Estamos vendo um crescimento da participação da mulher em posições de liderança, todavia ainda temos muito que crescer em diversas frentes.

Estou num grupo de investidores e conselheiros em start-ups e recentemente veio um comentário de uma investidora de que a mulher não tem o mesmo tempo de fala, comparada aos homens, nos pitches onde as empresas (start-up) são apresentadas aos investidores. Os homens as interrompem, não conseguem finalizar o raciocínio e consequentemente não conseguem atrair investidores.

Surgiram diversos comentários de homens do grupo, os quais são maioria neste grupo de investidores, lógico, apoiando as mulheres.

Queria chamar a atenção para o fato de que o discurso “basta ser competente, pois a mulher é igual ao homem” não é nem um pouco verdadeiro, vemos muitas mulheres ainda mais competentes que os homens sendo preteridas em cargos de destaque, simplesmente porque é mulher.

Recentemente tomei conhecimento de um caso em que a mulher escolhida para uma determinada posição não passou no crivo da esposa do executivo, pois a achou muito atraente e embora ela apresentasse as melhores competências técnicas e emocionais para a posição, o executivo declinou e escolheu um homem. Isto foi ético? Este executivo e esta empresa tem valores alinhados com ESG, especialmente em Governance? Esta foi a melhor decisão para empresa? Certamente não, mas o mundo corporativo está repleto de situações similares.

“Basta ser competente, pois a mulher é igual ao homem”

As mulheres normalmente acreditam nesta fala “basta ser competente, pois a mulher é igual ao homem”, então trabalham a quíntupla jornada, jornadas estendidas na empresa para mostrar sua dedicação, jornada em casa, jornada para os filhos e ainda estudam muito, fazem cursos, buscam se atualizar, etc. Existem pesquisas de empresas renomadas que mostram que o nível de estudos das mulheres é maior que dos homens, em diversas posições e níveis. Só que isto não é suficiente, pois ainda há uma preferência por homens no mercado de trabalho.

Precisamos agir com mais sororidade, ou seja, assim como os homens se apoiam (fraternidade), as mulheres também devem se apoiar (sororidade), em todos os segmentos, situações, etc. É necessário mudar a educação desde a infância das meninas, pois a rivalidade entre mulheres está incrustrada em todas as culturas, não só no Brasil, pois vem de uma longa história de competição pelos melhores casamentos, ainda nos tempos em que a mulher não podia trabalhar, votar, estudar, praticar esportes, liderar uma casa ou um negócio.

Fortalecer o coletivo

A competição entre as mulheres enfraquece todas as mulheres. Devemos ficar alertas aos julgamentos em relação às escolhas das mulheres. Reconhecer e respeitar o lugar de fala da mulher, falar e ouvir fortalece os vínculos. Praticar empatia, reconhecer a dor da outra mulher e apoiar. Respeitar as diferenças (sexo, raça, classe social, idade, opção sexual, etc.) fortalecendo a individualidade e a coletividade, pois o espaço da não semelhança é muito desafiador, por isso devemos apoiar sempre outra mulher.

Há ainda estudos que mostram que a maioria das start-ups são criadas e lideradas por homens. Por que será? Certamente porque eles se apoiam e em função deste apoio, se sentem mais seguros para abrir seus negócios e vende-los nos pitches.

Por outro lado, a mulher não é incentivada a ser investidora, talvez por acreditar que seja muito complexo, que não dará conta ou que não terá sucesso, nem apoio. Somente mudaremos este quadro quando as mulheres, acreditarem que podem ousar, podem investir e ter sucesso. E acima de tudo, quando as mulheres se apoiarem.

Novas gerações estão surgindo e temos a oportunidade de educar nossos filhos e filhas para acolherem as mulheres e genuinamente acreditarem que não há diferença entre os sexos com relação à competência para o mercado de trabalho. O apoio genuíno às entidades que apoiam a equidade de gênero também é fundamental.

No W-CFO Brazil, trabalhamos para aumentar a representatividade da mulher no C-Level, através do apoio com conteúdo relevante e networking para CFOs, mentoria para executivas em nível gerencial que almejam a posição de CFO e educação financeira para mulheres em vulnerabilidade.

É isso, precisamos de ações efetivas para abrir o caminho para mulheres hoje, e também para as gerações futuras que inclusive poderão ser filhas ou netas de homens que hoje não apoiam as mulheres.

Angela Pugliese, Empreendedora, Diretora Financeira, Economista, com MBA Executivo Internacional pela USP e Master em PNL (Programação Neurolinguística). 
Atua há 20 anos como CFO em grandes empresas multinacionais, nos segmentos de infraestrutura, serviço, indústria e varejo. Co-fundadora  e Diretora Geral do W-CFO Brazil,  mentora de CFO e Gerência financeira. Atualmente sócia e CFO da Agni Solar Brasil, empresa que atua no segmento de energia renovável, focada em sustentabilidade e autonomia energética.
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