Parece que o setor de varejo e consumo está respirando mais aliviado. Com o aumento real do salário mínimo, o pagamento dos precatórios e a redução da Selic, o cenário fica mais propício para o aumento do consumo. Mas como nem tudo são flores, algumas empresas viram seus papéis serem pressionados pela abertura da curva de juros no período, segundo o BB Investimentos. 

Além disso, há uma possível desconfiança do mercado em relação à resiliência do setor frente a outros números macro não tão animadores, “como a possibilidade da retomada da alta inflacionária (pressionada pelo baixo desemprego), a estabilidade da queda da inadimplência e a leve redução no ritmo de crescimento da concessão de crédito na comparação mensal”. 

No que se refere aos resultados do 1T24, as expectativas dos analistas do BB são de resultados melhores que os do mesmo período do ano anterior, “impactados especialmente pelas performances de vendas de janeiro e fevereiro”. 

E-commerce sem pessimismo

De acordo com o relatório do BTG Pactual, o pessimismo que impulsionou o grande desempenho inferior dos players de tecnologia listados no ano passado, disseminou-se. 

Mesmo com um custo de financiamento mais elevado, tanto no Brasil, como lá fora.

Os analistas do BTG veem três tendências para o e-commerce no Brasil:

1- crescimento fraco do GMV, refletindo menor renda disponível e restrições de capital das empresas e famílias, com a maioria dos players ainda expostos a categorias altamente cíclicas; 

2 – foco na lucratividade (= menos foco em categorias não lucrativas e a busca por take rates mais altos) e preservação de caixa; e 

3 – maior consolidação do mercado entre poucos players. 

Destaques

O Mercado Livre (MELI34) teve um desempenho superior, aumentando 30% a/a (volumes acima de 32% a/a) no Brasil para R$ 29 bilhões, + R$ 6,7 bilhões de GMV anual (vs. + R$ 141 milhões para MGLU e -R$ 612 milhões para Casas Bahia).

Lojas Renner (LREN3) de volta aos holofotes

Muito impactada com a crise do varejo em 2022/2023, Lojas Renner (LREN3) foi do céu ao inferno e agora se recupera, atraindo os holofotes que, afinal, sempre foram dela. Uma das empresas mais comentadas e recomendadas do setor no Clube Acionista, a empresa mostra muito mais que resiliência, como uma boa gaúcha, mostra que “não tá morto quem peleia”.

Resultados 1T24

Conforme a Ágora, os resultados do 1T24 ficaram acima das expectativas e do consenso nos níveis de Ebitda e lucro líquido. “O crescimento da receita de 4,8% na comparação anual não ficou longe das expectativas (0,7% acima do esperado pelo BBI e 1,7% acima do consenso) e o crescimento do Ebitda consolidado ajustado de 50% ficou acima das expectativas (16% acima do esperado pelo BBI e 26% acima do consenso).” 

O lucro líquido foi de R$ 139 milhões, expandindo R$ 92 milhões no comparativo anual e também ficou acima das expectativas. Segundo os analistas da Ágora, “um tanto poluído devido a efeitos abaixo da linha do Ebitda”, como: 

  • R$ 37 milhões em receita de juros sobre créditos tributários, 
  • variação cambial positiva de R$ 34 milhões e correção monetária devido à hiperinflação na Argentina; e 
  • imposto de renda positivo de R$ 27 milhões. 

Na concepção dos analistas, os prós e os contras foram amplamente compensados no nível final, sugerindo que “o 1T24 foi de fato um trimestre de melhoria, mas o crescimento dos lucros relatados parece melhor do que seus pilares operacionais subjacentes sugerem devido à sua exposição a efeitos não operacionais”, comentam os analistas.

Na visão deles, que recomendam compra, houve um claro progresso nas margens Ebitda do varejo, recuperação contínua do volume e melhoria sequencial nos serviços financeiros. 

“Lembramos que o clima mais quente no 2T24 e, mais importante, a continuação das chuvas no estado do RS podem aumentar a incerteza sobre os potenciais impactos nos próximos meses. Acreditamos que as métricas a serem monitorados são: a consistência no crescimento do volume de varejo, o quanto o impacto do novo CD e despesas operacionais simplificadas podem aumentar adicionalmente as margens de varejo ao longo do ano, e como e quando a Realize irá reacender o crescimento do portfólio e dar uma contribuição pronunciada para aumentar as vendas no varejo, sem comprometer a qualidade dos ativos. Isto posto, mantemos a nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 20,00/LREN3.”

BTG Pactual destaca a rentabilidade

Na análise dos resultados da Lojas Renner no 1T24, o destaque é para a rentabilidade. “A Renner reportou uma melhora nos números operacionais em sua divisão de varejo, em linha com o esperado, ajustados por efeitos não recorrentes no período.” 

