Após o pregão de ontem, a empresa divulgou seus resultados do 1T20, que mostraram redução da receita e margens operacionais em relação ao mesmo período de 2019. Porém, o fator preponderante para o grande resultado negativo foi o impacto da desvalorização do real no custo da dívida.

No 1T20, a Braskem sofreu um prejuízo de R$ 3,6 bilhões (R$ 4,58 por ação), 24,9% maior que no trimestre anterior e revertendo o lucro de R$ 928 milhões do 1T19.

O resultado da unidade de negócios do Brasil no 1T20, sempre comparando ao 1T19, foi beneficiado por melhores preços em reais e maiores vendas no mercado interno, que cresceram de 71% do total para 76%. Com isso, a receita líquida aumentou 27,0% em reais (+7,9%) em dólares. Porém, elevações de custos das matérias-primas, levaram uma queda da margem bruta em 5 pontos percentuais. A margem EBITDA no período foi beneficiada pela redução de despesas operacionais (49,4%) e caiu somente 2 pp. O EBITDA do trimestre desta unidade foi de R$ 1.049 milhões (US$ 233 milhões), que caiu 5,4% (-20,7% em dólares).

Nos Estados Unidos e Europa, houve aumento de vendas das resinas (4,8%), mas a queda dos spreads (diferença entre o preço das resinas e da matéria-prima) levou à redução de 2,9% na receita e de 26,7% no lucro bruto. A forte diminuição nas despesas operacionais (30,4%) permitiu uma redução menor (1 pp) da margem EBITDA da região. O EBITDA no trimestre nesta unidade ficou em US$ 62 milhões, valor 13,9% que no ano passado.

No México (Braskem Idesa), as vendas foram positivamente impactadas pela melhoria no fornecimento de etano (matéria-prima que faltou nos últimos trimestres), tendo crescido 1,9%. Porém, isso não permitiu compensar a forte queda nos spreads, levando o EBITDA no México a cair 21,0% para US$ 79 milhões.

Com as reduções de rentabilidade em todas as regiões, o EBITDA consolidado no 1T20 foi de R$ 1.313 milhões, 61,3% menor que 1T19, mas 25,4% acima do trimestre anterior.

A geração livre de caixa no 1T20 foi negativa em R$ 524 milhões, contra números positivos de R$ 292 milhões no 4T19 e R$ 130 milhões durante o mesmo trimestre do ano passado. Esta redução na geração de caixa ocorreu pela variação negativa do capital de giro (maiores estoques), dada pela desvalorização do real e do aumento nos investimentos, principalmente com a nova planta de polipropileno nos Estados Unidos.

A elevada desvalorização do real no 1T20 (29,0%) foi determinante para o prejuízo do período. No 1T20, o resultado financeiro foi negativo em R$ 3,8 bilhões, principalmente devido às variações monetárias de R$ 3,1 bilhões; não compensadas pelo instrumento de Hedging Accounting. Sem as variações cambiais, este resultado seria negativo em R$ 731 milhões, 82,8% maior que no 1T19, principalmente pelas maiores despesas com juros (58,3%).

A dívida líquida (sem considerar a Braskem Idesa) a o final do 1T20 era de US$ 5,9 bilhões, 14,7% maior que no 1T19 e 10,0% acima do 4T19. A dívida bruta da empresa era 96,9% denominada em dólares ao final do trimestre (96,4% no 1T19). A relação dívida líquida/EBITDA em março/2010 era de elevadíssimas 6,8x, sendo que esta relação era 3,7x no trimestre anterior e 2,0x no 1T19. Este forte aumento por novas captações de dívida e pela redução expressiva no EBITDA.

Em 2020, BRKM5 caiu 1,6%, bem menos que o Ibovespa, que teve uma desvalorização de 21,3%. A cotação da ação no último pregão (R$ 29,38) estava 24,7% abaixo da máxima alcançada em 2020 e 193,8% acima da mínima.

GUIDE INVESTIMENTOS: BRASKEM (BRKM5) divulga resultados do 1T20

A Braskem divulgou seus resultados referentes ao 1T20. E entre os principais destaques, estão:

• No trimestre, o volume de vendas de resinas e químicos reciclados globalmente foi de 1.200 toneladas, representando um aumento de 154% ante ao 1T19;

• A Receita Líquida atingiu R$ 12,6 milhões, queda de 17% vs. 1T19;

• O EBITDA foi de US$ 294 milhões, 22% superior ao 4T19, explicado (i) pelo maior volume de vendas de resinas no mercado brasileiro, de PP nos Estados Unidos e Europa e de PE no México; e (ii) por menores despesas com vendas, gerais e administrativas. Com relação ao 1T19, ele foi 34% menor;

• A cia registrou prejuízo líquido de R$ 3.649 milhões em função, principalmente, do impacto da variação cambial no resultado financeiro dada a depreciação do real frente ao dólar sobre a exposição líquida no
montante de US$ 2.407 milhões e do peso mexicano frente ao dólar sobre o saldo devedor do mútuo da Braskem Idesa no montante de US$ 2.255 milhões em 31 de março de 2020;

• A alavancagem corporativa, medida pela relação dívida líquida/EBITDA em dólares, foi de 5,84x, vs. 4,17x no 4T19.

