Faz algum tempo que temos acompanhado e anunciado as mudanças de postura dos investidores estrangeiros com relação ao Brasil. De sacadores de recursos durante boa parte do ano a aplicadores gradativamente pesados desde outubro. Isso fez toda a diferença e tirou o mercado dos 93 mil pontos do Ibovespa no finalzinho de setembro, para os quase 115 mil pontos de hoje. Algo próximo de 22%, e praticamente zerando as perdas de 2020.

Vacinas, real desvalorizado, juros baixos e muita liquidez internacional (agora pode ficar ainda maior com novos estímulos) estão fazendo toda a diferença. Mas calma! Também não é assim, o Brasil precisa começar a mostrar que tem jeito e que pode sair dessa sinuca atual, como reformas, competitividade e persistência em domar a situação no pós-pandemia. Só assim seremos confiáveis.

Bem verdade que as vacinas trouxeram a redução da aversão ao risco e bom apetite para arriscar mais. Isso explica também as altas no exterior e o dólar mais fraco no plano internacional. Mas ainda temos problemas na área diplomática com a China, as complicações de acordos relacionados ao Brexit, a possibilidade não afastada de segunda onda da covid-19 em diversos países, etc. Porém, nesse momento, o quadro suavizou e há revisões de PIB em vários países, e sempre para melhor.

Hoje mesmo a Fitch revisou sua projeção de PIB global em 2020 para -3,7%, saindo de anterior em -4,4%. Revisou o PIB brasileiro também para queda de 4,6%, de anterior em -5,8%. Já a Goldman Sachs projetou o PIB americano no quarto trimestre em alta de 5%, alterando de +3,2%. Tudo isso acaba motivando e se tivermos novo pacote nos EUA, o quadro de otimismo pode perdurar. O novo programa de estímulo do Japão deve ficar em US$ 707 bilhões.

Falando de vacinas, a Rússia e o Reino Unido começam programa de vacinação nesta semana, a Astrazeneca e Pfizer pediram licença emergencial para distribuir na Índia e, aqui no Brasil, o governador Dória anunciou que começa vacinação na virada de 2020. Com isso, arrumou outra encrenca com o Bolsonaro, que é contra a vacina chinesa, e pode estar lançando as bases de sua candidatura para 2022 (ainda é cedo para avaliar).     

Nos EUA, novas sanções contra autoridades chinesas por estarem desrespeitando sanções impostas contra a Coreia do Norte. Mnuchin diz estar otimista com a aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal e o noticiário dá conta de algo pouco superior a US$ 900 bilhões. O grupo do G-7 teve reunião hoje com o FMI e deve ter constado na agenda o alívio de dívidas dos países mais pobres. O volume de crédito ao consumidor em outubro ficou em US$ 7,2 bilhões, bem aquém da estimativa de US$ 17,5 bilhões.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,19%, mesmo considerando a progressividade do aumento da produção pelos membros da OPEP+. O euro era transacionado praticamente estável, em US$ 1,21 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,93%. O ouro e a prata com boas altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China é que seguiu em alta forte de 1,32% na sessão de hoje, com a tonelada em US$ 146,93.

No segmento doméstico, a pesquisa Focus trouxe o IPCA previsto para 2020 em alta para 4,21% (anterior em 3,54%) muito em função da bandeira tarifária vermelha nível 2, mas, ao mesmo tempo, suavizou a taxa de 2021 para 3,34%. O PIB estimado voltou a melhorar para -4,40% e a produção industrial para -5%. O dólar de final de ano caiu para R$ 522 e o superávit da balança comercial cresceu para US$ 58 bilhões. Isso mesmo com o déficit mostrado na primeira semana de dezembro de US$ 572,4 milhões.

No plano político, Rodrigo Maia diz esperar a PEC emergencial que o governo enviaria para colocar em votação e acrescenta ser hora de todos sentarem à mesa e aprovar o que é importante. Notícia sobre a PEC Emergencial desvinculada do teto de gastos reverteu a alta da Bovespa. Já o governo desistiu de encaminhar programa de renda mínima e o país vai seguir com o Bolsa Família.      

No mercado, dia de dólar em queda de 0,62% e cotado a R$ 5,11(na mínima R$5,06). Na B3, os investidores estrangeiros tiveram mais um dia de aporte de recursos na sessão de 3/12 de R$ 1,16 bilhão, deixando o saldo positivo de dezembro em R$ 2,62 bilhões, e o ano de 2020 ainda com saídas líquidas de R$ 48,9 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de +0,08%, mas Paris perdeu 0,64%, Frankfurt com -0,21%, e Madri e Milão com respectivamente -0,57% e -0,32%. No mercado americano, dia de Dow Jones com -0,49% e Nasdaq com +0,45% Na Bovespa, dia de inversão para -0,14%% e índice em 113.589 pontos. Na máxima do dia atingiu 114.531 pontos.

Na agenda de amanhã, teremos a inflação oficial de novembro pelo IPCA e o IPC-S da primeira quadrissemana de dezembro. Nos EUA, sai a confiança do pequeno empresário a produtividade do terceiro trimestre e durante a noite a inflação na China.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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