um bom espaço para o processo de redução da Selic.”

Crédito mais em conta

A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central reduziu para 1,7% a projeção de crescimento para a economia em 2024.

O mercado projeta crescimento um pouco melhor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem a expansão de 1,8% do PIB em 2023.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir. (Agência Brasil)

Mercado: a bolha do otimismo pode explodir

Depois da onda pessimista de 2023 com o fantasma de uma recessão global assustando o mercado de uma forma geral, embora mais especificamente o que estava acontecendo na economia norte-americana, 2024 é o avesso, do avesso, do avesso, como São Paulo na letra Sampa de Caetano Veloso. 

Para corroborar com a bolha otimista que se formava no fim do ano, o recorde histórico do Ibovespa em dezembro, fechando em 131 mil pontos aproximadamente, elevou o otimismo para 2024. Além disso, a continuidade dos cortes da Taxa Selic pelo Banco Central e a estabilidade dos juros pelo FED nos EUA, com emprego em alta, economia reaquecida e recessão descartada.

Desde 2021 não se tinha tanto otimismo no mercado. O Boletim Focus de 19 de março trouxe a estimativa para o PIB no fim de 2024 passando de 1,90% para 1,80%. E para 2025, mantido o crescimento do PIB em 2,00%. Isso vem sendo uma dos pilares para que a bolha cresça quase que semanalmente e mais ainda em cada reunião do Copom.

Fato é que como toda bolha, um dia ela estoura. Como se manter no topo? De acordo com o especialista em investimentos do Acionista, Gustavo Guerses, é hora do investidor sair da bolha e se proteger do excesso de otimismo. “Nem sempre se deve seguir seu analista preferido”, destaca. Isso porque se o Copom parar de cortar em 0,50 e começar a cortar 0,25, a Selic não chegará em dezembro abaixo dos dois dígitos.

Bolsa

Outra questão levantada por ele de uma forma lúdica, é que em um cenário em que a Taxa Selic fique abaixo de 9% no fim de 2024, os mais otimistas, que acreditam na bolsa a 170 mil pontos, estarão mais próximos de acertar. Já os que veem a Selic mais perto dos 10% ao mês, o cenário dos 150 mil pontos ficará difícil. “Será um desafio”, afirma Guerses.

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Cátia Chagas

Editora e produtora de Conteúdo do Portal Acionista e Clube. Foco em mercado de capitais; empresas e ESG. Atua também em Jornalismo de Produto (certificada pelo Knight Center for Journalism in the Americas). Jornalista graduada PUCRS; Especialização em Comunicação Política pela UNISC; MBA em Comunicação e Marketing para Mídias Sociais na Universidade Estácio de Sá; Especialização em Gestão e Governança Corporativa aplicada a práticas ESG. Com passagem pelos veículos G1RS; GZH e Grupo Sinos.
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Editora e produtora de Conteúdo do Portal Acionista e Clube. Foco em mercado de capitais; empresas e ESG. Atua também em Jornalismo de Produto (certificada pelo Knight Center for Journalism in the Americas). Jornalista graduada PUCRS; Especialização em Comunicação Política pela UNISC; MBA em Comunicação e Marketing para Mídias Sociais na Universidade Estácio de Sá; Especialização em Gestão e Governança Corporativa aplicada a práticas ESG. Com passagem pelos veículos G1RS; GZH e Grupo Sinos.

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