Não há setor econômico mais penalizado pela pandemia do novo coronavírus do que o das companhias aéreas. Apesar das valorizações registradas nos últimos pregões, as ações destas empresas estão entre as que tiveram maiores baixas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) neste ano.

Ao longo de 2020, até este segunda-feira (8), a ação da Azul havia despencado de R$ 58 para R$ 27, a da Gol de R$ 37 para R$ 23, e as ações da Latam na Bolsa de Nova York, de US$ 10,20 para meros US$ 2,95. Um sinal do mercado de que a crise assombrará as aéreas por muito tempo.

O transporte aéreo é o setor mais afetado pela crise. Nos Estados Unidos, por exemplo, os voos foram suspensos da noite para o dia, impactando imediatamente as empresas”, ilustra Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, plataforma de busca por investimentos que realiza ranqueamento de ações.

Com aeronaves no chão, rotas turísticas paralisadas e população deixando planos de viagem para o pé da lista de prioridades, a queda na demanda por voos em abril foi de 93,1%, conforme monitoramento da BB Investimentos. Para um setor ainda pouco pujante no Brasil, submetido a custos elevados e a um mercado limitado em quantidade de consumidores, é uma crise difícil de contornar.

No final de maio, a Latam anunciou recuperação judicial de suas operações no Chile, Equador, Peru, na Colômbia e nos Estados Unidos. A Azul já busca assessoria jurídica para resolver seus problemas financeiros. Levantamento da Yubb mostrou que no primeiro quadrimestre o setor aéreo foi o principal afetado na bolsa de valores brasileira (B3) por conta da crise do coronavírus.

“As pessoas não estão viajando e não há planos para a situação se normalizar. Aos poucos, a população vai voltar a trabalhar e a consumir. Entretanto, existem demandas prioritárias e, em um cenário de crise, há cortes daquilo que é considerado mais supérfluo. O setor de turismo não é considerado prioritário em um momento de recessão econômica”, detalha Pascowitch.

São ameaças que pesarão sobre os resultados financeiros do setor. Renato Melo, CEO da Trafega.com, startup que oferece solução de relacionamento entre aéreas e viajantes, acha que, mesmo com ajuda do governo, as companhias deverão se preparar para uma menor ocupação de aeronaves e trava nos preços das passagens.

“Se agora o novo normal será ter uma economia encolhida e viajantes ainda menos propensos a entrar em um avião, como as companhias aéreas irão conseguir se manter?”, questiona. “Só para lembrar, o dinheiro do governo não é infinito e tem um custo, que mais cedo ou mais tarde vai entrar nos balanços das empresas”, alerta, sobre a hipótese de pacote de socorro governamental.

Seu colega de Trafega, o executivo Eduardo Ibrahim afirma que as companhias aéreas precisam de pelo menos 80% de ocupação da aeronave para decolar sem prejuízo, portanto deverão repensar suas estratégias de precificação. “Em um cenário de baixa demanda ou de restrições sanitárias severas (como deixar livre o assento do meio), esse percentual não será atingido e vai valer mais a pena deixar o avião no chão”, afirma.

Este momento de ações em baixa e companhias sob risco podem servir de oportunidade para que investidores busquem ações das aéreas? Dependerá muito de seus objetivos com a aplicação, explica Carlos Müller, analista-chefe da Geral Asset.

“É um segmento que é melhor o investidor ter muita cautela, pois está sofrendo bastante para se recuperar”, afirma. Ele explica que esta recomendação se aplica principalmente a quem negocia ações pensando no curto prazo, já que em um horizonte mais distante as ações poderão voltar a subir e gratificar os valentes investidores dos tempos de pandemia.

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