Voilà! Apertou o cinto, partiu Renda Fixa! E tem sido assim há meses. A modalidade que reina por aqui é o refúgio de proteção do investidor brasileiro. A RF dominou o primeiro semestre. Segundo Marcelo Cidade, economista da Anbima, “as incertezas e o ambiente de aversão ao risco que dominaram a maior parte do primeiro semestre favoreceram as aplicações mais conservadoras tanto nos papéis públicos quanto nos corporativos”, disse.
Isso porque, segundo a entidade, os papéis de renda fixa mais conservadores registraram as maiores rentabilidades em junho e no 1T. Conforme a Anbima, entre os títulos corporativos, o IDA-DI, índice que acompanha os títulos remunerados pela taxa diária DI, tiveram a maior rentabilidade de junho e do semestre, com crescimento de 1,07% e 6,95%, respectivamente.
“Enquanto isso, entre as debêntures indexadas ao IPCA, aquelas que contam com incentivo fiscal, refletidas no IDA IPCA infraestrutura, recuaram 0,65% em junho, mas registraram ganho de 2,63% no ano. Os papéis sem incentivo fiscal, no IDA Ex-Infraestrutura, tiveram performance parecida, com queda de 0,39% no mês e avanço de 2,89% no semestre”, afirmou a Anbima.
Já o IDA (índice de debêntures Anbima) avançou 0,33% em junho e 5,12% no semestre.
Incertezas fiscais
O time do Inter acredita que as incertezas da política fiscal e as falas do governo (leia-se Lula) são os principais riscos observados pelo mercado.
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“A Selic no Focus, por sua vez, permaneceu estável em 10,5% e 9,5% para 2024 e 2025, respectivamente. Os juros no Brasil seguem em um rali de alta, com a curva DI avançando na comparação semanal. Mesmo com uma Ata do Copom mais Dovish e o IPCA-15 abaixo das expectativas de mercado, o risco Fiscal pesou nos juros, justificando a alta do DI, dólar e expectativas de inflação”, comentam os analistas.
Além disso, todas as demais curvas de juros no Brasil também se elevaram. “O prêmio das NTN-Bs se aproximam dos 6,4%, o que por um lado fica bastante atrativo para o investidor. A curva pré para 2024 se aproxima dos 11% e em 2025 dos 12%, como se o mercado esperasse alta da Selic, ao invés de somente uma pausa. Já nos EUA houve alívio na parte média/longa da curva, agora com o mercado precificando dois cortes do FED ainda este ano”.
BTG destaca agenda dos EUA
Um segundo semestre de agenda macro cheia nos Estados Unidos. De eleições a possível início do ciclo do corte de juros, os analistas do BTG Pactual antecipam que o mercado continuará a “operar com volatilidade no segmento de juros, exigindo maior seletividade na escolha de duration, geografia e risco de crédito”.
De acordo com eles, o cenário base combina os seguintes fatores: a economia global manterá um crescimento próximo ao potencial, em um contexto de “soft-landing”; e a desinflação prosseguirá nos principais mercados, notadamente nos EUA, ainda que de forma não linear. “Essa combinação ainda favorece a alocação em Renda Fixa global, justificando nossa sobrealocação na classe”, comentam.
Estratégias
Como estratégia, o BTG mantém como adequada uma duration ao redor de 5,5 anos, ainda abaixo do benchmark deles (7 anos). “Quanto à composição, as alocações em juros soberanos nominais permanecem mais longas, principalmente devido ao nível atrativo de carrego, enquanto as posições em títulos corporativos Investment Grade estão alinhadas com a duração da estratégia”, explicam os analistas.
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Já nas estratégias de juros reais, mantém posições mais curtas, até 3 anos, visando o carrego e uma possível reprecificação do ciclo monetário nos próximos anos, via TIPS. Os títulos atrelados à inflação ainda oferecem juros reais superiores às principais estimativas da taxa neutra da economia americana (0,8%-1,0%, segundo projeções BTG) em praticamente todos os vértices.
“Vale ressaltar que nossa exposição a mercados desenvolvidos também deve se beneficiar da continuidade do ciclo de queda de juros na Zona do Euro em julho, apesar da eleição na França representar um potencial fator de volatilidade no curtíssimo prazo.
Renda Fixa para julho
Para o primeiro mês do segundo semestre, a posição do BTG Pactual:
Pós-fixado: continuam diminuindo a posição, isto porque os analistas veem como acertado o recente “movimento de elevação da exposição tática das carteiras na subclasse de ativo em razão do fim do ciclo de corte de juros”. Entretanto, também veem que existem prêmios atrativos nas demais subclasses de Renda Fixa e não descartam que “o ciclo de corte de juros possa voltar ao debate quando o Federal Reserve iniciar seu ciclo de flexibilização monetária”.
