Em decisão unânime e em linha com as expectativas do mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a taxa Selic em 2% ao ano, com um comunicado que manteve o tom um pouco mais hawkish que já havia sido adotado na reunião anterior.

Sobre o cenário para atividade, o Copom enfatizou o fortalecimento da pandemia, com o aparecimento de novas cepas do vírus ao redor do mundo, e o possível impacto que as novas medidas de redução de mobilidade poderão ter na atividade econômica. Por outro lado, o comunicado cita que os novos estímulos fiscais e todas as medidas (fiscais e monetárias) adotadas ao longo de 2020 devem promover uma recuperação sólida no médio prazo. Sobre o Brasil, em particular, a autoridade monetária alertou para uma preocupação bastante atual, que é o fato de o endurecimento da pandemia poder provocar o prolongamento de políticas que piorem a trajetória fiscal do país. Tal fator, junto com a frustração no andamento das reformas, poderia elevar o prêmio de risco – e, de fato, o Bacen repetiu que o risco fiscal elevando segue provocando uma assimetria altista no balanço de riscos.

No que diz respeito à inflação, embora tenha mantido a avaliação de que os choques recentes são temporários, o comitê entende que a inflação de curto prazo surpreendeu para cima, o que fez com que suas projeções se aproximassem do centro da meta. Com isso, e talvez este seja o maior destaque da decisão de hoje, o Copom optou pela retirada do forward guidance adotado há algumas reuniões: o risco fiscal e as projeções de inflação “suficientemente próximas da meta no horizonte relevante” fizeram com que, segundo o Bacen, as condições que deveriam ser satisfeitas para que o nível de estímulo monetário fosse mantido deixassem de existir. Com isso, daqui para frente a condução da política monetária voltará a seguir o balanço de riscos dos comunicados. De todo modo, foi enfatizado que a retirada do forward guidance não representa um aumento da taxa Selic já no curto prazo. Ao contrário disso, o comitê deixou claro que a economia ainda depende de estímulos.

Em linhas gerais, portanto, decisão e comunicado vieram em linha com as expectativas do mercado. A piora do cenário sanitário no curto prazo fez com que o risco fiscal voltasse ao radar, o que ficou bastante claro no comunicado de hoje. Em paralelo, a autoridade monetária não deve iniciar imediatamente seu processo de alta de juros: a atividade fraca e ainda pendente de estímulos deve fazer, a nosso ver, com que tal processo se inicie apenas no segundo semestre do ano.

Helena Veronese
Estrategista-chefe da Consulenza, plataforma de investimentos.

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