O conflito entre Israel e Hamas, iniciado em 7 de outubro quando o grupo terrorista que opera em Gaza, na Palestina, atacou por terra, ar e mar, escancarou a dependência que os países têm por petróleo. Isso porque um terço da produção mundial da commodity sai do Oriente Médio e a guerra que se iniciou, naquela ocasião, teve impacto imediato no preço.

Para se ter ideia, no dia 6 de outubro – um dia antes do ataque – o barril do petróleo tipo Brent estava cotado a menos de US$ 90. Na sequência, ele ultrapassou este patamar e acendeu o alerta dos governos sobre inflação global e juros. Entretanto, como a guerra não escalou em um primeiro momento, houve correção de preços.

No fechamento de mercado do dia 23, o contrato do Brent para dezembro caiu 2,53%, a US$ 89,83, enquanto o WTI para dezembro recuou 2,94%, a US$ 85,49 por barril. Ainda assim, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) prevê que a demanda irá acelerar. A expectativa da Opep é de um aumento contínuo na procura mundial de petróleo até 2045. O relatório aponta que a procura irá atingir 116 milhões de barris por dia até 2045, de acordo com um cenário de referência, o que representa 16,5% a mais do que em 2022.

Os números representam também um aumento de seis milhões de barris por dia em relação à estimativa de 2022, que apontava 109,8 milhões de barris diários. Para a Opep, a procura mundial será impulsionada por países que não são membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com a Índia como principal motor.

O economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, explica que atualmente as nações da Opep produzem cerca de 30% do petróleo bruto do mundo. “A Arábia Saudita é o maior produtor individual de petróleo da Opep, produzindo mais de 10 milhões de barris por dia. A principal missão da Opep é coordenar e unificar as políticas petrolíferas de seus países membros para garantir a estabilidade dos preços no mercado internacional de petróleo”. 

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Segundo ele, a organização atua determinando quotas de produção para seus membros, o que influencia diretamente a oferta global de petróleo. “Quando a Opep decide aumentar ou diminuir sua produção, isso pode ter um impacto significativo nos preços do petróleo em todo o mundo”, destaca.

Eyng aponta que a influência da Opep no cenário internacional é notável por várias razões:

  • Para os países membros, o petróleo geralmente constitui uma parcela significativa de suas receitas de exportação e, portanto, as políticas da Opep têm um impacto direto nas economias desses países;
  • Flutuações nos preços do petróleo, resultantes das decisões da Opep, podem afetar a inflação e o crescimento econômico em várias partes do mundo. A alta dos preços do petróleo pode aumentar os custos de produção e levar a aumentos nos preços dos bens e serviços;
  • As políticas da Opep também podem influenciar as decisões de investimento em energias renováveis e tecnologias mais limpas, à medida que os países buscam diversificar suas fontes de energia e reduzir sua dependência do petróleo.

Dependência do petróleo 

O economista reforça que com a guerra entre Israel e o Hamas, o mercado de petróleo ficou abalado com o potencial de expansão do conflito e impacto nos países produtores da região. “A Opep é uma organização intergovernamental fundada em 1960, atualmente composta por 13 países membros”, diz.

De acordo com o especialista, integram o cartel os seguintes países: 

  • Argélia
  • Angola
  • Gabão
  • Irã
  • Iraque
  • Kuwait
  • Líbia
  • Nigéria
  • Congo
  • Arábia Saudita
  • Emirados Árabes Unidos
  • Venezuela
  • Guiné Equatorial

O que é a Opep+?

Em relação à Opep, Eyng explica que trata-se de uma coalizão entre a Opep e dez outros países produtores de petróleo, liderados pela Rússia. “Este grupo foi formado para coordenar a produção de petróleo e estabilizar os preços do mercado. O acordo Opep+ permite que a Opep e seus aliados ajustem a produção em resposta às condições do mercado”. Caso estes países integrantes do cartel entrem em conflito, há grandes possibilidades de ataques aos poços de exploração, cuja grande maioria se encontra em terra, não em mar. “O preço de extração na Opep é frequentemente mais acessível, porque muitos dos poços estão localizados em terra, não em águas profundas ou em alto mar. Isso, de fato, reduz os custos associados à exploração e produção”, destaca.

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O executivo acrescenta que o cartel controla cerca de 30% do mercado global de petróleo. “No entanto, devido à guerra entre Israel e o Hamas, há um risco significativo de ataques a estes poços de petróleo e combater incêndios nesses locais é uma tarefa extremamente desafiadora”, indica. Além disso, outros países árabes podem entrar no conflito e, caso isso aconteça, tanto países aliados à causa da Palestina, quanto aliados a Israel, podem fazer um boicote, o que automaticamente faria os preços dispararem. “Se esse cenário se concretizar, os preços dos combustíveis podem disparar, levando a aumentos generalizados na inflação global”, aponta. 

Taxa de juros

O CEO da Multiplike lembra que, como resposta, os bancos centrais podem optar por aumentar as taxas de juros para controlar a inflação, o que, por sua vez, pode reduzir o crescimento econômico global. “Em uma situação assim, os mercados de ações podem sofrer quedas substanciais devido à incerteza e à redução das perspectivas de crescimento econômico”. E complementa: “em contrapartida, os investimentos em renda fixa podem se tornar mais atraentes, pois oferecem uma alternativa mais estável em tempos de volatilidade do mercado.” 

Ele reforça que este cenário ilustra como eventos geopolíticos podem ter um impacto significativo nos mercados financeiros e na economia global. “Isso evidencia a importância de uma diversificação adequada dos investimentos para proteger o portfólio contra tais riscos”, diz.

Relações com o mercado de energia

O sócio da gestora Equus Capital, Rubens Terra, lembra que apesar de o Brasil produzir boa parte do seu Petróleo, ainda precisa importar pouco mais de 10-15% do que consome, o que o torna exposto ao preço do petróleo internacional. “Além disso, 30% das nossas termelétricas usam derivados de petróleo como combustível e 60% gás natural”

“Nesse momento, devido a eventos climáticos extremos, como a estiagem na região Norte, precisamos ligar termelétricas com preço de produção 15x maior do que a das usinas hidráulicas que estão substituindo”, frisa.

E conclui: “uma escalada de térmicas no mesmo momento em que o preço dos derivados de petróleo fica mais alto, pode impactar significativamente o preço da energia para todos os consumidores. Isso tudo só ressalta a importância de diversificar a matriz energética e potencializar investimentos em fontes renováveis alternativas, como energia solar e eólica.”

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