Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

Rejeitos industriais da maior mineradora de ouro do Brasil, a AngloGoldAshanti, vazaram no último sábado, dia 12 de março, poluindo o Córrego Cuiabá, localizado em Sabará, na Grande Belo Horizonte, em Minas Gerais. O material acizentado deixou as águas do Córrego Cuiabá totalmente turvas, segundo relato de moradores. A Preferitura de Sabará notificou e autuou a empresa – multinacional que é uma das líderes neste segmento, com sede em Joanesburgo, na África do Sul. Em nota enviada à Plurale, a AngloGoldAshanti admitiu o vazamento, mas reforçou que o “material não é tóxico”, que está “tomando todas as providências” e que o ocorrido não teria conexão com a sua barragem na região, “que está segura e intacta”.



Foto da Prefeitura de Sabará – MG

No sábado pela manhã, a Prefeitura de Sabará – assim que recebeu o aviso da empresa, por volta de 7h – enviou equipe de fiscalização ambiental para notificação da empresa, solicitação de mais esclarecimentos, detalhes quanto à segurança, coleta da água com os rejeitos liberados no leito e demais procedimentos legais que serão comunicados a toda a comunidade no decorrer da apuração dos fatos.

Moradores próximos da região atingida – ouvidos por Plurale – contam que notaram o vazamento na manhã de sábado, assim que acordaram. Que o Córrergo Cuiabá já estava totalmente acinzentado e que tiveram muito medo que fosse material tóxico e contaminante.

A Prefeitura de Sabará lavrou auto de infração para a empresa com base em vários incisos: ter causado poluição que possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição da flora; por ter lançado resíduos sólidos: por ter lançado poluentes nos mananciais sub superficiais e em poços profundos e por causar degradação ambiental mediante assoreamento de coleções d’água ou erosão acelerada. A AngloGoldAshanti também foi notificada que precisa acompanhar a qualidade da água nos trechos afetados pela ocorrência (Córrego Cuiabá, Córrego Gaia e Rio Sabará), com amostragens diárias, até que a qualidade da água retorne ao padrão anterior.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que os técnicos do (NEA) núcleo de emergência ambiental, da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), foram acionados pela empresa uma hora após o ocorrido. O resíduo que vazou – ainda segundo a Semad – é decorrente de um processo de secagem de minério, em que a água é reutilizada. O entupimento de uma bomba teria causado o problema. A nota destaca que “não houve vazamento em barragem” e que a empresa terá que apresentar relatório apontando o que causou a falha no sistema, as medidas para reparar os impactos ambientais e o cronograma de execução, com relatórios semanais. Copasa e Policia Militar do Meio Ambiente foram notificadas para acompanhar a situação e qualquer anomalia no curso d’água. Ainda de acordo com a Semad, serão pedidas análises da água a partir do local do vazamento, em toda a área afetada, que devem seguir os mesmos parâmetros adotados no licenciamento ambiental.

Plurale entrevistou o biólogo Guilherme Camponez, da região de Sabará (MG), da coordenção estadual do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). Ele denunciou a poluição no Córrego Cuiabá pela AngloGoldAshanti e advertiu que os seus impactos para os moradores e biodiversidade ainda não podem ser mensurados. “Foi muito grave. A água imediatamente ficou turva. Ainda serão necessários acompanhamentos e pesquisa para saber quais foram os danos. Lamentável que uma empresa deste porte cometa um crime como este.” Ele lembrou que neste dia 14 de março é Dia de Luta e ação dos Atingidos por Barragens. Sobre a questão das barragens da mineradora de ouro, o biólogo comentou que estas não estão na lista de maior risco da Associação Nacional de Mineração (ANM), mas, nem por isso, o assunto não merece atenção. “Por outras quatro vezes anteriormente, a AngloGoldAshanti disparou equivocadamente o sistema de alarmes de sirenes. Isso gerou grande pânico e insegurança para a população.” Camponez também frisou que é lamentável ver empresas multinacionais sem padrões de segurança e qualidade. “Não podemos confiar nas mineradoras. No caso de Samarco, por exemplo, diziam que a lama não era tóxica e vimos que era sim.”

Nota da AngloGoldAshanti (na íntegra) – “Informamos que hoje, dia 12/3, foi identificado um vazamento de material da planta da mina Cuiabá, em Sabará (MG), que atingiu o Córrego Cuiabá. Assim que identificado, o vazamento foi estancado. O material não é tóxico e é classificado como não-perigoso conforme as normas ambientais. Reforçamos ainda que a ocorrência não tem relação com a barragem Cuiabá que, por sua vez, se encontra segura e estável. Os órgãos públicos responsáveis foram comunicados e acompanham nossa atuação no caso. A AngloGold Ashanti lamenta o ocorrido e reforça seu compromisso com o meio ambiente. Em caso de dúvidas, estamos à disposição pelo nosso Canal de Relacionamento: 0800 72 71 500.”



Foto da Prefeitura de Sabará – MG

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