Crédito imagem: https://eandt.theiet.org/content/articles/2022/02/why-esg-is-good-business-in-an-increasingly-digitisedworld/
A complexidade da divulgação da sustentabilidade conectada aos relatórios financeiros e de risco.
Um dos maiores desafios do ESG é a divulgação dos seus indicadores em relatórios abrangentes, compreensíveis e comparáveis para seus múltiplos steakholders, com seus diferentes níveis de exigências e interesses. A complexidade da divulgação da sustentabilidade conectada aos relatórios financeiros e de risco tem dificultado o desenvolvimento de uma solução abrangente para relatórios corporativos.
Organismos internacionais estão trabalhando nessa direção com o objetivo de fundir os muitos padrões de divulgação, além de incentivar a absorção desses padrões globalmente.
Diante deste cenário, algo está sendo arquitetado com um movimento que já deu alguns passos nessa direção. Trata-se do que chamam de visão compartilhada. São cinco instituições de significância global em gestão, cujos frameworks, padrões e plataformas orientam a maioria dos relatórios e indicadores de sustentabilidade das empresas em todo planeta, que assumiram o compromisso de trabalho conjunto e publicaram uma visão compartilhada sobre relatórios abrangentes e globalmente aceitos – um esforço necessário em coerência com a gestão do capitalismo de stakeholders. O número de instituições envolvidas com suas diversas siglas e propósitos dão a dimensão do tamanho do desafio e da complexidade. Compartilho a seguir, um breve histórico:
Visão compartilhada das instituições globais sobre relatórios abrangentes.
Em 11 de setembro de 2020, Disclosure Insight Action (CDP) ¹, Climate Disclosure Standards Board (CDSB) ², Global Reporting Initiative (GRI) ³, International Integrated Reporting Council (IIRC) 4 e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB) 5 , co-publicaram visão compartilhada comprometendo envolver outros atores-chave nesse processo: International Organization of Securities Commissions (IOSCO) 6 e o International Financial Reporting Standards (IFRS) 7, a Comissão Europeia 8 e o Conselho Internacional de Negócios do Fórum Econômico Mundial 9 . As conversas entre essas organizações foram facilitadas pelo Impact Management Project (IMP) 10, pelo Fórum Econômico Mundial e pela Deloitte 11, que compartilham o compromisso de apoiar o progresso em direção a relatórios corporativos abrangentes.
GRI, SASB, CDP e CDSB estabelecem os quadros e padrões de divulgação da sustentabilidade, incluindo relatórios relacionados ao clima, juntamente com as recomendações da Task Force on Climate Related Financial Disclosures (TCFD) 12 . O IIRC fornece o quadro integrado de relatórios que conecta a divulgação da sustentabilidade a relatórios sobre capitais financeiros e outros. Esses cinco líderes globais independentes na definição de estruturas e padrões para sustentabilidade e relatórios interconectados trabalham no desenvolvimento de métricas comuns e tópicos universais com base em evidências de impacto sobre criação de valor empresarial, impactos reais e potenciais dos riscos relacionados ao clima e oportunidades nos negócios, estratégia e finanças da organização, entre outros. Veja documento completo em: https://29kjwb3armds2g3gi4lq2sx1-wpengine.netdna-ssl.com/wp-content/uploads/Statement-ofIntent-to-Work-Together-Towards-Comprehensive-Corporate-Reporting.pdf
Linguagem Compartilhada
“O ESG precisa de uma linguagem compartilhada porque significa coisas diferentes para pessoas diferentes”, afirma Mark Horoszowski ,CEO e cofundador da MovingWorlds. Como uma colaboração entre setores, o ESG exige a construção de uma compreensão compartilhada entre as diversas partes interessadas.
Em artigo publicado na Stanford Social Innovation, Mark Horoszowski organiza os índices ESG em 03 principais categorias:
• Regulamentação: ajuda a estabelecer padrões para que as empresas atinjam metas de ESG que respondam por suas externalidades e impactos negativos.
