Em 1977, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, data celebrada por todo o mundo. Apesar da conquista desse reconhecimento universal, a jornada feminina foi e continua longa. As lutas são diversas, desde o direito ao voto, à educação, ao divórcio e à qualidade de vida. Entre triunfos e desafios, nós, mulheres, ainda somos as mais vulneráveis em tempos como os de Covid-19, por conta da violência física, desemprego e educação dos filhos. Continuamos como o segmento da população mais afetado e mais exposto durante uma pandemia. 

Os últimos doze meses, em particular, foram muito árduos. O peso maior das responsabilidades ficou nas mãos de mães, enfermeiras, médicas, professoras e meninas. E as perguntas que não querem calar são: o que podemos fazer para nos blindar e nos proteger? Como podemos tratar o nosso amanhã? O que nós, mulheres, que somos as mães de homens, podemos realizar dentro de nossas casas para não perpetuarmos o machismo estrutural?

Foto: Freepick

1.   União feminina: sobre o assunto, tenho um mantra (um pouco duro e agressivo, mas que reflete a necessidade de se solidarizar): “Mulher que não ajuda mulher tem um lugar especial no inferno”. É fundamental criarmos redes de proteção. Mulher é amiga de mulher, ajuda a outra, cria oportunidades para que ela(s) se insira(m) no mercado de trabalho. O tempo da competição ficou para trás, então o que deve prevalecer é o apoio mútuo.

2.   Infraestrutura: mulher precisa ter uma infraestrutura para poder crescer. Maternidade não pode ser uma condenação ao desemprego. Devemos perder menos tempo com slogans como “meu corpo, minhas regras” e, sim, irmos atrás de ações e medidas governamentais para o cuidado infantil, creches e escolas integrais para crianças até os sete anos. Trabalhos comunitários podem ser providos por mulheres em melhores condições para situações mais precárias. Trata-se de uma rede de proteção: precisamos contar uma com a outra.

3.     Educação: lugar de mulher é na escola, na universidade, na ciência, nas empresas. Temos que nos educar e, portanto, estudar. Mulher com independência financeira toma decisões e tem voz ativa.

4.    Autoestima: temos que nos ajudar e, de preferência, trocar muitos elogios.  Convivemos em casas onde a melhor comida, o melhor pedaço de bolo sempre ia para o sexo masculino. Habitamos essas residências, dávamos os melhores pedaços para os nossos maridos e para os nossos filhos, em um ato de inferioridade. Ainda hoje, delegamos os trabalhos domésticos, tão importantes para a sobrevivência dos humanos, para as meninas, e o futebol, para os meninos. Lembrem-se: a mãe é quem cria estas crianças que estão crescendo machistas, então cada uma deve desconstruir, de forma processual, essa perspectiva dentro de si. A mudança começa em nossos lares e, aliás, uma das primeiras ações nesse contexto é elogiar e incentivar nossas meninas.

5. Independência financeira: recordam-se da rede de apoio? Comprem mulheres, valorizem programas de diversidade dentro das empresas, auxiliem uma sobrinha. Não se esqueçam de olhar para aquelas que têm muito menos que você em termos materiais. Mesmo que a independência financeira seja uma realidade para vocês, não se contentem, afinal, para cada uma que chega a esse patamar, é necessário trazer mais 10. Vamos iniciar essa ação exponencial?

Mariana Lázaro

Com mais de 20 anos de experiência na área financeira, tem atuando em empresas multinacionais com cargos nacionais e internacionais. Mariana Lázaro ocupa hoje o cargo de CFO (Chief Financial Officer, Chefe do Setor Financeiro) da SumUp America Latina, no Brasil. Possui passagens por organizações como Unisys e Fiserv.  É graduada pela Universidade de San Diego e tem MBA  pelo MIT ( Massachusetts Institute of Technology) Management Sloan School.

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