A receita líquida do varejo cresceu 8% a/a, para R$ 2,5 bilhões, apoiado por melhores cobranças e melhor percepção de preços. As vendas online representaram 15,8% do GMV, um aumento de 13% a/a, para R$ 505 milhões. A receita líquida no Brasil cresceu 8,4% a/a, enquanto as vendas da Renner na América Latina (3,2% das vendas totais) cresceram 1,5% a/a (impactadas por restrições de importação e desvalorização cambial na Argentina), as vendas da Youcom cresceram 8%. a/a, e as vendas da Camicado cresceram 6% a/a. 

“Nos próximos trimestres, esperamos menores custos de matéria-prima, câmbio mais favorável, distribuição mais assertiva apoiada pelo novo centro de distribuição e níveis de estoques mais normalizados para ajudar as margens (com alguns sinais positivos já vistos no 1T).”

Os analistas do BTG gostaram das melhorias sequenciais nos resultados do 1T, bem como as iniciativas para melhorar o sortimento e os prazos de entrega com o novo centro de distribuição, que devem aumentar a rentabilidade e a produtividade das lojas, embora os ganhos sejam graduais nos próximos trimestres. 

“Estruturalmente falando, deverá enfrentar mais concorrência de plataformas internacionais, com mais questões/resistências à agressividade da Shein e ao modelo de preços baixos de Temu. Os obstáculos (concorrência e inadimplência) à aceleração da originação de crédito prejudicaram o crescimento recentemente. Mas os ganhos potenciais do novo centro de distribuição nos deixam otimistas em um horizonte de 12 meses.”

Mercado Livre (MELI34): um BDR para ficar de olho

A hermana Mercado Livre (MELI34) superou as expectativas de Wall Street com seus resultados do 1T24, impulsionando um aumento positivo em suas ações. A gigante do e-commerce e serviços financeiros registrou uma receita de US$ 4,33 bilhões e lucros por ação de US$ 6,78, ambos muito além das estimativas dos analistas, que eram de US$ 3,87 bilhões e US$ 5,84 por ação, respectivamente. 

Esse desempenho foi particularmente influenciado por tendências favoráveis no Brasil e no México, que compensaram os desafios enfrentados na Argentina devido à desvalorização cambial e à alta inflação. Embora a comparação ano a ano tenha sido desafiadora, o volume bruto de mercadorias (GMV) da empresa aumentou 20% para US$ 11,4 bilhões. O segmento de fintech da empresa, o Mercado Pago, atingiu 49 milhões de usuários ativos (um aumento significativo em relação aos 36 milhões do mesmo período do ano anterior), com um volume total de pagamentos crescendo 35% para US$ 40,7 bilhões. O Brasil, em particular, registrou altos níveis de utilização e engajamento, segundo a gestão.

A empresa também destacou melhorias na eficiência e logística do e-commerce, alcançando o menor número histórico de atrasos nas entregas e a maior velocidade média de entrega registrada no primeiro trimestre.

Estratégia

Diante do cenário complexo para as varejistas do Brasil diversos analistas estão optando por incluir MELI34 como alternativa para a carteira em detrimento de outras do setor. No entanto, sempre levando em consideração a combinação com outros ativos para aproveitar o potencial de crescimento e mitigar os riscos associados a investimentos individuais.

Empresa top pick do BTG Pactual, os resultados do Mercado Livre ficaram acima das estimativas dos seus analistas. Eles realizaram um evento com o IRO da empresa, Richard Cathcart, após a divulgação dos resultados.

Palavra da gestão: “Ao iniciarmos o nosso 25º ano de operações, estamos mais otimistas do que nunca sobre o potencial de crescimento do MercadoLibre. Como maior plataforma de comércio eletrônico e fintech da América Latina, acreditamos que estamos em uma posição única para capitalizar as mudanças estruturais que estão transformando os mercados de comércio e serviços financeiros da região. Ao longo dos últimos anos, demonstrámos a nossa capacidade de escalar o negócio para aproveitar plenamente estas oportunidades, ao mesmo tempo que proporcionamos rentabilidade contínua. O primeiro trimestre de 2024 é um exemplo do nosso sucesso contínuo nesta frente, com uma receita de US$ 4,3 bilhões crescendo fortemente tanto no comércio quanto na Fintech, e o lucro líquido aumentando 71% em relação ao ano anterior, para US$ 344 milhões, impulsionado por excelentes resultados no Brasil e no México.”

Saiba o preço alvo, o potencial de valorização e quantas casas recomendam a compra das ações em Recomendações por aqui.

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