Rumo ao topo! No caminho para a consolidação absoluta no segmento de calçados, bolsas e acessórios no varejo brasileiro, a Arezzo&Co (ARZZ3) optou por não parar por aí e expandir para outras áreas do setor, como vestuário.
A solução foi “Simples”
Para isso, a solução encontrada foi adquirir uma marca referência nesse segmento, e a escolhida foi a Reserva, comprada ao final de 2020 por mais de R$ 700 milhões.
A empresa carioca, até então, focava suas operações em vestuário e calçados masculinos, porém, capitalizada, expandiu sua marca para o vestuário feminino, com a chamada Reversa, e agora para a moda básica, com a marca Simples.
“O movimento é mais um passo dado para expandir o mercado endereçável da Arezzo e criar um novo concorrente para empresas como a Hering, que foi adquirida recentemente pelo Grupo Soma (SOMA3) e que registrou um faturamento de R$ 550 milhões no segundo trimestre deste ano”, disse Victor Bueno, analista de ações da Nord Research.
Com a nova marca, a Reserva passa também a atender diferentes públicos, deixando de focar somente nas classes A e B1 para fornecer produtos para as classes B2 e C1.
Um player com maior poder de fogo
Com duas grandes marcas por trás (Reserva e Arezzo), uma maior escala e um poder de fogo maior comparado a concorrentes menores, a Simples já vem apresentando bons números antes mesmo de ser lançada oficialmente.
Para avaliar a aceitação, a marca realizou um teste de uma assinatura trimestral em que o cliente recebe uma camiseta básica por cerca de R$ 90. O resultado? Mais de 20 mil assinantes no período.
Para Bueno, com a nova marca, a Arezzo fortalece a sua vertical de vestuário e abre espaço para a Reserva atingir uma relevância ainda maior nos resultados consolidados.
“Atualmente, a Reserva representa ¼ do faturamento total da varejista, mas a tendência é que, com os movimentos realizados recentemente, esse número se aproxime da participação da própria marca Arezzo, que é de 30%”, comenta o analista.
Pontos de atenção
Apesar de a Arezzo poder estragar parte da festa da Hering, é importante observar três pontos de atenção:
- i. A Arezzo possui uma maior resiliência por conta da diversificação de suas operações, mas atua em um dos setores mais sensíveis ao cenário macro. Em momentos de pressão inflacionária e alta dos juros, os resultados da companhia podem acabar sendo impactados negativamente e as ações podem acabar sofrendo no curto prazo.
- ii. Notamos que a empresa mostra competência em seu negócio principal, tornando-se o principal competidor no setor. Por mais que seja positiva a entrada em outros segmentos, ainda é preciso ver os frutos no médio~longo prazo.
- iii. Por fim, a Arezzo parece possuir bastante apetite por movimentos inorgânicos (aquisições). Em vista disso, é preciso se atentar para as sinergias que estão sendo geradas entre a companhia e as recém-adquiridas (além de observar também as aquisições que podem acontecer no futuro e como elas poderão contribuir para o crescimento da companhia).
Desempenho das ações
Diferentemente de outras empresas do setor, as ações da Arezzo estão acompanhando de perto o crescimento de resultados que a companhia vem entregando ao longo dos últimos anos.
Com as altas recentes, os papéis da varejista passaram a ser negociados por cerca de 16x EBITDA, o que não traz tanta margem de segurança de que o preço atual compensa os riscos e incertezas do negócio.
Porém, como já dito, a Arezzo vem demonstrando ter uma gestão altamente eficiente e, mesmo já sendo líder no principal mercado que atua, ainda existe espaço para entrar em outros segmentos e expandir seus novos negócios.
Em resumo, consideramos uma empresa para deixar no radar e acompanhar a visibilidade de crescimento no longo prazo.
Neste momento de bastante incerteza macroeconômica, preferimos ficar de fora e aguardar uma melhor relação múltiplo x crescimento daqui para frente.