Os resultados da empresa no 4T19, divulgados ontem após o pregão, mostraram aumentos na produção, vendas, margens e no lucro líquido, na comparação com o mesmo período de 2018. O lucro líquido foi menor que no 3T19 porque naquele período foram reconhecidos “ganhos das operações descontinuadas” (R$ 9,3 bilhões), a maior parte com a venda das ações da BR Distribuidora (R$ 7,4 bilhões).
A Petrobras lucrou R$ 8.153 milhões (R$ 0,63 por ação) no 4T19, valor 297,9% maior que no 3T19, mas 10,3% menos que no trimestre anterior. O lucro líquido recorrente no 4T19 atingiu R$ 12,9 bilhões (R$ 0,99/ação), 74,2% acima do 4T18.
Em 2019, a Petrobras sofreu com redução de vendas (2,6%), principalmente no mercado interno, onde houve queda de 4,0%. A receita também foi negativamente impactada pela diminuição na cotação do Brent (8,1%), que impactou os preços internos em -1,2%. Porém, reduções nos custos permitiram ganhos de margem operacional. Assim, o EBITDA ajustado em 2019 foi de R$ 134,7 bilhões, 9,4% maior que no ano anterior. O lucro líquido recorrente em 2019 somou R$ 36,9 bilhões (R$ 2,83/ação), 0,5% acima do verificado em 2018. O lucro sem ajustes em 2019 ficou em R$ 40,1 bilhões, 55,7% mais que ano anterior.
As vendas no 4T19 mostraram recuperação em relação ao 3T19 e também comparada ao período anterior. No mercado interno as vendas continuaram muito fracas, com destaque para a queda de 10,9% no volume vendido de diesel na comparação com o 4T18. Outros combustíveis importantes que também tiveram redução nas vendas foram a gasolina (5,4%), óleo combustível (11,9%), nafta (16,7%) e QAV (2,4%).
O desempenho positivo nas vendas foi consequência, principalmente, da elevação de 37,5% das exportações (+236 mbpd), comparadas ao 4T18. Este incremento nas exportações decorre da fraqueza no mercado interno e do aumento da produção de petróleo.
No 4T19, os custos de extração (lifting cost) com participações governamentais em dólares caíram 20,3%, em relação ao 4T18 e 2,9% na comparação com o 3T19. No pré-sal, o lifting cost sem participações governamentais foi de US$ 5,02 por barril, valor 20,2% menor que no trimestre do ano anterior, contribuindo para a redução do custo de extração total.
O custo de refino no 4T19 foi de R$ 9,70 por barril, valor 1,8% maior que no 3T19 e 2,8% acima do 4T18. Este aumento foi decorrente do menor fator de uso das refinarias, que atingiu 76% no 4T19 contra 80% no trimestre anterior.
Neste trimestre as despesas operacionais tiveram forte alta (16,5% em relação ao 4T18), não ajudando a melhoria da margem. Isso ocorreu por conta não por conta de qualquer aumento extraordinário no 4T19, mas por reversões de perdas de créditos esperado contabilizadas no 4T18.
O resultado financeiro negativo no 4T19 caiu 38,9% na comparação com o trimestre anterior 7,9% abaixo do 4T18. Isso ocorreu devido à redução das despesas financeiras e uma menor variação cambial dos financiamentos.
No 4T19, o volume de investimentos foi US$ 3,2 bilhões, sem considerar os bônus de aquisição pagos nos leilões da ANP no período, um valor 4,2% inferior ao 4T18. Porém, considerando o pagamento dos bônus (US$ 16,7 bilhões), o valor investido sobre para US$ 19,9 bilhões.
A dívida líquida em reais ao final do 4T18 era de R$ 326,2 bilhões, 1,4% maior que no 3T19 e 18,4% acima do mesmo trimestre do ano passado. Este aumento pode ser explicado pela adição dos Arrendamentos ao endividamento, exigida pela IFRS 16, na comparação com ano anterior. Em relação ao 3T19, a elevação da dívida ocorreu pelo pagamento dos bônus referentes ao leilão do excedente da cessão onerosa, que ocorreu em dezembro/19. A relação dívida líquida/EBITDA no 4T19 era de 2,5x, vindo de 2,6x no trimestre anterior e 2,3x no 4T18 (sem inclusão de Arrendamentos Mercantis).
Importante lembrar, que durante 2019 a empresa pagou R$ 10,6 bilhões aos acionistas sob a forma de juros sobre o capital próprio, equivalente a R$ 0,73 por ação ordinária e 0,92 por cada preferencial.
Nossa recomendação para PETR4 é de Compra com Preço Justo de R$ 34,50/ação, indicando um potencial de alta em 13%.
