🌎 CENÁRIO EXTERNO

Impasse político trava novas valorizações

Mercados

Bolsas asiáticas encerram a sessão sem direção única. Na zona do euro, os principais índices de mercado voltaram a amanhecer com ganhos modestos: o Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos ao redor do continente europeu, avança 0,5% até o momento. Em NY, índices futuros iniciaram o dia com o mesmo viés verificado na Europa; acumulando altas da ordem de 0,3%, enquanto o dólar (DXY) segue em trajetória de desvalorização contra seus principais pares. No mercado de commodities, ativos também apresentam desempenhos predominantemente positivos. Na contramão, o preço do petróleo (Brent Crude) recua 0,2%, mas se mantém acima dos US$ 45,00/barril.

Impasse político trava novas valorizações

Ativos de risco amanhecerem mais uma vez com leve viés positivo, após investidores marginalizarem a mais nova investida americana contra a Huawei, gigante de tecnologia chinesa. No pano de fundo, a manutenção de um entrave nas negociações por uma 2ª rodada de estímulos econômicos nos EUA continua sendo o principal ponto de atenção para investidores. A demora tem impossibilitado valorizações mais agudas do mercado nas últimas semanas e a proximidade cada vez maior com as eleições presidenciais parece estar exercendo pressão sobre as conversas.

Nova investida

O Departamento do Comércio americano anunciou nesta 2ªfeira novas restrições contra a Huawei Tecnologias Co.; visando cortar o acesso da empresa à chips vendidos no mercado. A lista de empresas adicionadas ao Blacklist comercial americano foi composta por 38 filiais da Huawei em 21 países diferentes, de forma a limitar o escopo das operações com o 5G da empresa. Segundo Donald Trump em entrevista à Fox News ontem à noite, o governo americano não aceita o equipamento da companhia pelo fato de que a empresa espiona os EUA. Assim, a medida configura o mais novo fato relevante no embate tecnológico que vem tomando forma entre as duas maiores economias do mundo. Não obstante, Wilbur Ross, Secretário do Comércio dos EUA, diz seguir em contato com autoridades chinesas – nesta fronte, o investidor segue no aguardo da reunião de acompanhamento do acordo comercial assinado em janeiro, incialmente previsto para acontecer na semana passada.

Na agenda

Em dia de agenda econômica praticamente esvaziada, o destaque fica com dados do setor imobiliário em julho nos EUA: às 9h30 saem as concessões de alvarás de construção e as novas construções residenciais no mês.

CENÁRIO BRASIL

Entramos juntos e vamos sair juntos

Guedes fica

Os rumores sobre a saída iminente do ministro Paulo Guedes foram, mais uma vez, desmentidos. Uma reunião tida ontem entre o presidente da República e o mandante da pasta econômica realinhou interesses e deixou claro que o relacionamento está longe de “chegar ao limite” – forma como alguns veículos descreveram o pequeno impasse que surgiu entre Bolsonaro e Guedes em torno do financiamento de obras públicas.

Nunca foi cogitada

A troca pública de afagos que prevemos na edição de segunda-feira do MH se concretizou. Bolsonaro chamou Guedes de “aliado de primeira hora” e deixou claro que a saída do ministro “nunca foi cogitada”. Guedes, por sua vez, destacou a confiança mútua entre ambas as partes e caracterizou as discordâncias dentro do governo como “conversas naturais”. Nossa visão é que ambas as declarações são sinceras e fidedignas à dinâmica que rege o relacionamento entre o presidente e o ministro.

Estratégia de Guedes deu certo

No final das contas, a estratégia implementada por Guedes rendeu frutos. Sim, ele terá de buscar recursos para financiar as obras dos ministros desenvolvimentistas. Mas isso era um fato inevitável; Bolsonaro não perde queda de braço com ministros. Mas antes de aderir às ordens do Capitão, Guedes forçou o presidente a provar o furor que inevitavelmente ocorrerá caso ele decida abandonar por inteiro as bandeiras liberais até então hasteadas pelo seu governo.

