O mercado global apresentou reações distintas nesta semana, com notícias impactantes tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil. Acontecimentos que provocaram o salto nos juros e no dólar em virtude de um cenário econômico mais complicado.

A inflação ao consumidor nos EUA acumulou 2,6% em 12 meses até maio, um dado que trouxe alívio ao mercado. A medida dada pelo PCE, indicador acompanhado de perto pelo Federal Reserve (Fed), mostrou desaceleração, o que provocou uma reação positiva nas bolsas e queda nos juros dos títulos do Tesouro. Neste momento, expectativa é de que o Fed mantenha a cautela antes de iniciar cortes de juros, com a probabilidade aumentando para que venha a ocorrer em setembro. No entanto ainda vemos alguns especialistas céticos informando que só acontecerá em 2025.

Por outro lado, no Brasil, o real sofreu uma forte desvalorização, alcançando R$ 5,6 por dólar, reflexo de uma crescente percepção de risco doméstico. A publicação da ata do Copom e do Relatório de Inflação indicou estabilidade na taxa básica de juros nos próximos trimestres. O IPCA-15 de junho veio abaixo das expectativas, e a taxa de desemprego caiu ao menor nível em 10 anos, com rendimentos do trabalho em alta constante.

Apesar disso, o resultado primário do governo central mostrou um déficit de R$ 60,9 bilhões em maio, com aumento significativo das despesas, dificultando o cumprimento da meta fiscal de déficit zero. Dessa forma, elevando o risco país e consequente aumento nos pedidos de prêmio da renda fixa.

Salto nos juros

A movimentação dos juros futuros gerou grande curiosidade no mercado, especialmente com a redução do diferencial entre os contratos de janeiro de 2026 e 2034, que caiu de 88,90 bps para 83,00 bps. Isso resultou em uma curva de juros menos inclinada, com taxas de juros reais dos títulos NTN-B, atrelados à inflação, atingindo 6,40% ao ano.

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Movimento que surpreendeu diversos investidores, pois afetou toda a extensão da curva de juros. O destaque ficou por conta dos vértices intermediários, como o contrato de janeiro de 2027, que subiu 45 pontos-base (bps).

Esse movimento também prova a desancoragem do mercado, pois ao observarmos as projeções do mercado para os juros vemos uma tendência de alta para a taxa nos próximos meses/ano. Por outro lado, se você observar a projeção do Boletim Focus, a estimativa ainda é de queda para da Selic para 2025. Isso sem considerar que já estamos na quinta semana consecutiva de alta nas projeções do IPCA, distanciando o indicador da meta de inflação.

Destaques para a semana

Nesta semana, a atenção nos EUA estará voltada para o relatório de emprego (Payroll), enquanto no Brasil, a Pesquisa Industrial Mensal e a balança comercial serão os principais indicadores a serem observados.

Para o mês é importante observar o início da temporada de resultados trimestrais das empresas pelo mundo, bem como no Brasil mais para o meio do mês. Momento de geralmente adiciona volatilidade nos mercados em geral.

Estratégias para investidores: salto nos juros chegou no limite?

Para investidores, a diversificação é essencial neste cenário. Tudo indica que o esse o cenário de juros seguirá volátil.

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Aproveite a alta dos juros futuros e invista em títulos NTN-B, que oferecem uma taxa real elevada de 6,40% ao ano. Essa estratégia pode proteger seu portfólio contra a inflação. Na prática combinaria a posição com títulos CDI+ (ou via Tesouro Selic 2029) em busca de maior proteção caso o cenário siga se deteriorando.

Com a desvalorização do real, considerar investimentos atrelados ao dólar pode ser uma maneira inteligente de diversificar e proteger seu capital contra incertezas econômicas. Dessa forma, os BDRs, ETFs e BDRs de ETFs servem de grande suporte para você que busca oportunidades.

Além disso, sigo dando ênfase para as ações de ações de Utilities (energia elétrica e saneamento) e exportadoras disponíveis em nossa Bolsa local. Ambas assumem um nível de rentabilidade interessante, a primeira sem tanta sensibilidade em relação ao Ibovespa e a segunda por apresentar níveis atrativos de entrar para o médio e longo prazo. Neste momento, ativos dentro desta lista de dividendos parecem em uma boa relação risco retorno, aproveite!

Nunca foi tão importante observar diferentes opiniões para encontrar oportunidades. Transforme a volatilidade em oportunidades de crescimento e prosperidade financeira no longo prazo.

Boletim Focus (01.07.24): Mais uma semana com projeção de inflação subindo

Revisões dos dados e projeções do Boletim Focos. Divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central do Brasil contendo resumo das expectativas de mercado a respeito de alguns indicadores da economia brasileira.

IPCA/24:ALTA de 3,98% para 4,00%
IPCA/25:ALTA de 3,85% para 3,87%
PIB/24:Continua em 2,09%
PIB/25:QUEDA de 2,00% para 1,98%
CÂMBIO/24:ALTA de R$5,13 para R$5,15
CÂMBIO/25:ALTA de R$5,15 para R$5,19
SELIC/24:continua em 10,50%
SELIC/25:continua em 9,50%
Fonte: Banco Central – Boletim Focus

Rendimentos dos títulos do Tesouro Direto

Alta volatilidade nos rendimentos dos títulos públicos impacta a rentabilidade anual e o preço unitário – se a taxa sobe, o preço cai e vice-versa – .

Em comparação com a semana anterior as alterações com maior destaque são:

TítuloTaxaPreço
Prefixado/31ALTA de 12,17% para 12,46%QUEDA de R$ 474,67 para R$ 467,87
IPCA+2029ALTA de 6,29% para 6,39%QUEDA de R$ 3.192,50 para 3.183,52
IPCA+2045ALTA de 6,33% para 6,41%QUEDA de R$ 1.199,97 para 1.183,44

Fonte: Tesouro Direto 01/07/2024

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