IPCA+: elevaram para 2 notches overweight. “Existem diversas razões para este movimento: a forte abertura da curva de juros reais, com taxas pagando acima de 6,4% a.a nos vencimentos mais curtos; juros reais acima da inflação implícita, que diverge do racional histórico destes ativos no Brasil, onde as implícitas sempre estiveram acima dos juros reais; e com o fim da alocação internacional, tivemos orçamento da estratégia para fazer esta elevação da exposição sem afetar as demais classes de ativos”. Como resultado, a duration da carteira do IPCA saiu de 7,5 para 5,0 anos.
Prefixados: posição neutra. “Apesar da atratividade na curva de juros DI, principalmente nos vértices mais curtos, preferimos continuar neutros nesta classe de ativo dado que já estamos expostas a maior volatilidade com o nível pós-fixado abaixo do neutro.”
Genial também fala em risco fiscal
Julho não será muito diferente. A Genial, em seu relatório de 21 de junho, já falava no aumento no risco fiscal, “fruto da piora da inflação no médio prazo e de preocupações com a condução da política fiscal do Brasil”. Pelo que se observa, nada mudará.
Em relação ao exterior, mesmo com um cenário externo mais benigno, os eventos daqui causaram impactos na curva de juros brasileira, que apresentou abertura em toda sua estrutura a termo em junho.
Para essa atualização, não promovemos mudanças de ativos da carteira, mas reorganizamos os pesos dos papéis para os diversos perfis de risco, buscando maximizar os retornos com o desenrolar do cenário.
Cenário local
- Manutenção da taxa básica de juros.
- Elevação do risco fiscal.
- Preocupação com a leniência do Banco Central em relação à inflação.
Cenário Externo
- Inflação para o consumidor traz sinais positivos.
- Fomc enxerga espaço para apenas um corte de 0,25 p.p. esse ano. Após a última decisão de manter a taxa de juros no intervalo de 5,25% e 5,50%, houve revisões em relação à expectativa que os próprios membros do comitê observam para redução nos juros.
Santander Asset vê mercado de Renda Fixa local com viés positivo em julho
A decisão do Banco Central pela manutenção da Taxa Selic em 10,50% reduziu alguns ruídos de curto prazo, mas as incertezas em relação à condução da política fiscal, como já foi dito, continuam tendo impacto no mercado de juros.
“Apesar da indefinição do cenário à frente, acreditamos ser baixa a probabilidade de novas altas na taxa Selic e, nos patamares atuais, ainda enxergamos algum prêmio na curva de juros”, afirma a gestora de recursos do Santander Brasil, que adotou visão neutra com viés positivo para o mercado local de Renda Fixa.
Para o crédito privado, o posicionamento segue neutro. “Apesar da indústria de fundos de crédito privado seguir bastante aquecida, com alta procura dos investidores, os spreads dos títulos já estão em níveis de baixa atratividade”, diz o santander.
Copom – Segundo a gestora, o cenário doméstico ainda apresenta nível de incerteza mais elevado do que o usual, o que explica a última decisão do Copom e também o discurso mais conservador da autoridade monetária sobre seus passos seguintes.
Já o comportamento das expectativas de inflação segue desconfortável, observa a carta do Santander Asset, com as projeções em tendência de aceleração. Os analistas preveem alta de 3,8% e 3,7% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 e 2025, respectivamente. “Por fim, a atividade mantém uma trajetória sólida, e não traz sinais claros que suportem uma tendência de queda de juros”, afirmam.
Para a Santander Asset, o patamar elevado de juros no Brasil e também nos EUA retira a atratividade de investimentos em ativos de risco. Por isso, segue com visão neutra para a Bolsa local, embora o valuation das empresas e as projeções de lucros continuem construtivos. “Ainda não observamos fluxo relevante do investidor estrangeiro na Bolsa local e seguimos com poucos gatilhos que possam impactar positivamente o Ibovespa no curto prazo.”
O que esperar das LCDs, o novo título de Renda Fixa
Expectativas foram criadas. O mercado está à espera da sanção das Letras de Crédito de Desenvolvimento, um novo instrumento de renda fixa que ficará disponível aos investidores brasileiros.
Segundo a B3, a promessa é ser uma nova fonte de financiamento para pequenas e médias empresas, especialmente aquelas que atuam na indústria, infraestrutura e inovação no País. “A “prima” das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), as LCDs podem ganhar o gosto dos brasileiros que se viram órfãos depois que o governo restringiu as regras para emissão de títulos isentos.”
No entanto, mesmo após a sanção do presidente, ainda faltam definições de algumas regras, que ficarão a critério do Conselho Monetário Nacional (CMN), como se o novo título terá a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Ainda assim, já é possível saber o que esperar das LCDs.
Uma das características é a isenção de imposto de renda sobre os rendimentos das LCDs para as pessoas físicas, o que tende a chamar a atenção dos investidores de varejo. Dessa forma, o novo título “vai permitir que as empresas tenham acesso a um crédito com taxas mais baixas. A finalidade das LCDs é captar esses recursos para investimentos em setores chave do nosso desenvolvimento econômico”, comenta Tatiana Guedes, Gerente de Produtos da InvestSmart, ao blog da B3.