Destaques por região:

Brasil

• O EBITDA do Brasil foi de US$ 233 milhões (R$ 1.049 milhões), 214% superior ao 4T19, representando 62% do consolidado de segmentos da Companhia. O aumento do EBITDA é explicado principalmente pelas menores despesas relacionadas à Alagoas. Ante ao 1T19, a redução do EBITDA se deu em função do aumento de CPV dado o maior custo da nafta no 1T20;

• A receita líquida sofreu aumento de 22% em relação ao 4T19, explicado pelo maior volume de vendas de resinas e químicos no mercado brasileiro. Ante ao 1T19, o aumento (8%) na receita líquida foi devido a depreciação do real frente ao dólar;

• Demanda de resinas no mercado brasileiro (PE, PP e PVC): crescimento (3%) em relação ao 1T19, ainda em função da retomada da economia brasileira, principalmente nos setores de construção civil, bens de consumo,
embalagens e agronegócio. Já em relação ao 4T19, o aumento (7%) se deu em função da sazonalidade do período;

• Vendas dos principais químicos: no mercado brasileiro, as vendas se mantiveram em linha com o 4T19 e apresentaram queda (-10%) ante ao 1T19 em função da menor disponibilidade de produto dada a queda de
utilização da central petroquímica no Rio Grande do Sul.

Europa e EUA

• O EBITDA foi de US$ 62 milhões (R$ 277 milhões), 33% superior ao 4T19, representando 17% do consolidado de segmentos da Companhia. O melhor desempenho no trimestre pode ser explicado, principalmente, pela normalização das taxas de utilização nos Estados Unidos e pelo movimento de estocagem da cadeia na Europa face às incertezas quanto à crise do COVID-19. Com relação ao 1T19, a redução no EBITDA foi em função de menores spreads de PP;

• A construção da nova planta de PP atingiu progresso físico de 98,4% ao final do primeiro trimestre, com investimento total já realizado de US$ 634 milhões. No trimestre, a Braskem América importou 8 mil toneladas de PP da Braskem no Brasil, para continuar o pré-marketing de vendas da nova planta;

• Demanda de resinas: nos Estados Unidos e Europa, a demanda de PP foi 1,2% e 9,1% superior ao 4T19, respectivamente, devido ao movimento de estocagem da cadeia de clientes, além do aumento da demanda de
aplicações médicas e embalagens. Em relação ao 1T19, a demanda nos Estados Unidos e Europa de PP foi 10% e 5,8% menor, respectivamente, em função do fraco desempenho da economia global como resultado da
pandemia do COVID-19;

• A receita líquida sofreu aumento de 15% em relação ao 4T19 explicado pelo maior volume de vendas tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Ante ao 1T19, a queda (-3%) na receita líquida foi devido, principalmente, aos menores spreads de PP. Em reais, a receita foi superior dada a depreciação do real frente ao dólar entre os períodos.

México

• O EBITDA foi de US$ 79 milhões (R$ 354 milhões), 2% superior ao 4T19, representando 21% do consolidado de segmentos da Companhia. A melhora no EBITDA é explicada, principalmente, pelo maior volume de vendas
de PE em função da maior disponibilidade de etano. Em relação ao 1T19, a queda no EBITDA foi em função do menor spread de PE na região;

• No trimestre, a Braskem Idesa importou 12,6 mil toneladas de etano dos Estados Unidos, a fim de compensar parcialmente o menor fornecimento de etano pela Pemex, o que resultou em um aumento na taxa de utilização
do Complexo Petroquímico do México no período;

• Demanda de PE no mercado mexicano: a demanda de PE no México foi superior (2%) em relação ao 4T19, devido ao movimento de estocagem da cadeia além da maior demanda interna. Com relação ao 1T19, a demanda manteve-se em linha;

• Volume de vendas: aumento em relação ao 4T19 (3%) e ao 1T19 (2%) devido à maior disponibilidade de produto para venda;

• A Receita Líquida sofreu de 3% aumento em relação ao 4T19, devido ao maior volume de vendas. Com relação ao 1T19, a receita foi menor (-14%) em função do menor preço de PE no mercado internacional. Em reais, a receita foi superior dada a depreciação do real frente ao dólar entre os períodos.

Impacto: Marginalmente positivo. O prejuízo se deu por conta da dívida em dólar da companhia. Em geral, seu resultado veio em linha, com speads do segmento petroquímico subindo no Brasil e ainda estáveis nos EUA e México. Esperamos resultados melhores para Braskem, que após passar por um ano de 2019 difícil, começa a demonstrar melhores resultados, principalmente com a melhora dos spreads. A tendência deve se manter positiva em meio aos preços mais baixos do petróleo (principal parâmetro para o preço da nafta) e recuperação da demanda global.

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