Agenda lotada dá nisso. Muita informação para ser digerida e avaliada acaba deixando os mercados ainda mais voláteis. O dia para o mercado local pode ser expresso dessa forma, com a Bovespa entre a máxima e a mínima oscilando mais de 3 mil pontos e o dólar chegando a atingir R$ 5,42. Em nosso comentário de abertura de hoje, dizíamos que: “Aqui, já está mais que na hora de alguma recuperação no curto prazo ainda que não firme tendência. Mas o dia é complicado pela agenda lotada de eventos com capacidade de mexer com os mercados, safra de balanços do quarto trimestre e preocupação com covid-19. Aqui, quadro fiscal é preocupante”. Estávamos corretos!

No exterior, prevalece a corrida entre a contaminação por covid-19 e suas novas cepas (a encontrada no Brasil já está em oito países), contra a vacinação maciça das populações, principalmente idosos que requerem maior volume de internações hospitalares. Em países com processo vacinal mais adiantado, já se nota diferença positiva na contaminação e hospitalização. Nos EUA, Biden insiste querer vacinar um milhão de pessoas por dia, e já comprou mais vacinas para tal. Em compensação, no Reino Unido, Boris Johnson não consegue estabelecer quando irá relaxar as restrições, enquanto Portugal proibiu voos do Brasil.

Mas o que mexeu negativamente com o dia na Europa foi o indicador de confiança do consumidor GFK de fevereiro em queda forte para -15,6 pontos e o FMI declarando que o atraso no combate a pandemia pode trazer riscos para a recuperação e para as finanças globais. Já em Davos, a preocupação com o clima se fez mais presente e, nos EUA, o secretário John Kerry disse em coletiva que a resposta americana a crise climática vai mover os mercados nos próximos meses.

Outro fator importante no dia foi o encolhimento do estoque de petróleo nos EUA na semana passada, de 9,9 milhões de barris, revertendo queda do óleo no mercado internacional e impulsionando as empresas do setor, sobretudo melhorando nos EUA diante das pressões de Biden sobre o segmento. Nos EUA, as encomendas de bens duráveis cresceram 0,2% em dezembro com previsão de +0,8%, mas de qualquer forma o oitavo mês de alta.

Como esperado, o FED manteve a política monetária estabilizada, com juros entre zero e 0,25%, vai seguir usando as ferramentas para apoiar a economia, com compra de treasuries e títulos hipotecários. Seguirá assim até atingir a meta. No geral, não mudou muito o tom. O tom mais pessimista coube a Jerome Powell, avaliando os riscos e incertezas e falando sobre setores não respondendo ainda muito bem. Disse que vê futuro melhor, especialmente a partir do segundo semestre com vacinação massiva. Os mercados reagiram mal a essa preocupação e voltaram a piorar, incluindo a Bovespa.             

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,59%, com o barril cotado a US$ 52,92 (mas esteve bem mais alto). O euro era transacionado em US$ 1,21 em queda e notes americanos de 10 anos com taxa de juros 1,03%. O ouro e a prata em dia de queda na Comex e commodities com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China teve dia de recuperação de 0,92%, com a tonelada fechando em US$166,59.

No segmento local, o déficit em conta-corrente de 2020 foi de US$ 12,5 bilhões (dezembro com US$ 5,4 bilhões e investimentos diretos no país de US$ 34,17 bilhões). Gastos com juros do ano passado foram de US$ 21,1 bilhões e remessas de lucros e dividendos em US$ 17,2 bilhões. Investimentos em ações no Brasil negativo em US$ 4,6 bilhões. Na renda fixa, ingressaram somente US$ 41 milhões. O fluxo comercial de janeiro até 22/1 estava negativo em US$ 283 milhões e fluxo pelo canal financeiro positivo em US$ 3,65 bilhões. O déficit em conta-corrente interrompeu sequência de superávit, mas tem explicação em parte na renacionalização de equipamentos de petróleo.

A dívida pública federal (DPF) fechou o ano de 2020 em R$ 5,01 trilhões, com dezembro mostrando alta de 4,63%.  O prazo médio da dívida caiu para 3,57 anos e, em 12 meses, vence 27,6% do total. Os estrangeiros detinham 9,2% do total da dívida, sendo que em 2019 detinham 10,34%. Também foi divulgado o PAF de 2021 (plano anual de financiamento), com necessidade líquida de R$ 1,67 trilhão e a orientação de reversão no endividamento com alongamento de prazo nos próximos anos. Mas o governo mostra ter reserva de liquidez de seis meses, o que gera alguma tranquilidade de rolagem. Os vencimentos até abril montam a R$ 705,2 bilhões.

No mercado, dia de dólar encerrando em +1,51% e cotado a R$ 5,41. Na Bovespa, na sessão de 22/1, os estrangeiros ingressaram com R$ 949,6 milhões, deixando o saldo líquido positivo de janeiro em R$ 23,98 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 1,24%, Paris com -1,76% e Frankfurt com -1,81%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 1,41% e 1,47%. No mercado americano, o Dow Jones com -2,05% e Nasdaq com -2,61%. Na Bovespa, muita oscilação para encerrar em -0,50% e índice em 115.882 pontos. A agenda de amanhã está novamente lotada de eventos com capacidade de mexer com os mercados. Citamos no Brasil o IGP-M de janeiro, dados da PNAD contínua de novembro, a nota de política monetária e resultado do governo central de dezembro. Nos EUA, o saldo comercial de dezembro, revisão do PIB do quarto trimestre, atividade de Kansas e índice de indicadores antecedentes.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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