É no mínimo inusitado pensar que ESG pode não ser inclusivo. Mas quando falamos dos fluxos de investimentos ESG para mercados emergentes, os dados citados no artigo “Mercados emergentes estão perdendo financiamento crucial devido a ratings ESG” publicado no FT Advisor (1), confirmam essa possibilidade.  

 No artigo, assinado por Richard Attias diretor executivo do Future Investment Initiative Institute (2) os mercados emergentes embora representem 86% da população mundial e respondam ​​por 58% do PIB global, recebem menos de 10% de todos os fluxos ESG. Mesmo com o aumento do investimento ESG na última década, com US$ 38 bilhões em ativos destinados a sustentabilidade, a situação dos mercados emergentes não se alterou. Outro ponto levantado é que um pequeno número de fornecedores de classificações ESG acaba tendo grande poder de influência no direcionamento desse fluxo de capital, e por alguns motivos acabam comprometendo o fluxo dos investimentos ESG nos mercados emergentes.

Por exemplo, as classificações influentes em sua maioria sediadas nos mercados desenvolvidos atribuem grande peso à divulgação corporativa de dados não financeiros que são diferenciais importantes nesses mercados, mas nem sempre tem a mesma importância nos mercados emergentes que não tem a mesma experiência da comunicação desses dados se comparados com organizações dos mercados desenvolvidos já familiarizados com essa dinâmica. As pontuações ESG dominantes também podem penalizar empresas dos mercados em desenvolvimento pelo seu “risco-país”, condição totalmente fora do controle da organização.

Uma análise do ESG Book (3) expôs grandes discrepâncias de classificação de uma agência ESG com empresas praticamente idênticas recebendo pontuações com até 90% de diferença, apenas devido ao seu país de operação. E aí vem o questionamento: ao contrário dos fornecedores de classificações ESG, a crise climática não faz distinção entre mercados “desenvolvidos” e “em desenvolvimento”. Afeta todos, e só poderá ser combatida através de um esforço coletivo.

As empresas dos mercados emergentes – muitas vezes com menos recursos, porém com mais resiliência e adaptabilidade do que as empresas do mundo desenvolvido – são tão vitais e competitivas como qualquer outra e merecem ser incluídas no fluxo de capital ESG.

De olho nessa situação, o Instituto Future Investment Initiative (FII), em parceria com o ESG Book, lançaram uma nova ferramenta de pontuação ESG inclusiva dedicada a melhorar a qualidade dos dados sobre ESG nos mercados emergentes e assim ajudar essas empresas a receberem fluxos financeiros.

A ferramenta adota uma metodologia inclusiva com métricas que nivelem as condições de concorrência, eliminando fatores que possam discriminar as empresas dos mercados emergentes.

De acordo com os cálculos do ESG Book, a ferramenta ESG inclusiva tem o potencial de ajudar a reduzir uma lacuna de investimento ESG de 5,4 biliões de dólares nos mercados emergentes.

Segundo os desenvolvedores da ferramenta, a abordagem sistemática de materialidade da mesma enfatiza o risco da indústria, o que garante uma avaliação equitativa de empresas que operam em diversos setores. A pontuação diferencia análises de desempenho e divulgação para assegurar transparência e precisão.

Os desenvolvedores informam que a pontuação inclusiva ESG integra o desempenho atual e a mudança contínua no desempenho de sustentabilidade das empresas, ao mesmo tempo que reconhece o compromisso corporativo em impulsionar mudanças positivas, indicando o desempenho ESG futuro. 

Ranking ESG das 250 melhores empresas de mercados emergentes com base na pontuação ESG inclusiva

No página do ESG Book há maior contextualização sobre a ferramenta cujo objetivo central segundo seus autores é “Ajudar empresas de mercados emergentes e investidores globais a desbloquear investimentos ESG”

Nesse mesmo site, pode se ter acesso ao Ranking com 250 melhores empresas dos mercados emergentes pontuadas pela ferramenta ESG inclusiva onde entre as 10 primeiras colocadas o Brasil emplaca 2 empresas.

A ferramenta permite organizar a lista dos classificados em filtros e traz além do nome da empresa, a região, o país, setor e ramo de atividade.  O Ranking fornece score em 3 pilares:

  • Pontuação inclusiva de impulso futuro ESG
  • Pontuação de desempenho atual inclusiva de ESG
  • Pontuação de divulgação

Gestores de Ativos, Gestores de Patrimônio, Bancos, Seguradoras, Proprietários de Ativos, Investidores de Private Equity podem usar a plataforma e caso queira, podem baixar uma visão geral da estrutura ESG inclusiva e da metodologia de pontuação

Daniel Klier, CEO do ESG Book, diz que: “A pontuação ESG inclusiva é uma ferramenta de próxima geração para investidores que identifica os líderes de sustentabilidade de hoje e de amanhã, com uma abordagem transparente baseada em dados, e adaptada aos mercados emergentes”.

Avaliações e pontuações ESG são complexas e estão em aprimoramento contínuo. Considerar a equidade nesse processo contribuirá para que o propósito original do investimento ESG não saia do seu foco principal que é o de impulsionar um futuro mais sustentável e justo beneficiando igualmente e sem discriminação as economias e mercados alinhados com os princípios ambientais, sociais e de governança.   

1 FT Advisor é uma fonte de notícias e opiniões para o mercado financeiro

2 Future Investment Initiative Institute  é uma fundação global sem fins lucrativos com um braço de investimento e uma agenda de Impacto na Humanidade

3 O ESG Book é uma plataforma que conecta investidores com empresas, fornecendo dados ESG transparentes e comparáveis ​​para mais de 50.000 empresas em tempo real.

Fontes:

https://www.esgclarity-intelligence.com/fii-institute-releases-esg-tool-to-help-unlock-investment-in-emerging-markets/

https://www.ftadviser.com/opinion/2023/10/25/emerging-markets-are-missing-out-on-crucial-funding-due-to-esg-ratings/?page=1https://www.ft.com/content/15008f52-0fcd-4b8e-a70e-b64316030588

https://www.esgbook.com/inclusive-esg/

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br