Não está a mil maravilhas, mas ainda dá para confiar na renda variável, nas Small Caps e na bolsa brasileira, mesmo ela tendo se retraído em relação às globais. Na visão dos analistas da Genial, mesmo com as ações do mundo permanecerem em alta no mês passado, “os ativos brasileiros não foram capazes de acompanhar esse movimento de recuperação, diante dos desafios fiscais e da falta de confiança do investidor.”
Este desempenho inferior do mercado brasileiro em relação às bolsas do exterior, de acordo com a Genial, foi bastante influenciado pela abertura da curva de juros em maio, refletindo expectativas de que não há mais espaço para redução da Selic neste ano, como de fato foi comprovado na última reunião do Copom que manteve a taxa em 10,5% a.a.
Por outro lado, ainda há oportunidades para o investidor, que deve, no atual cenário, mais do que nunca, manter-se resiliente e ter o mantra “vai passar” quando as coisas não estiverem lá tão boas. O Acionista traz duas small caps que estão bem recomendadas: Vamos (VAMO3): 13 casas recomendam comprar, preço alvo R$13,40 (potencial 84%); e Randon (RAPT4) 14 casas recomendam comprar, preço alvo R$15 (potencial 64%).
Vamos? Vamos (VAMO3) entre as Small Caps
Uma oportunidade que você, investidor, precisa considerar: as ações da Vamos (VAMO3) dispararam em reação ao balanço financeiro referente ao 1T24. E isso trouxe um clima de otimismo. Para o BTG Pactual, os resultados foram positivos e refletem uma sólida performance em sua divisão de aluguel e melhorias progressivas nas concessionárias da empresa.
A receita líquida da Vamos atingiu R$ 1,7 bilhão, aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, em linha com o mercado. No Ebitda a empresa alcançou R$ 820 milhões, aumento de 24% em relação ao ano anterior e 6% acima das projeções do BTG Pactual. O seu lucro líquido atingiu R$ 183 milhões, avanço de 8% em relação ao ano anterior e superando as estimativas dos analistas.
Para o BTG, as ações da Vamos continuam atraentes, com um múltiplo P/E de 7x, e por isso, reitera sua recomendação de compra. “Esses resultados encorajam e dão perspectivas positivas para 2024, os investidores estão otimistas em relação ao futuro da Vamos, impulsionando a confiança no setor e solidificando a empresa como uma líder de mercado em seu segmento”.
Para os analistas, espera-se que esta tendência de melhora persista ao longo do ano e que se beneficie da incorporação das receitas do Grupo Petrópolis e do efeito total das fusões e aquisições recentemente concluídas. “Olhando para o futuro, esperamos que o mercado monitore: a demanda por aluguel de caminhões Euro 6; expansão da frota; concorrência; e estrutura de capital.”
A XP Investimentos também é compradora. E seus analistas destacam os pontos positivos da Vamos:
- Aatividade comercial permaneceu sólida, com capex contratado atingindo R$ 2 bilhões (+17% A/A e +83% T/T), por incluir a frota de Petrópolis nos resultados;
- Desempenho positivo do rendimento com desempenho do rendimento marginal em 2,5% (estável vs. 4T23), um desempenho positivo, já que as taxas de juros foram mais baixas no período de últimos doze meses, e rendimento periódico de 2,5% aumentou ligeiramente vs. 4T23 (que foi de 2,4%), uma melhoria sequencial;
- Forte desempenho de Rental (EBITDA +41% A/A e +15% T/T) à medida que a Vamos continuar reduzindo seu estoque de ativos não alugados (2 meses de estoque vs. 3,7 meses no 4T23 e 5,2 meses no 1T23); e
- Desempenho resiliente contínuo da Seminovos (receita líquida +23% T/T), e a margem EBITDA permanece elevada em 23%.
E os negativos:
- desempenho ainda fraco das concessionárias (EBITDA -79% A/A), apesar da melhoria dos resultados T/T (R$ 18 milhões no 1T24 vs. -R$ 36 milhões no 4T23) com margem EBITDA +1,6p.p. acima das estimativas;
- mais um trimestre com distratos de ativos alugados (R$ 270 milhões de ativo imobilizado), pois a empresa foca na redução do risco de sua base de clientes, priorizando clientes com melhor perfil de crédito;
- maiores despesas financeiras (+17% A/A e +0% T/T), apesar de em linha com as expectativas; e
- maior relação dívida líquida/EBITDA para 3,4x no 1T24 (vs. 3,3x no 4T23).
