A Espaçolaser (ESPA3) anunciou ao mercado que fará um aumento de capital com emissão de novas ações.

A operação será privada, ou seja, destinada inicialmente apenas aos acionistas — que não têm muito o que comemorar.

Pouco mais de um ano e meio depois de levantar R$ 2,6 bilhões na bolsa, a rede de lojas de depilação pretende obter mais R$ 225 milhões, com a emissão de até 117,1 mil novas ações ordinárias.

Em comunicado enviado ao mercado, a empresa disse que desta vez os recursos serão utilizados para reforçar o caixa e reduzir sua alavancagem financeira.

As dificuldades atuais do negócio


A Espaçolaser acumula queda de -83% desde a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em fevereiro do ano passado.

Como se não bastasse, a empresa ainda tem um endividamento que passa dos R$ 700 milhões.

A analista da Nord Research, Danielle Lopes, aponta que a companhia não conseguiu entregar o resultado prometido no prospecto do IPO e os próximos resultados não serão animadores.

“A relação dívida líquida sobre o Ebitda, antes próximo de 4 vezes, está em um nível de 3 vezes — normal para a média do mercado —, porém nós estamos em um ambiente de juros altos, o que eleva os custos com as despesas, diminuindo os lucros da companhia. Isso é preocupante porque a geração de caixa não aumentou e o nível de endividamento piorou”, explica Lopes.

Megadesconto em nova oferta de ações


Para convencer os acionistas, os papéis serão ofertados por R$ 1,92, com desconto de -20% sobre o preço do fechamento de terça-feira, 30, que foi de R$ 2,40.

Acionistas que não acompanharem o aumento de capital serão diluídos entre 15,35% e 32,42%.

Com uma dívida pesada, não enxergamos com bons olhos o deságio de -20% na nova oferta de Espaçolaser, uma vez que as ações acumulam queda de quase -90%.

“Vemos como uma atitude de desespero da empresa para que o acionista compre mais ações e ajude a financiar um crescimento que no momento está difícil de ser visto”, avalia a analista.

Fonte: Bloomberg

Negócio continua nebuloso


Quem entrou no IPO da Espaçolaser não sentiu a relação de custo/benefício apresentada ao mercado. O negócio acabou se transformando em outro.

“Quando tiramos o photoshop para avaliar melhor a estética dessa operação, muita coisa nos incomodou, como a baixa barreira de entrada. Os concorrentes podem tentar imitar a tecnologia ou uma pessoa comprar uma máquina a laser e fazer ela mesma a depilação”, cita Lopes.

No caso da depilação, uma concorrente no capital fechado seria a GiOlaser, da atriz Giovanna Antonelli. “Fica uma disputa de preço e de promoções, o que é péssimo para margem da rede de franquias, uma vez que precisa contar com um alto volume de vendas”, complementa.

Outra preocupação do mercado é com a governança. Na época, o recurso do IPO foi investido para recomprar franquias. A empresa abriu capital, comprou franquias, muitas de familiares, e isso deixou a governança em dúvidas.

A analista lembra que recebeu críticas por não recomendar compra para o IPO da Espaçolaser. “O que teoricamente seria óbvio (continuar crescendo), para nós não era”, diz.

O mesmo ocorreu quando a Nord Research recomendou aos assinantes ficarem de fora do IPO da Intelbras (INTB3) e da oferta da Westwing (WEST3)

“No caso da Intelbras, apesar da companhia apresentar bons resultados, não ficamos confortáveis com o fato de o negócio ser suscetível a varejo. Além disso, a fabricante nacional tem um contrato de exclusividade de venda com a chinesa Dahua Technology, que inclusive é acionista”, destaca Lopes.

É importante que o acionista esteja de olho nessa parceria, pois havendo desencontro de objetivos, isso pode prejudicar os rumos do negócio.

Assista à análise sobre o IPO de Intelbras no canal da Nord Research no YouTube.

Já no caso da Westwing, que basicamente funciona como um shopping online, a analista comenta que as pessoas acreditavam que a alta renda não deixaria de comprar panelas Le Creuset no pós-pandemia.

“Nas aberturas de capitais, tudo é lindo. O que os investidores pessoas físicas precisam se atentar é que algumas empresas ‘inflam’ seus balanços para causar uma imagem de ‘ótimas perspectivas de crescimento futuro’”.

Ela também falou que “a falta de histórico é outro ponto que acaba prejudicando a análise, por isso o investidor precisa buscar ter conhecimento do setor da estreante na bolsa”, aconselha.

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