Fonte: MSCI

O ESG continua sendo assunto de grande interesse para mercados e governos dado ao seu grande potencial de transformação impactando a economia dos países e das regiões.

Investidores e empresas devem se manter atualizados em relação a evolução da regulação e da classificação dos investimentos sustentáveis em fontes oficiais e importantes, tais como: a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos – SEC, a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Européia (CSRD) e o International Sustainability Standards Board (ISSB). A União Europeia está mais avançada nesse processo, mas ainda requer consensos. Nos EUA, o fator ESG se tornou político com o movimento anti-ESG, e em outros continentes o interesse cresce alavancado pelas interconexões da economia global. Não importa o local onde se estabeleceu determinada regulação, a cadeia de valor acaba integrando todos os continentes.  

Entender a pontuação ESG é fundamental para escolher ou ser classificado como investimento sustentável. Mas nada é tão simples. A começar pela falta de padronização. Não existe um sistema único de pontuação para todo tipo de empresa, e cada agência de classificação tem sua metodologia de avaliação.

As Agências de Classificação avaliam e pontuam a gestão de uma empresa em relação a sua exposição aos riscos e oportunidades ESG financeiramente relevantes, e como elas gerenciam esses riscos e oportunidades em relação aos seus pares (comparação de desempenho ESG entre empresas do mesmo setor). Esse fator é muito importante porque existem setores mais ou menos avançados nas questões sociais, ambientais e de governança, o que determinará maior ou menor dificuldade em se atingir melhores pontuações ESG beneficiando organizações de setores menos avançados nestas questões. Esse ponto é relevante e requer atenção redobrada dos investidores e executivos porque podem gerar resultados polêmicos.

Tivemos recentemente o caso da Tesla gerando a revolta de Elon Musk ao ver sua empresa com menor pontuação do que uma empresa do setor de Tabaco. Artigo publicado ontem (13/06), no Washington Free Beacon apontou que os últimos rankings ESG da S&P Global deram ao fabricante de veículos elétricos Tesla uma pontuação de 37 – e à gigante do tabaco Philip Morris pontuação 84. Já a Bolsa de Valores de Londres deu à British American Tobacco uma classificação ESG de 94, e a Tesla uma classificação e 65 pontos. 

Outro ponto relevante que derruba pontuação das empresas é a forma como elas lidam com as questões sociais. Por exemplo, o “S” em ESG, as empresas normalmente se limitam a programas de diversidade convencionais e não ousam em questões arrojadas de maior impacto. A Philip Morris International em 2021 anunciou uma parceria com cientistas de dados africanos e obteve pontuação social de 84 da S&P Global. Já a Tesla obteve apenas 20. Por essas e outras questões, surgem duras críticas na estrutura de pontuação ESG. Seus críticos alegam falha grave para avaliar adequadamente as empresas com base em suas contribuições socioambientais.

Fonte: MSCI

A seguir alguns pontos de destaque em relação as diferentes formas de pontuação ESG pelas agências de classificação:

  • Algumas agências adotam score numérico de 1 a 100 ou 1 a 10 (quanto maior o score, melhor o desempenho e vice-versa)
  • Algumas agências adotam letras AAA (melhor performance) a CCC (pior performance)
  • Os fatores avaliados e como eles são ponderados variam de acordo com a metodologia de cada agência

Existem várias agências de classificação com padrões diferentes de análise para pontuação ESG. O índice MSCI ESG avalia os seguintes pontos nas seguintes métricas:

Métricas ambientais: São avaliados o desempenho da empresa em relação as mudanças climáticas, uso do capital natural, emissão de poluição e resíduos, e aproveitamento das oportunidades ambientais

Métricas sociais: As agências avaliam como a empresa gerencia seus relacionamentos com as partes interessadas. Salário Justo, Comércio Justo, Relações com a comunidade, com a imprensa, com os fornecedores, consumidores e acionistas, entre outros.

Métricas de governança:  São analisados o comportamento da organização sob os princípios de diversidade, equidade e inclusão (DEI), da ética nos negócios, da remuneração executiva e da transparência fiscal, entre outros fatores.

Quando as agências calculam as pontuações ESG em números 1 a 100, temos os seguintes níveis de classificação:

  • Excelente: Pontuação a partir 70.
  • Bom: Pontuação entre 60 e 69.
  • Média: Pontuação entre 50 e 59.
  • Ruim: Pontuações abaixo de 50. 

E quando adotam letras temos a seguinte classificação: 

  • AAA ou AA: Essas designações de letras representam empresas que são líderes do setor em padrões ESG. 
  • A, BBB ou BB: Essas designações de letras representam empresas que se alinham com a média do setor ao atender ou definir padrões ESG. 
  • B ou CCC: Essas empresas precisam estar em dia com as normas do setor em relação aos padrões ESG. 

Mas os desafios não se encerram no entendimento da pontuação ESG. Há necessidade de um alinhamento com os principais objetivos dos investimentos. A seguir, algumas das maiores agências que divulgam classificações ESG com observações para os quais suas classificações possam ser mais indicadas.

  • Abrangente: MSCI, S&P Global e Sustainalytics avaliam questões ambientais, sociais e de governança de forma parecida. Mas ainda assim existem diferenças significativas entre o sistema de classificação de cada agência.
  • Ambiental: Para investidores preocupados com as mudanças climáticas, a dica é consultar as classificações do Carbon Disclosure Project (CDP) onde as empresas só podem obter uma classificação CDP se responderem a uma pesquisa solicitada por um acionista.
  • Governança: Os Quality Scores de Governança do Institutional Shareholder Services (ISS) classificam as empresas de acordo com as métricas de governança dentro dos padrões ESG.

Apesar dos esforços para um aprimoramento nos critérios de avaliação, as críticas em relação as regras de atribuição das notas e a falta de padronização entre agências acabam por fortalecer o movimento anti ESG. E com um olhar mais apurado identificamos críticas legítimas que fazem parte do aprimoramento natural do processo e outras passíveis de questionamentos sobre a sua real intenção e legitimidade.

Medir o impacto, risco e potencial de crescimento de uma empresa sob a ótica ESG é uma tarefa complexa que as agências de classificação se propõem para ajudar os investidores nas suas escolhas e as empresas nos seus objetivos. Não existe um padrão acordado para essa medição, e mesmo que existisse, poderia não estar alinhado com os valores de todos os investidores e empreendedores. Portanto apesar das críticas, a classificação ESG tem se mostrado útil como parte integrante de um mercado livre.  E entendê-la é fundamental.

Fontes:

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br