Segundo a pesquisadora Juliana Ferraz, que integra a equipe de ovos do Cepea, a alta este ano tem sido a mais acentuada desde o início da série histórica da instituição, que começou em 2013. “Nunca vimos subida tão forte na Quaresma”, confirma. Além da demanda reforçada em um período em que a população católica evita o consumo de carnes e o ovo é o substituto ideal, Ferraz comenta que a queda na produção, em função dos altos custos, também contribuiu para valorizar o produto.
“A produção caiu muito com a alta dos custos e os avicultores chegaram a operar com margens negativas em alguns casos”, continua. A alta das despesas foi puxada principalmente pelas cotações do milho e do farelo de soja, principais insumos da atividade, que representam cerca de 60% dos custos. Ferraz destaca, ainda, que os preços de embalagens e medicamentos também subiram “de forma bastante considerável”.
Nessa conjuntura, o estímulo para elevar o alojamento de aves e aumentar a produção de ovos foi reduzido, especialmente entre os pequenos produtores. “Eles optaram por reduzir sua capacidade produtiva e, por isso, o movimento de alta reflete a queda na disponibilidade de ovos.”
Ferraz destaca também que a demanda internacional pelo produto está crescendo, mas ainda é pouco significativa para o mercado e representa apenas 1% da produção. “É um volume baixo. Está evoluindo, mas ainda é muito baixo e não tem potencial suficiente para influenciar os preços no mercado doméstico”, diz.
Para o curto e o médio prazos, Juliana avalia que a produção seguirá ajustada à demanda. “Se os preços das embalagens e do farelo de soja não subirem, é possível ter algum tipo de baixa nas cotações, mas não tão significativo.”
Via de regra, ela explica que, com o fim do período de Quaresma, a demanda cai e os preços também. “Mas por causa das incertezas no cenário econômico mundial e do País, os produtores não sinalizam uma motivação para elevar o nível de alojamento”, diz. Por isso, Ferraz acredita que este ano a demanda e a oferta de ovos ficarão ajustadas se comparadas com os anos anteriores, “sem queda expressiva nos preços”.
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