O mau humor dos investidores se fez presente no mundo e trouxe reviravolta para os mercados que, no início do dia, apresentavam boas expectativas. Bem que lembramos que a agenda tinha capacidade de mexer com a volatilidade, e isso acabou acontecendo.  Aqui, até com maior razão, em função do encaminhamento que começa a tomar a PEC emergencial, onde os parlamentares querem fatiar concedendo rápido auxílio emergencial, mas sem contrapartidas de corte de gastos. O Tesouro diz não ser sustentável sem contrapartidas. Fico com ele.  

No Brasil, é sempre assim: as benesses chegam rápidas, mas os cortes demoram ou não aparecem, obrigando aumento da carga tributária para compensar, as medidas adotadas na marra como a redução de tarifa de energia do governo Dilma ou as maquiagens sempre possíveis. Os investidores reagiram mal a isso, e a Bovespa reverteu alta do início da manhã em forte queda, o dólar acima de R$ 5,50 obrigou intervenção do Bacen vendendo moeda à vista no montante de US$ 920 milhões (de nada adiantou) e os juros esticaram. Ainda tivemos a Fitch, uma das três maiores agências de classificação de risco alertando para reformas essenciais para não piorar o rating do país, sustentado até aqui pelo desempenho das contas externas.

No mercado internacional, o mau-humor também apareceu na preocupação com a elevação dos juros mais longos com os notes de 10 anos vazando o patamar de 1,46%, tornando a recepção de dividendos menos atraente. Isso, apesar de todos os dirigentes regionais do FED dizerem não estar preocupados com a escalada de juros no curto prazo.

O índice VIX, tido como do o “índice do pânico” subiu mais de 20% durante a sessão e as Bolsas no exterior inverteram tendência. Também tivemos a divulgação de indicadores de conjuntura nos EUA.

Nos EUA, as encomendas de bens duráveis de janeiro expandiram 3,4% em janeiro, quando o previsto era alta de somente 1%. Os pedidos de auxílio-desemprego reduziram 111 mil posições para 730 mil, de previsto em 845 mil pedidos. O PIB do quarto trimestre em sua segunda leitura mostrou expansão anualizada de 4,1%, de esperados 4,2% no quarto trimestre. A inflação pelo PCE (deflator de consumo) com taxa anualizada de 1,6%, e também o núcleo anualizado de 1,4%. Segundo

Esther George, do FED de Kansas, a alta dos juros dos títulos de mais longo prazo não demanda resposta de política monetária e reflete o otimismo com a retomada.

Já Nancy Pelosi, presidente da Câmara, espera que o pacote fiscal seja aprovado ainda nesta sexta-feira, o que seria positivo para reduzir o desemprego. Diz também ser fundamental elevar o salário mínimo com a proposta de Biden, de US$ 15 por hora trabalhada. O PIB do México no quarto trimestre cresceu 3,3%, mas em 2020 encolheu 8,5%. Mas o que pesou mesmo foram juros em alta.

O dia nos EUA foi marcado por novo ataque especulativo com as ações da GameStop que subiram mais de 65%. No mercado internacional, dia de reversão no preço do óleo WTI negociado em NY, com queda de forte e nova recuperação. No fechamento, mostrava +0,25% e barril cotado a US$ 63,38. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,218 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,41%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com inversão para quedas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro registrou alta de 0,89% em Qingdao (China), com a tonelada cotada em US$ 174,24.

No segmento local, Bolsonaro voltou a falar do compromisso social das empresas estatais, incendiando novamente o processo de interferência e certamente desvalorizando privatizações/capitalizações de estatais. Pressão por recursos trouxe tensão sobre a secretaria de orçamento que teme atropelamento de regras. Ou seja, o tom seguiu ruim.

O Bacen anunciou que o estoque de crédito ficou estável em janeiro em R$ 4,02 trilhões significando 54,1% do PIB juros do crédito livre subiram para 28,4% (anterior em 25,5%), o spread também para 23,4%, a inadimplência em 3% (de 2,9%)e a concessão de crédito livre caindo em janeiro 24,5%. O endividamento das famílias subiu para 55% em novembro e juros do rotativo do cartão com taxa de 329,3% ao ano e em alta. A Receita Federal divulgou a arrecadação de janeiro em R$ 180,22, em queda real de 1,5% mesmo com reforço do pagamento de IRPJ e CSLL.

O Tesouro anunciou que tivemos superávit primário em janeiro de R$ 61,7 bilhões, mas o déficit em 12 meses atinge 10% do PIB. O déficit do INSS de janeiro foi de R$ 18,5 bilhões, receitas reais caindo 0,1% e despesas também com queda de 0,4%.

No mercado, dia de dólar com +1,72% e cotado a R$ 5,51. Depois da interferência do Bacen vendendo à vista e na Bovespa, na sessão de 23/2, os investidores estrangeiros retiraram R$ 2,35 bilhões, com o saldo do mês de fevereiro mostrando saídas de R$ 4,64 bilhões, mas com o ano de 2021 ainda positivo em R$ 18,9 bilhões, em dois pregões sacaram quase R$ 10 bilhões.

No mercado acionário, dia de reversão nas Bolsas europeias, com Londres em queda de 0,11%, Paris com -0,24% e Frankfurt com -0,69%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 0,58% e 0,15%. No mercado americano, forte pressão vendedora fizeram o Dow Jones fechar com -1,76% e Nasdaq com -3,52%. Na Bovespa, dia de queda de 2,95% e índice em 112.256 pontos. Única coisa em alta foi a volatilidade. Petrobras com queda de 4,96%.

Na agenda de amanhã, dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em dezembro, a nota de política fiscal de janeiro e fixação da bandeira tarifária de março. Investidores vão também repercutir o resultado de Vale. Nos EUA, o saldo comercial de janeiro, renda e gasto pessoal, PCE de janeiro e a confiança do consumidor de Michigan de fevereiro.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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