• Garantia: ajuda os investidores a provarem que a alocação de capital para empresas que priorizam ESG é um bom negócio, porque elas crescem e reduzem o seu custo de capital, criando um incentivo para que estabeleçam metas cada vez mais agressivas de ESG.
• Impacto: ajuda as empresas não só a mitigar suas externalidades negativas, mas também a estimular a inovação para construir modelos de negócios com propósitos e práticas sustentáveis.
Enfim, é importante destacar que em se tratando de ESG, os relatórios (abrangentes ou não) são a ponta do Iceberg. Apontam a performance das práticas adotadas, e estas sabemos que são resultantes do propósito da empresa. É um ciclo fechado que pode ser virtuoso ou vicioso. E, em todas essas fases, o benefício da dúvida sempre será real. E sem esquecer também da estratégia da comunicação com os steakholders a partir dos relatórios para não correr o risco de rótulos de greenwasher (exageros para mais) ou greenwhispering (exageros para menos) – mas isso é assunto para outro artigo. Porque nesse artigo, a conclusão é de que quanto mais abrangentes, comparáveis e aceitos globalmente forem os relatórios ESG, melhor para todos: empresa, mercado e stakeholders.
Sobre as organizações citadas nesse texto: 1 – Disclosure Insight Action (CDP) é um lucro global que leva empresas e governos a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, proteger os recursos hídricos e proteger as florestas.
2 – Climate Disclosure Standards Board (CDSB) foi fundado em 2007 e é um consórcio internacional de ONGs empresariais e ambientais comprometidas em avançar e alinhar o modelo global de relatórios corporativos para equiparar capital natural ao capital financeiro.
3 – Global Reporting Initiative (GRI) é a organização internacional independente que ajuda empresas, governos e outras organizações a entender e comunicar seus impactos.
4 – International Integrated Reporting Council (IIRC) é uma coalizão global de reguladores, investidores, empresas, setters padrão, profissão contábil, academia e ONGs. A coalizão promove a comunicação sobre a criação de valor como o próximo passo na evolução da reportagem corporativa.
5 – Conselho de Normas de Sustentabilidade (SASB) conecta empresas e investidores sobre os impactos financeiros da sustentabilidade. Os Padrões SASB permitem que empresas em todo o mundo identifiquem, gerenciem e comuniquem informações de sustentabilidade financeiramente materiais aos investidores.
6 – International Organization of Securities Commissions (IOSCO-OICV) é uma organização internacional de reguladores de valores mobiliários. Fundada em 1983, conta atualmente com cerca de 200 membros (autoridades de supervisão e outros participantes no mercado, como bolsas de valores e organismos financeiros e regionais internacionais), dividindo-se entre membros ordinários, associados e afiliados.
7 – International Financial Reporting Standards (IFRS) são normas internacionais de contabilidade, um conjunto de pronunciamentos contábeis internacionais publicados e revisados pelo IASB (International Accounting standards Board). Adotado em mais de 120 países, é também é utilizado no Brasil.
8 Comissão Européia é politicamente independente e representa e defende os interesses da União Europeia na sua globalidade. Propõe legislação, política e programas de ação e é responsável por aplicar as decisões do Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia.
9 Fórum Econômico Mundial (FEM) é uma organização internacional localizada em Genebra (Suíça), responsável pela organização de encontros anuais com a participação e colaboração das maiores e principais empresas do mundo.
10 Impact Management Project (IMP) fórum para construir e aprofundar o consenso global sobre como medir, avaliar e relatar impactos sobre as pessoas e o meio ambiente.
11- Deloitte presente em mais de 150 países com serviços de Auditoria, Consultoria, Assessoria Financeira, Risk Advisory, Consultoria Tributária e serviços relacionados.
12 – Task Force on Climate Related Financial Disclosures (TCFD) foi criada em 2015 pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) para fornecer informações aos investidores sobre o que as empresas estão fazendo para mitigar os riscos das mudanças climáticas, além de ser transparente sobre a forma como são governadas. Fontes: https://www.integratedreporting.org/resource/statement-of-intent-to-work-together-towardscomprehensive-corporate-reporting/ https://ssir.org/articles/entry/esg_needs_a_shared_language
Sobre BISA – Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br