A semana foi intensa para os investidores de renda fixa, com os juros futuros registrando uma abertura expressiva ao longo de toda a curva. Movimento que reflete o aumento da percepção de risco pelo investidor. Justificado pelo IPCA cada dia mais distantes da meta, cenário fiscal, turbulências políticas, bem como a relação dívida/PIB que piorou consideravelmente nas últimas semanas.

Dessa forma, o cenário de incerteza para o futuro em conjunto com a possibilidade de um novo ciclo de alta para Selic na contramão do mundo que inicia seus cortes de juros, o mercado pede mais prêmio nas taxas da renda fixa. O diferencial entre os contratos de janeiro de 2026 e 2034 saltou de 4,30 pontos-base (bps) na semana passada para 19,30 bps. Esse movimento acentuou a inclinação da curva, indicando que o mercado está reagindo a uma série de eventos tanto locais quanto internacionais.

Cenário internacional e o impacto no Brasil

Nos Estados Unidos, o PIB do segundo trimestre surpreendeu com um crescimento robusto, impulsionado pelo consumo das famílias. Esse resultado reforça a expectativa de um “pouso suave” para a economia americana, onde o crescimento desacelera sem entrar em recessão. Com isso, os investidores reduziram as apostas de um corte de 50 bps pelo Federal Reserve em setembro, focando agora em uma redução mais moderada de 25 bps. O índice de preços para gastos com consumo pessoal (PCE) aumentou 0,16% em julho, levemente abaixo das previsões, mas ainda suficiente para manter o mercado em alerta quanto às próximas movimentações do Fed.

Brasil: expectativas e reações do mercado

Por outro lado, aqui no Brasil, a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central a partir de 2025 chamou a atenção, junto com a fala de Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, que sugeriu um ajuste gradual na Selic. Esse tom “dovish” trouxe volatilidade ao mercado, interpretando que o discurso parece “forçar” a tentativa de recuperar a credibilidade de um Banco Central independente.

Além disso, na última semana o mercado também reagiu ao IPCA-15 de agosto, que subiu 0,19%, alinhado às expectativas. Já no âmbito político, a possibilidade de aumento nos gastos com programas sociais, como o Vale Gás, pressionou ainda mais os juros futuros e elevou o câmbio, fechando a semana a R$ 5,61 por dólar.

Como se preparar para a semana?

Para os investidores, é essencial ficar atento aos próximos dados econômicos. Nos EUA, o relatório de emprego (Payroll) e os PMIs dos EUA, Zona do Euro, Reino Unido e China devem trazer novas pistas sobre a direção das políticas monetárias. No Brasil, o PIB do segundo trimestre e a produção industrial de julho são os principais indicadores a serem observados.

Portanto, a diversificação é fundamental neste momento. Seja aproveitando os rendimentos elevados da renda fixa, como por exemplo no Tesouro Direto; como em ativos que se aproveitam da queda de juros no mercado internacional.

Com a volatilidade crescente e mudanças nas expectativas de juros, torna-se um bom momento para reavaliar suas opções de investimento. Para isso, acesse Clube Acionista e confira os relatórios atualizados de diversas fontes externas em um só lugar. Como carteiras recomendadas, análises de oportunidades e listas dos melhores investimentos de acordo com o consenso. Assim, facilitando suas decisões e ajudando você a navegar por esses tempos incertos com mais confiança.

Boletim Focus (02.09.24): alta do IPCA pela sexta semana seguida

Revisões dos dados e projeções do Boletim Focus. Divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central do Brasil contendo resumo das expectativas de mercado a respeito de alguns indicadores da economia brasileira.

IPCA/24:ALTA de 4,25% para 4,26%
IPCA/25:ALTA de 3,93% para 3,92%
PIB/24:ALTA de 2,43% para 2,46%
PIB/25:QUEDA de 1,86% para 1,85%
CÂMBIO/24:ALTA de R$ 5,32 para R$ 5,33
CÂMBIO/25:continua em R$ 5,30
SELIC/24:continua em 10,50%
SELIC/25:continua em 10,00%
Fonte: Banco Central – Boletim Focus

Rendimentos dos títulos do Tesouro Direto

Alta volatilidade nos rendimentos dos títulos públicos impacta a rentabilidade anual e o preço unitário – se a taxa sobe, o preço cai e vice-versa – .

Em comparação com a semana anterior as alterações com maior destaque são:

TítuloTaxa de 26/08 a 02/09Preço de 26/08 a 02/09
Prefixado/31ALTA de 11,62% para 12,25% hojeQUEDA de R$ 497,79 para R$ 483,44
IPCA+2029ALTA de 6,15% para 6,33% hojeQUEDA de R$ 3.263,54 para 3.241,66
IPCA+2045ALTA de 6,10% para 6,19% hojeQUEDA de R$ 1.274,81 para 1.254,22

Fonte: Tesouro Direto 02/09/2024

O que é a taxa Selic e por que ela é importante?

Taxa Selic é a principal taxa de juros da economia brasileira, influenciando outras taxas e investimentos. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, costuma ter relação inversa com o movimento dos juros, ou seja, quando um sobe, o outro tende a cair – e vice-versa.

Basicamente, ocorre porque altas taxas tornam o dinheiro mais caro, prejudicando empresas que dependem de investimentos. Quando a taxa Selic cai, o acesso ao dinheiro (via financiamentos, por exemplo) aumenta, impulsionando investimentos de renda variável e, consequentemente, no valor das ações.

Portanto, acompanhar quais serão os próximos movimentos da Selic se torna importante para o investidor. O Comitê de Política Monetária (Copom) a define a cada 45 dias, considerando indicadores como inflação, dólar, emprego e renda, bem como o impacto na economia do país.

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