Genial também destaca a locação
O desempenho no segmento de locação mais uma vez foi o principal destaque positivo da Vamos. Apesar da sazonalidade desfavorável, o yield se manteve estável em 2,5% favorecido pela entrada parcial dos contratos do Grupo Petrópolis e pela movimentação altista das taxas de juros de longo prazo no Brasil ao longo do trimestre. Este é o lado positivo da história, segundo a Genial
Do lado negativo, os analistas destacam que esse foi mais um trimestre de aceleração do volume de imobilizado locado retomado. “No 1T24 essa retomada foi de R$ 270 milhões, sequencialmente maior que no 4T23 e no 3T23, em que haviam sido retomados R$ 211 milhões e R$ 189 milhões respectivamente. A alavancagem subiu para 3,44x vs. 3,32x no 4T23. Na análise pro-forma, incorporando o EBITDA dos caminhões alocados no contrato da Petrópolis, a alavancagem seria de 3,27x”.
Embora com resultados ainda fracos em concessionárias, há sinais de recuperação de acordo com os analistas. “Olhando para frente, vemos a Companhia sendo negociada 11x P/E 2024E, muito abaixo do que consideramos justo. Caso a companhia sustente a melhora no ciclo de conversão de caixa apresentada no 1T24 (redução dos estoques, com aumento nos prazos com fornecedores), vemos um cenário de rápida desalavancagem até o final do ano. Seguimos com compra.”
Randon (RAPT4) se agiganta
Para constar: a Randon é uma das principais empresas nos mercados automotivo brasileiro e global, sendo a 8º maior fabricante de semirreboques do mundo. Cada caminhão no país tem pelo menos uma peça Randon. Também é líder no segmento de reposição no Brasil.
E mais: com o crescimento projetado na produção de grãos do Brasil, a frota de reboques pode aumentar de 900 mil para 1,45 milhão de unidades até 2033, resultando em um mercado de semirreboques de 130 mil unidades, vs 90 mil atualmente. Esse potencial se estende além dos grãos para outros produtos, como proteínas e açúcar, entre outros.
Isso tudo que você leu aí em cima é do relatório do Investidor Day da empresa na B3 que o BTG Pactual participou: “Apreciamos a intenção da RAPT de mostrar sua profunda transformação empresarial, evoluindo de um produtor local de reboques para um player global de mobilidade automotiva, apoiado por uma crescente exposição a autopeças e ao mercado internacional, o que consideramos o melhor uso dos recursos da empresa. Nesse sentido, a mensagem sobre a melhora na alocação de capital também foi positiva, pois a RAPT enfatizou seu foco em investir mais fortemente em negócios de alto desempenho e sua maturidade para reciclar o capital em negócios com baixo desempenho”, comentam os analistas.
Os números
No 1T24, a Randon divulgou receita líquida de R$ 2,5 bilhões, Ebitda de R$ 347 milhões e lucro líquido de R$ 82 milhões. A receita líquida foi impulsionada principalmente, segundo a Ágora, entre outros fatores, pelo menor número de dias de operação, devido principalmente a uma atualização do sistema ERP impactando a receita geral. Para os analistas do BTG, a empresa apresentou resultados fracos no 1T, mas era esperado. Os resultados foram principalmente impulsionados pelos resultados financeiros, principalmente explicados por uma correção monetária positiva de R$83 milhões relacionada a operações na Argentina.
Destaque negativo
Os analistas do BTG mantêm recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 16,00. Eles levam em consideração: na capacidade da Randon de recuperar uma participação de mercado de 30% a 40% em reboques; em uma forte recuperação das vendas de veículos pesados no Brasil em 2024; na participação direta da Randon na Nione, adicionando R$ 6,00/RAPT4; e em RAPT4 negociando a 3,6x o múltiplo EV/EBITDA para 2024, um desconto de 51% sobre sua média histórica.
De acordo com a Genial, a divisão de montadora foi o grande destaque negativo do trimestre. “Os números reportados confirmaram várias das nossas preocupações, evidenciando desafios significativos tanto nos mercados internos quanto externos naquela que é a principal divisão do grupo (Implementos) em termos de receita”, comentam.
Eles ressaltam também que o trimestre foi marcado por uma perda relevante de market-share. “O desempenho operacional no segmento de autopeças para OEMs foi um ponto de atenção. Esperávamos que a divisão fosse o destaque positivo do trimestre, mas isso não aconteceu. A divisão apresentou receita, EBITDA e margem EBITDA abaixo do esperado.”
No entanto, para ter boas notícias, pelo lado positivo, “mesmo com uma compressão geral das margens, a Fras-le manteve um bom nível de receita. Além disso, divisões menores, como Tecnologia Avançada e Serviços Financeiros, superaram positivamente nossas expectativas, o que evidencia a importância da diversificação construída nos últimos anos.”
Mesmo com resultados mais fracos no 1T24, a Genial é compradora. “Ainda enxergamos RAPT4 negociando a 4,2x EV/Ebitda 2024E, atrativo na nossa visão. Reiteramos a recomendação de COMPRA e preço-alvo de R$ 15,00.”
O Itaú BBA tem recomendação neutra. Para seus analistas os números ficaram em linha com o mercado, embora a dinâmica operacional tenha sido um pouco diferente do esperado, “com um desempenho ruim na divisão de montadoras sendo compensado pelas demais”.