Ontem tivemos mais um dia de queda para todos os principais mercados de risco do mundo, o motivo é o noticiário ruim sobre aumento da contaminação pelo coronavírus. Também tivemos projeções horrorosas sobre desaceleração da economia global, especialmente ao longo do primeiro semestre do ano e com enorme preocupação sobre países emergentes.

Resultado disso é Bovespa encerrou com queda de 2,81%, com o índice em 70.966, mas com Petrobras e Vale se destacando com altas, assim como as produtoras de proteína. Nos EUA, o Dow Jones teve queda ainda pior de 4,44% e o Nasdaq com perda de 4,41%. O dólar por aqui fechou com novo recorde nominal, em alta de 1,27% e cotado a R$ 5,263, mesmo com atuação do Bacen fazendo rolagem e vendendo dólar em operação à vista de US$ 645 milhões.

Hoje mercados em dia de boa recuperação na Ásia, exceto Tóquio com -1,37%, Europa com bom início positivo e acelerando e futuros do mercado americano operando no campo positivo. Aqui precisamos retornar aos 78 mil pontos do Ibovespa para desanuviar o quadro de tensão de curto prazo. O dólar também pode ter algum alívio por conta do petróleo em forte alta no mercado internacional.

Ontem a Receita Federal e a equipe econômica deram entrevista coletiva para explicar as medidas que estão sendo tomadas e anunciadas por Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes. Haverá total desoneração de IOF (imposto sobre operações financeiras) nas operações de crédito, a entrega da declaração de IRPF de 2019 foi postergada par 30/6 e foram diferidos o PIS, Pasep, COFINS e contribuição patronal; dentre outros tributos.

Finalmente Bolsonaro sancionou o auxílio emergencial com três vetos e a medida atinge 25 milhões de trabalhadores e 143 mil com trabalho intermitente. Na Câmara, a PEC do orçamento de guerra começa a avançar, e será bem positivo separar o que é circunstancial por conta do combate ao covid-19, do que é gasto estrutural. Depois vai ficar mais fácil e transparente ajustar a economia para as reformas que são absolutamente essenciais para a economia brasileira.

Mas o que mexeu mesmo com os mercados foi as declarações do presidente Trump, mencionando que a Rússia e a Arábia Saudita podem conseguir um acordo sobre produção de petróleo e preços (Há forte pressão de países petróleo dependentes) e ainda dizendo que sabe como resolver. Trump tem reunião com petroleiras nessa sexta-feira. A China também divulgou que pretende acelerar compras de óleo para suas reservas estratégicas.

No México, o governo suspendeu por 30 dias as atividades não essenciais e Boris Johnson pediu novamente que as pessoas fiquem em casa. Já na zona do euro, a inflação medida pelo PPI (atacado) foi negativa em 0,6%, de previsão de -0,4%. Aqui, o IPC da Fipe de março desacelerou para +0,10, deixando a inflação do trimestre em +0,50% e em 12 meses em 3,22%.

No mercado internacional, dia de petróleo WTI negociado em NY em alta de 10,19%, com o barril cotado a US$ 23,38. O euro era transacionado em queda para US$ 1,092 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,59%. O ouro e a prata mantinham altas na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.

Na agenda do dia, atenção com os pedidos de auxílio-desemprego na semana anterior nos EUA que devem ter subido novamente com força. Também teremos as encomendas à indústria de fevereiro e o saldo da balança comercial.

Expectativa de Bovespa em boa alta (ADRs de Petrobras subiram 8%), dólar podendo ficar mais fraco e juros em alta.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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