Amanhã (21), teremos duas decisões históricas de política monetária por meio dos anúncios dos comitês dos Bancos Centrais dos Estados Unidos e do Brasil, também conhecidos como FOMC e COPOM. E são por motivos bem diferentes, quase que opostos.

O FOMC está sendo pressionado por ser mais duro, depois que a economia continuou mostrando sinais de crescimento acelerado e “hiperaquecimento” no mercado de emprego. A pressão também vem do mercado de renda fixa, as Treasuries, cujo preços dos títulos do governo continuam a cair para patamares vistos em 1992, 4% de taxa ao ano.

Se o FOMC acelerar o recente ritmo de altas de 75 pontos-base para 100 pontos-base, será a alta mais alta da história americana desde que a taxa de juros se tornou o principal instrumento de política monetária em 1991. Neste momento, a chance de isso acontecer precificada no mercado futuro é de 20%, sendo 80% para uma alta de 75 pontos-base.

Indo além, temos já precificado na curva de juros, uma sequência de altas que levaria a taxa básica americana para 4,50% em março do ano que vem. Logo, com o dólar em níveis recordes, bolsas no mundo sofrendo a reboque dos ativos americanos, parece que estamos na fase mais crítica da alta de juros nos Estados Unidos.

Dito isso, acredito que o FOMC deveria usar a alta de 100 basis-points (bps) como a melhor jogada amanhã. Isso ancoraria a curva de juros, deixaria claro para todos que essa gestão não vai deixar a inflação sair do controle, e tudo isso com apenas um adiantamento de 25 bps de uma curva que já tem mais 150 bps precificados.

Essa seria uma forma de adiantar algo que ele faria de qualquer forma, mas causando impacto máximo em termos de credibilidade. Avalio que, num primeiro momento, a bolsa poderia até sofrer com essa notícia, mas depois se beneficiaria pela ancoragem das expectativas de longo prazo. Ou seja, nesse caso, vou com a minoria, vou ser contrarian.

Já no COPOM, estaremos marcando o final do nosso ciclo de altas, com a manutenção ou com uma alta final de 25 pontos-base, o que colocaria a Selic em 14%. A probabilidade dessa última alta é de cerca de 20%, com 80% para a manutenção.

Acredito que apesar de os números recentes de inflação estarem mais fortes que o esperado, e o mesmo valendo para os números de atividade, não existe clima político nem demanda do mercado para um movimento final. Na verdade, a pressão está na ponta oposta, com diversos participantes dizendo que “estão dados” (termos que significa que estão apostando na queda das taxas de juros futuras) e esses participantes têm cortado agressivamente a inflação esperada no boletim Focus para este ano (6%) e para o próximo (5%).

Neste caso, vou com a maioria e acredito que o COPOM irá optar pela manutenção. Isso deve ter impacto quase nulo nos mercados financeiros, ainda mais acontecendo depois de um FOMC tão importante, e num período em que as pesquisas de votos que são divulgadas todo dia têm tido uma relevância muito maior do que dados e medidas econômicas.

Com todo esse cenário cheio de possibilidades, acreditamos que o melhor seja ficar drasticamente com menos risco durante os próximos dias. É o que temos feito na nossa carteira multimercado, principalmente, nesses patamares de preço atuais em que os ativos não parecem nem tão caros nem tão baratos no curto prazo. Hora de observar um pouco de fora e deixar o pau comer.

Rodrigo Natali, estrategista-chefe na Inv Publicações.

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