As cidades hoje abrigam quase 60% da população mundial e respondem por dois terços do consumo de energia produzindo mais de 70% das emissões de carbono ao ano. A projeção é que até 2050 abrigarão 70% da população mundial, aumentando ainda mais a demanda por recursos naturais concentrados.

As cidades enfrentarão grandes desafios, com destaque aos apontados no Relatório de Risco Global 2022 do Fórum Econômico Mundial deste ano. Nele, as cidades enfrentarão, entre outros, os impactos das crises de subsistência e da erosão da coesão social que foram classificados entre os cinco primeiros riscos de um ranking de 10 grandes riscos para os próximos 10 anos (veja figura 1.3 abaixo). Nesse mesmo relatório, outro importante destaque: 5 dos principais riscos globais, ou seja 50%, dizem respeito as questões ambientais. Conheça o relatório em: https://www.weforum.org/reports/global-risks-report-2022

Ranking dos riscos mais graves em escala global dos próximos 10 anos

Agenda ESG para Cidades

Uma agenda alinhada aos critérios ESG pode ajudar (e muito) as cidades e os governos locais na avaliação e enfrentamento destes riscos, ao mesmo tempo em que contribui para um modelo de governança mais confiável na direção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS.

Segundo a reunião anual do Fórum Econômico Mundial realizada este mês em Davos na Suíça, uma abordagem baseada em ESG para cidades engloba ações estruturadas dos governos locais relativo ao regulamento, planejamento estratégico, financiamento, prestação de serviços e monitoramento.

No pilar Ambiental as cidades devem focar na redução de suas emissões concentrando-se na produção de energia limpa, gerenciamento de água e resíduos e poluição do ar:

1)   Regulamentos: Acelerar a formulação e adoção de regulamentos que reduzam as emissões em diferentes setores, como mobilidade, energia, água e resíduos

Exemplo: A cidade de Nova York formulou regulamento para reduzir as emissões relacionadas aos edifícios como parte da Lei de Mobilização Climática, para reduzir suas emissões em 40% até 2030.

2)   Planejamento estratégico: Integrar o net-zero no planejamento estratégico da cidade em seus planos diretores

Exemplo: Cingapura desenvolveu e está implementando um Plano Verde para acelerar metas de emissões de longo prazo em cinco pilares-chave: Cidade na Natureza, Redefinição de Energia, Vida Sustentável, Economia Verde e Futuro Resiliente.

3) Prestação de serviços: Garantir a prestação adequada de serviços que ajudem a cidade atingir metas líquidas zero

Exemplo: A Autoridade de Eletricidade e Água de Dubai (DEWA) lançou a iniciativa EV Green Charger, que consiste em fornecer soluções de carregamento em todo o Emirado e adquirir veículos elétricos para a frota das autoridades.

No pilar Social, as cidades devem se concentrar na coesão e inclusão social:

1) Regulamentos: Desenvolver políticas e regulamentos que promovam a coesão social local e a inclusão de grupos vulneráveis

Exemplo: Sydney estabeleceu diretrizes para projetar e atualizar espaços públicos e infraestrutura garantindo a igualdade de acesso as pessoas com deficiência.

2) Planejamento estratégico: Abordar questões sociais locais incorporando-as em planos estratégicos locais de implementação clara e com ações tangíveis

Exemplo: Berlim estabeleceu medidas para garantir a igualdade de oportunidades e a igualdade de participação para todos, independentemente da idade, género, etnia e deficiência com medidas que promoveram a diversidade nos processos de recrutamento e com uma comunicação pública inclusiva.

3) Prestação de serviços: Assegurar a prestação adequada e inclusiva de serviços municipais a todos os membros da sociedade

Exemplo: Na Albânia, unidades locais foram alvo do programa “Melhorar a Prestação de Serviços Municipais de Proteção Social” do PNUD concentrando se na melhoria dos serviços sociais às populações marginalizadas e às pessoas com deficiência, além das crianças, mulheres, migrantes e refugiados.

No pilar Governança, as cidades devem se concentrar na qualidade das parcerias e nas boas práticas de transparência:

1) Governança do ecossistema: agir para facilitar parcerias entre as diferentes partes interessadas, como grupos da sociedade civil, organizações não-governamentais, organizações multilaterais internacionais, setor privado e outras entidades governamentais.

2) Transparência e prestação de contas: garantir a transparência e a prestação de contas através de uma comunicação aberta sobre atividades, orçamentos, e cronogramas de realização

3) Financiamento: assegurar a alocação eficiente de financiamento para projetos e iniciativas que promovam o desenvolvimento socioeconômico e a proteção ambiental.

4) Gestão da cadeia de suprimentos: adoção de políticas de gerenciamento da cadeia de suprimentos (política de compras) que considerem o impacto social e ambiental dos fornecedores.

5) Monitoramento e supervisão: aferir e compartilhar o desempenho da cidade em diferentes parâmetros ambientais e sociais.

A contribuição das novas tecnologias na gestão das cidades

A União Internacional de Telecomunicações (UIT), a Organização Internacional de Padronização (ISO) e a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) trabalham juntas no desenvolvimento de padrões por meio de sua força-tarefa conjunta de cidades inteligentes. 

Além dos pontos focais da gestão ESG, as cidades contam com o incremento das novas tecnologias para a implementação de uma agenda sustentável, tais como:

No pilar ambiental: A Internet das Coisas – IoT ajudando no gerenciamento do consumo de energia e das emissões dos edifícios em tempo real. 

No pilar Social: O Metaverso contribuindo na viabilização de eventos comunitários e na prestação dos serviços sociais

No pilar Governança: O Blockchain sendo aplicado na rastreabilidade dos fornecedores e no comércio de excedentes de energia locais.

As pessoas físicas e jurídicas que vivem e trabalham nas cidades podem e devem se unir na direção do desenvolvimento sustentável com as soluções que temos a disposição. O ESG potencializado pelas novas tecnologias pavimenta a transição para uma nova economia.

E o que isso significa para as cidades, as empresas e as pessoas no enfrentamento dos riscos globais? Que estamos fazendo a travessia para um novo mundo, transformando o modus operandi dos negócios e da vida em sociedade. As ferramentas existem e ajudarão os gestores e lideranças locais na transformação de suas cidades e de suas empresas. E por consequência, do nosso futuro comum.

Fonte:

https://www.weforum.org/agenda/2023/01/davos23-cities-adopt-esg-development-management/

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