O dia não foi positivo em termos de noticiário. Tivemos a expansão do covid-19 no mundo e, ainda, a grande expectativa sobre a possibilidade de impeachment de Trump, na próxima sexta-feira. Por aqui, as preocupações vetustas com o quadro fiscal e pressões políticas neste início de ano, com a Moody’s, uma das três principais agências de classificação de risco, levantando sérias questões sobre risco de crédito do Brasil.

No que tange ao covid-19, a OMS anotou que todas as regiões avançaram no contágio, exceto o sudeste asiático, e esperam que a situação piorem ainda mais com as comemorações de final de ano. Nos EUA, por exemplo, hoje existem mais hospitalizados que durante a primeira onda de contágio. No Reino Unido, recordes de mortes em um dia, com Boris Johnson preocupado com a variante brasileira encontrada e sem saber se irá manter restrições a partir de fevereiro.

Nesse ambiente de contaminação, dirigentes regionais do FED, que falaram ao longo do dia, foram unânimes em afirmar que é essencial mais estímulo fiscal para setores afetados e política monetária acomodatícia durante bastante tempo. O BOJ (BC do Japão) considera rebaixar projeções sobre a economia, por conta do covid-19.

Nos EUA, a inflação medida pelo CPI (consumidor) de dezembro foi de 0,4%, com o núcleo em +0,1%, exatamente como projetado. Com isso, a inflação por esse indicador em 2020 foi de1,4%, com o núcleo em 1,6%. A novela de Trump seguiu com Nancy Pelosi dizendo que Trump é ameaça e precisa sair por ter incitado a insurreição, mas MCConnell não concorda com sessão de impeachment na sexta-feira. Os dados do Livro Bege, uma síntese da economia americana, mostrou indicadores melhores de trabalho e produção, mas a recuperação foi incompleta e desequilibrada. Vendas de automóveis enfraqueceram e faltou mão de obra qualificada, acelerada pela nova onda de contágio. Na Itália, a política também ferve com ministros da coligação renunciando, deflagrando a crise e trazendo a possibilidade de dissolução do governo.     

O estoque de petróleo dos EUA na semana passada encolheu 3,25 milhões de barris, segundo o departamento de Energia. Já a OPEP disse garantir ajuda ao mercado de petróleo para tentar equilibrar oferta e demanda diante das incertezas do mundo. O petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,55%, com o barril cotado a US$ 52,92. O euro era transacionado em queda para US$ 1,216 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em queda para 1,09%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro, negociado na China (Qingdao), registrou queda de 1,48%, com a tonelada em US$ 170,11, afetado também pela perspectiva de contagio pelo vírus.

No segmento local, destaque para a Moody’s concretamente introduzindo a possibilidade de rebaixamento da nota de crédito, dizendo que o atraso de reformas estruturantes terá impacto no perfil de crédito do país, o que não é nenhuma novidade, mas serve de alerta. Entende que permanecem os riscos de gastos acima do teto e que os fastos na pandemia foram maiores do que em outros países emergentes.  

O IBGE mostrou o volume de serviços prestados em novembro com alta de 2,6%, mas com contração no ano de 8,3%. Veio melhor que o previsto e, nos últimos seis meses, a recuperação foi de 19,2%. Porém, ainda não conseguiu voltar ao estágio pré-crise, ficando 3,2% abaixo de fevereiro de 2020. Os serviços prestados às famílias expandiram 8,2% e transporte em alta em sete meses cresceu 26,7%. Isso não muda muito a expectativa de PIB para o quarto trimestre, mas pode melhorar se dezembro for também bem positivo, o que é difícil.

O que vai bem é a safra de grãos projetada em novo recorde de 260,5 milhões de toneladas, significando expansão de 2,5%. Já o presidente Bolsonaro parece querer tirar o presidente do Banco do Brasil por conta do anúncio de fechamento de agências, postos e programa de demissão voluntária, que os investidores tinham gostado. André Brandão pediu demissão do cargo, depois de posse em setembro.

No mercado, dia de dólar oscilando muito entre altas e baixas para fechar com – 0,23% e cotado a R$ 5,31. Na Bovespa, na sessão de 11/01 houve ingresso de R$ 2,35 bilhões, deixando o saldo positivo de janeiro em R$ 13,11 bilhões. Aqui prevaleceu o mau humor dos investidores realizando lucros recentes em ações de maior liquidez e breve melhora no meio da tarde acompanhando mercado americano.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,13%, Paris com + 0,21% e Frankfurt com + 0,11%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,18 e 0,43%. No mercado americano, dia de Dow Jones com – 0,03% e Nasdaq com +0,43%. Na Bovespa, dia de queda de 1,67% (quase chegou a perder o patamar de 121.000 pontos), encerrando em 121.933 pontos.

Na agenda de amanhã não teremos nenhum indicador importante no Brasil. Sai o PIB da Alemanha, os pedidos de auxílio desemprego nos EUA na semana anterior, o preço de casas novas e discursos do FED, incluindo o presidente Jerome Powell.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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