Aproveitando que o assunto do mês de maio é o Dia das Mães, trago o tema de maternidade e carreira, que não é novo mais ainda tem muito a ser debatido. É comum as mulheres se questionarem se é possível conciliar a maternidade com a profissão. Assim como também é comum recebermos questionamentos de familiares, amigos (as), colegas e parceiros (as). E, estes questionamentos, sejam eles internos ou externos, causam uma certa angústia e ansiedade nas mulheres que pensam ter que escolher entre dois sonhos, ou aquelas que tentam manter as duas funções, mas vivem carregando a culpa em seus ombros.

Nada contra a mulher optar por se dedicar exclusivamente ao cuidado dos filhos, aliás é louvável e certamente contribui para a formação das crianças, mas a meu ver, não deveria ser visto como uma obrigação, mas sim uma opção. Adicionando ainda que existem muitos casos em que a mulher simplesmente nem tem opção de escolha, por ser a única ou principal provedora financeira da família.

E existem mulheres que simplesmente não desejam a maternidade e, está tudo bem. É um direito que deve ser respeitado. Por outro lado, é óbvio que existem homens que cuidam dos filhos, alguns até que renunciam ascensão profissional para apoiar suas esposas e se dedicar à criação dos pequenos (as), mas eles são minoria. Assim como também existem famílias com dois pais que são tão amorosos quanto qualquer mãe. Então, crédito dado a estes bravos papais, não vamos nos ater neste tópico, já que nosso assunto está relacionado a elas, mães.

“Não achava que tinha habilidade com criança”

Contando um pouco da minha experiência, sempre fui muito dedicada à minha carreira e, de verdade, achava que ser mãe não era para mim. Não achava que tinha habilidade com criança e meu trabalho como Controller em empresa do Agronegócio, e que sempre fazia viagens, me fazia acreditar que não seria possível.

Mas, eis que a gravidez me pegou de surpresa aos 32 anos. Claro que fiquei em choque quando vi o resultado do teste, mas o apoio que tive de meu parceiro e de minha diretora foram essenciais naquele momento. Não apenas me ajudaram a ver que não precisaria desistir da profissão para ser mãe, mas me ajudaram a perceber que seria possível continuar sendo uma profissional dedicada e assumir um novo posto, o de mãe amorosa.

Sem romantizar a maternidade

E hoje, digo com a boca cheia que a maternidade foi o melhor que já me aconteceu. No meu caso, junto com um bebê nasceu uma mãe e um amor sem explicação ou definição. Não vou romantizar, é certo que foram várias noites sem dormir e revezávamos no cuidado daquele serzinho tão pequeno e indefeso que demandava tanto cuidado e atenção.

O dia mais difícil da minha vida certamente foi o dia que voltei da licença maternidade e deixei meu bebê com uma cuidadora. Assim como foi desesperador a primeira viagem que fiz a trabalho e era apenas uma noite fora de casa. E também foi absurda a dor que senti quando no dia seguinte à festinha de 1 ano eu embarquei para uma viagem internacional, desta vez para ficar ausente por 15 dias. E, naquela época nem tínhamos chamada de vídeo, o que certamente facilita a vida atual.

Mas, com uma boa rede de apoio, posso afirmar que foi possível superar os momentos mais difíceis e vivenciar os momentos mais prazerosos com minha família. E, para isto, tive que aprender a delegar atividades no trabalho. Desta forma, pude estar presente no primeiro dia da natação, nas muitas festas juninas e apresentações de Dia das Mães, estas eu não perdia por nada.

Hoje já com o filho na adolescência e se preparando para o vestibular, os receios são outros, as preocupações também são outras, mas me enche o coração de orgulho ver o rapaz íntegro, cheio de valores e muito independente que ele se tornou.

O que posso falar sobre minha jornada, que ainda está em andamento, é que a maternidade me transformou em uma melhor pessoa e uma melhor profissional, mais atenta, mais flexível e criativa. Desenvolvi habilidades que nem imagina ser capaz de ter.

O machismo estrutural

Apesar do orgulho que tenho em contar da minha experiência de maternidade e profissional, entendo que, como mulher, temos muitos desafios e principalmente que nem todas trilham caminhos iguais. E esta é uma das razões por que sou defensora de valorização da diversidade e da maternidade. Porque ainda que mulheres incríveis tenham feito história, a participação feminina na vida profissional ainda é menos valorizada. As mulheres ganham menos, possuem menos oportunidade de alcançar cargos mais elevados em suas carreiras e muitas vezes ainda carregam uma dupla ou tripla jornada. Então, cabe a nós, mulheres, mostrarmos que é possível ser o que quisermos e, neste aspecto a representatividade é muito importante.

Infelizmente ainda é bem comum que em um processo seletivo se perguntem para uma mulher se ela pretende engravidar ou, para aquelas que já são mães, quem é responsável pelo cuidado das crianças. Certamente um homem não ouvirá perguntas deste tipo, haja vista o legado cultural que temos de que as mulheres devem ser as principais responsáveis pelo cuidado e criação dos filhos. Estas perguntas se tornam discriminatórias e prejudiciais.

Também, ainda se percebe casos de demissão após a maternidade. É bem verdade que já conquistamos algumas garantias legais para isso, mas a realidade discriminatória ainda existe e prejudica não apenas as mães profissionais, mas também as meninas pela falta de representatividade.

Como mudar isso?

E qual seria então o papel das empresas? Promover um ambiente com mais inclusão, preparar recrutadores (as) para não reproduzirem preconceitos durante o processo seletivo e preparar gestores (as) para lidar com todos os perfis de profissionais, independente de gênero, raça ou se possuem ou tem intenção de ter filhos ou não.

Como membro e diretora da W-CFO, associação de mulheres executivas de finanças com o objetivo de apoio mútuo e promoção da diversidade na área financeira, tenho presenciado lindas histórias de profissionais e maternidade, histórias de superação e de reinvenção. E cada dia mais vejo que o apoio mútuo é importante e necessário. Não adianta reclamarmos de posturas machistas, precisamos nós mulheres apoiarmos outras mulheres para que possam alcançar seus objetivos.

E para as futuras mamães, deixo 3 recomendações:
1 – Prepare uma boa rede de apoio. Você vai precisar!
2 – Busca empresas que apoiam a diversidade, que tenham políticas de ESG (responsabilidade social, ambiental e governança).
3 – E por último e mais importante: Não se culpe! Sim, haverá dias de acertos e dias de erros. Mas, você consegue!

Roberta de Fátima Minetto Cantelmo, 48 anos, esposa do Fernando, mãe do Rodrigo, madrasta da Júlia e “avó-drasta” da Manu e da Liz. Amante da natureza, dos animais e das artes, também Contadora formada pela USP; MBA em Controladoria pela mesma instituição. Ocupou posições de liderança em Controladoria e Governança em empresas multinacionais, principalmente ligadas ao agronegócio, atualmente no segmento de exportação de açúcar. Mentora e Diretora de Governança e Tesouraria da W-CFO, Associação de mulheres executivas de finanças com o objetivo de apoio mútuo, promoção da diversidade e inspiração para novas profissionais na área de finanças.

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