Inimigos oportunistas por todos os lados

É importante entender por que esses rumores tendem a surgir. Paulo Guedes é um pilar de sustentação dentro do governo, que traz legitimidade frente ao mercado e a classe empresarial brasileira. Bolsonaro é um político com muitos rivais e inimigos – dentro e fora de Brasília – que asneiam por qualquer oportunidade para demolir essa pilastra, em busca de fragilizar o governo. Guedes também tem acumulado a sua quota-parte de desafetos, que adorariam expurgar à sua influência do Planalto; assim dando fim a sua defesa intransigente do liberalismo e da responsabilidade fiscal. Muitos desse adversários se aproveitam da avidez da mídia por manchetes chamativas e disseminam informações exageradas ou falsas na tentativa de criar intriga.

Pressão por extensão do auxílio continua a crescer

Hoje, começa a ser distribuída a última parcela prevista para o auxílio emergencial para trabalhadores informais. Com isso, a pressão por uma definição sobre o futuro da medida assistencialista ganha novas proporções. Os ganhos na popularidade do presidente, confirmados por três recentes pesquisas de aprovação, que resultaram da generosidade do governo federal, agregam à vontade do presidente de manter vivo o programa. Porém, como já destacamos várias vezes, o custo da manutenção do programa é impeditivo (R$ 50 bi/mês).

Não existe extensão sem risco

O governo possui algumas vias para estender o auxílio. A mais simples delas envolveria a edição de um decreto que simplesmente cria uma nova parcela, dispensado qualquer interferência do Congresso. Para conter o custo adicional (R$ 50 bi) da prorrogação, uma única parcela adicional seria distribuída. Contudo, caso a necessidade de manter o isolamento social continua além deste mês; e os beneficiários não poupem os recursos distribuídos, a pressão por uma nova parcela rapidamente surgiria.

Opção conta gotas

Outra opção sob estudo é um a redução das parcelas para um valor inferior, provavelmente de R$ 200. Assim, o governo não correria o risco ser forçado a retomar o assunto em algum momento futuro. Por outro lado, esta estratégia requer aprovação de um novo projeto no Congresso. O novo projeto primeiro daria a oposição uma oportunidade para remeter ao fato que a primeira proposta do governo, apresentada no final de março, sugeriu este mesmo valor “mesquinho”.

Atacar o fiscal e arriscar um presidente mais popular?

Após criticar o governo, a oposição buscaria imprimir a sua paternidade sobre proposta e, ao mesmo tempo, onerar ao máximo o governo, aumentando o valor novamente para R$ 500, como foi feito durante a passagem do projeto original pelo Congresso. O resultado seria uma oneração adicional de quase R$ 82 bi, apesar de que tal manobra certamente resultaria em um novo aumento da popularidade do presidente. Claro, o presidente ainda teria o poder de veto, fato que adiciona mais uma camada de complexidade para este jogo político. Em suma, seja qual for a via eleita pelo presidente para estender o auxílio ele assumirá algum tipo de risco.

Agenda

Às 8h, a FGV divulgou o seu monitor do PIB referente a junho e a 2ª prévia do IGP-M para o mês de agosto. O índice de preços continuou sobre pressão no segundo decêndio do mês, subindo 2,34% ante alta de 2,02% no mesmo período do mês anterior e de 1,80% projetada pelo mercado. Os principais responsáveis pela dinâmica altista dos preços tem sido a alta nos preços das commodities conjugada a um aumento relevante no preço dos combustíveis.

E os mercados hoje?

Mercados globais dão sequência aos ganhos angariados na 2ªfeira, na falta de grandes mudanças no quadro global. Investidores marginalizam a mais nova investida americana na disputa tecnológica travada com a China e mantém as suas atenções nas conversas por uma nova rodada de estímulos econômicos no Congresso americano. No Brasil, o mercado deverá reagir bem ao “fico” de Paulo Guedes; acompanhado da declaração do presidente de que a demissão do Ministro “nunca foi cogitada”. Resta saber se o mercado irá voltar a dar o benefício da dúvida ao governo, confiando que Guedes irá conseguir conciliar os anseios desenvolvimentistas do presidente com a manutenção do teto de gastos. De qualquer maneira, esperamos um dia de viés positivo para ativos de risco locais, com base na manutenção de uma dinâmica positiva lá fora e pelo alívio trazido pelos desenvolvimentos de ontem à tarde.

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