Em um mundo em constante transformação onde a tecnologia se desenvolve e cria novos ecossistemas, é natural que as empresas enfrentem (e gerenciem) incertezas. E a medida que o mundo muda, as demandas dos stakeholders também mudam. E para entender os cenários e tomar decisões assertivas nada mais recomendável do que pesquisar a visão de autores reconhecidos na área da gestão empresarial.    

Hoje vou compartilhar a percepção de Andrew Winston sobre sustentabilidade. Ele é um dos principais pensadores de gestão do mundo com um posicionamento singular sobre sustentabilidade em tempos de mudanças. É também coautor do livro Net Positive: How Courageous Companies Thrive by Giving More Than They Take (Harvard Business Review Press, 2021) que numa tradução livre seria “Positivo líquido: como empresas corajosas prosperam dando mais do que recebem”. A obra explica como as companhias do futuro lucrarão solucionando os problemas do mundo, em vez de criá-los. Em outras palavras, propõe uma gestão empresarial no qual se dá mais à economia, ao meio ambiente e à sociedade do que se retira. 

Nos últimos 20 anos em que trabalhou junto a grandes empresas, ele relata que viu muitos termos aplicados na agenda de negócios para falar de sustentabilidade: conformidade, ecoeficiência, responsabilidade social corporativa, investimento socialmente responsável, regenerativo, líquido zero, líquido positivo e outros mais. Mas foi o ESG que conseguiu reunir tudo isso em 3 letras, o que rendeu um potente poder de comunicação pelo pragmatismo do que representa. Mas além do poder de síntese dessas 3 letras, o que realmente empoderou o ESG foi a inclusão da comunidade de investidores na agenda da sustentabilidade. Não seria possível obter impulso na sustentabilidade corporativa com os investidores à margem porque segundo Andrew, os CEOs não sentem muita pressão, a menos que os investidores queiram algo.

A chegada dos investidores vem confirmar a grande tendência por negócios alinhados a sustentabilidade. Para ele, grandes tendências atraem muito dinheiro, e a mudança para uma economia livre de carbono por exemplo é uma tendência “tão grande quanto necessária”. E com todas essas forças chegando, os investidores vieram para ficar.

Andrew listou 3 grandes razões pelas quais os investidores estão na mesa de negociação a favor das questões defendidas pela sustentabilidade. São eles:

  1. O risco sistêmico que a mudança climática representa. As secas, inundações, incêndios e tempestades que destroem comunidades e interrompem cadeias de suprimentos já são uma realidade. São riscos reais para os negócios, e os reguladores estão agindo rapidamente para que as empresas entendam e relatem seus impactos relacionados ao clima em suas operações e estratégias.
  2.  Os investidores estão sentindo a pressão de seus stakeholders principalmente dos membros mais jovens das famílias ricas, que estão dizendo a seus pais e avós: “OK, temos muito dinheiro, mas com qual objetivo?”
  3. A oportunidade econômica. A mudança para a economia limpa está se acelerando e os mercados multibilionários estão no jogo criando mudanças radicais em energia, transporte, alimentos e agricultura, materiais, produtos de consumo, finanças e outros. 

E para não perdermos a oportunidade de refletir sobre a visão deste importante pensador da gestão, selecionei os principais recados de Andrew Winston que todo profissional de sustentabilidade, membro de conselho ou CEO deve ter no seu radar. São eles:

  1. Em um mundo em constante transformação onde a tecnologia se desenvolve e cria novos ecossistemas todos serão afetados, mas alguns mais do que outros.
  2. verdadeiro trabalho da sustentabilidade – não apenas o preenchimento de questionários ESG intermináveis ​​– continuará
  3. Existem claras ameaças existenciais à humanidade, particularmente a mudança climática e a desigualdade, e esses problemas já estão custando dinheiro real às empresas e à sociedade. O custo de não fazer nada está aumentando. 
  4. As normas estão mudando. E quando as normas e valores sociais mudam, eles não voltam facilmente.
  5. As partes interessadas, especialmente os clientes e funcionários jovens, desejam cada vez mais que as empresas atuem em temas sensíveis. 
  6. Os desafios que enfrentamos não são mais modelos teóricos para debater. Eles estão aqui agora – e as gerações que assumem a força de trabalho sabem disso. 
  7. O ESG será criticado por políticos e investidores contrariados, mas o trabalho subjacente para avançar para um futuro próspero continuará a acelerar.
  8. Precisamos claramente imbuir o ESG de significado. Precisamos de ESG sustentável, regenerativo ou líquido positivo. Esses termos precisam de detalhamento, mas pelo menos eles dizem algo sobre a direção na qual você está indo.
  9. Se as emissões de carbono da sua empresa estão diminuindo rapidamente, se está pagando salários dignos, trabalhando em seu setor para encontrar soluções maiores, fazendo lobby para os tipos de políticas que ajudam a criar mudanças sistêmicas, trabalhando para defender a democracia e a ciência e assim por diante. Se adotou a ideia de se tornar uma empresa “regenerativa” – e se isso motiva a sua organização, ótimo está no caminho certo.
  10.  A porcentagem de empresas do S&P 500 que incluem métricas ESG em planos de remuneração aumentou para 70% em 2022, acima dos 57% do ano anterior, com medições de pegada de carbono e diversidade e inclusão crescendo mais rapidamente. O que confirma a grande tendência por negócios alinhados a sustentabilidade

Fonte: Diligent Institute e Spencer Stuart

As grandes tendências atraem muito dinheiro e os fundos ESG tiveram uma grande performance nos últimos anos. E apesar da onda anti-ESG americana os fundos ESG continuam fortes.

Outro ponto a ser destacado se trata da pesquisa da Diligent Institute em parceria com a Spencer Stuart, (consultorias especializadas) apontando que 56% das empresas europeias enxergam o ESG como uma oportunidade, em comparação com apenas 30% nos Estados Unidos. Mas em contrapartida, as empresas americanas são mais propensas a considerar o ESG como risco, com 34% expressando essa visão versus 13% das empresas europeias.

A União Europeia respondeu por 83% dos ativos de fundos ESG no final de 2022 e os EUA por 11%. Sendo a UE o terceiro maior PIB mundial em torno de U$ 16,64 Trilhões – ficando atrás apenas dos Estados Unidos (US$ 25,46) e China (US$ 17,96) segundo dados atuais do Banco Mundial – é considerável o impacto na economia global a partir da sua adesão e apoio ao ESG.

São fatos que consolidam o entendimento de que a sustentabilidade é um bom negócio e que as forças que a impulsionam não vão desaparecer. Dito isso, melhor planejar o futuro de olho nas oportunidades dos negócios alinhados a sustentabilidade.

Fontes:

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br