“Estou há mais de 15 anos brigando pela participação no Conselho de Segurança. Agora vou falar com meu amigo Biden ‘você pode tratar de começar a defender o Brasil’, afirmou Lula. O presidente vai aos Estados Unidos em setembro, para a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Dos cinco membros históricos do Conselho, Reino Unido, França e Rússia haviam sinalizado positivamente, o que não ocorreu com EUA e França. “Os Estados Unidos nunca disseram não perto de mim, mas também não disseram que não. Eles não querem que a gente entre, mas acho que eles vão mudar. A gente vai brigar com eles para entrar.”
Ministros de Lula dizem que as últimas declarações dos Estados Unidos foram mais favoráveis ao pleito brasileiro e que há um bom momento para fazer o tema avançar. Em janeiro, eles assinaram declaração que dizia: “Os dois líderes expressaram a intenção de trabalhar juntos para uma reforma significativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como a expansão do órgão para incluir assentos permanentes para países na África e na América Latina e Caribe, de modo a torná-lo mais representativo dos membros da ONU e aperfeiçoar sua capacidade de responder mais efetivamente às questões mais prementes relacionadas à paz e à segurança globais.”
Segundo Lula, antes o Brasil trabalhava no G4, uma articulação para se candidatar ao Conselho, mantida por Brasil, Alemanha, Japão e Índia. A China jamais aceitou ceder para a presença de uma potência na região, com a qual tem diferenças. “A China não queria, delicadamente, que o Japão entrasse.”
Embora a declaração do Brics não crie obrigatoriedades, os diplomatas esperam que a China siga o que disse no documento. O texto foi assinado em conjunto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O documento diz: “Apoiamos uma reforma abrangente da ONU, incluindo o seu Conselho de Segurança, com vista a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos membros do Conselho, para que possa responder adequadamente às desafios globais prevalecentes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento de África, Ásia e América Latina, incluindo o Brasil, a Índia e a África do Sul, de desempenharem um papel mais importante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança.”
Questionado se havia pedido garantias a Xi Jinping, Lula afirmou: “O acordo é entre o conjunto das pessoas. O Brics vai começar a se posicionar. O Xi Jinping tem um problema que eu sei histórico com o Japão. Mas todo mundo sabe que o Conselho de Segurança tem que mudar”.
Troca da dívida africana
O presidente Lula reconheceu que “vai ser difícil” convencer os credores a autorizar a substituição da dívida de países africanos por investimentos em desenvolvimento e infraestrutura nesses mesmos países. Desde que chegou à África, Lula tem dito que pretende ajudar a negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para que, em vez de cobrar o pagamento da dívida, aceite a conversão em obras. A dívida dos 54 países é de cerca de U$ 700 bilhões.
Aliança de Trabalho
O presidente informou ainda que vai articular com Biden um projeto conjunto para proteção de direitos dos trabalhadores e geração de empregos, para o G20 e a Assembleia Geral das Nações Unidas. Eles vão assinar o documento em conjunto.
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