Preocupadas com suas reputações e riscos legais, algumas empresas estão optando por não divulgar suas metas climáticas, ou divulga-las minimamente praticando o Green Hushing ou Silencio Verde.
Uma tendência inusitada, já que vem na contramão do velho conhecido exagero do Green Washing ou maquiagem verde, que tem a marca do excesso das divulgações que supervalorizam as metas e conquistas.
Segundo um professor de marketing e sustentabilidade da Universidade de Surrey, no Reino Unido, Xavier Font, o Green Hushing pode ser definido como: “A minimização deliberada de uma organização sobre suas práticas de sustentabilidade por receio de parecer menos competente ou por trazer algum tipo uma consequência negativa”.
O termo ganhou destaque em outubro de 2022 quando a South Pole, uma consultoria suíça de financiamento de carbono observou essa tendência que chamou de silencio verde, após pesquisa com 1200 empresas autodeclaradas “emissoras pesadas” em 12 países,
Segundo a Consultoria, aproximadamente 25% dos entrevistados não estavam divulgando suas conquistas integralmente, minimizando-as ou se calando totalmente. A Bélgica ficou no topo da lista com 41% das empresas praticantes do Green Hushing. Estas empresas estabeleceram metas liquidas zero, mas não divulgam as conquistas, e nem tem planos de divulga-las. Elas acreditam que o silêncio vale mais. Que há pouco valor na exposição dos avanços em contrapartida aos muitos riscos em abrir suas metas climáticas.
Segundo especialistas, o que motiva as organizações ao silencio verde são:
1) Elas não querem ser chamadas de incompetentes se ficarem aquém das metas declaradas
2) Elas não querem ser acusadas de praticarem o Green Washing ou maquiagem verde, se a percepção for de que inflaram suas conquistas.
O relatório da South Pole classifica o “Silencio Verde” como “preocupante”, porque a publicação de ações verdes tem o poder de inspirar outras organizações, mudar mentalidades, vencer resistências e incentivar as abordagens colaborativas.
Então onde está o ponto ideal para a divulgação ESG?
A organização deve achar o ponto de equilíbrio da sua comunicação com as partes interessadas, e calcular sobre o que compartilhar, como compartilhar, quando e quanto compartilhar.
Compartilhar demasiadamente ou seletivamente, ou então manter silêncio será uma escolha especifica para cada situação, e não há uma solução única para todos os momentos. Mas uma coisa é certa, a única escolha que não vai funcionar é não dizer nada nunca. Motivos não faltam para uma boa comunicação, na medida certa. Alguns desses motivos são:
- A comunicação de sustentabilidade não consiste apenas em relatórios ESG. A organização deve integrar suas estratégias de comunicação em várias plataformas para chegar as todas partes interessadas. E nesse processo, o mais importante sempre será a transparência.
- As iniciativas de sustentabilidade requerem a adesão das partes interessadas, incluindo funcionários, clientes e a comunidade local. E o sucesso dessas iniciativas ficarão comprometidos se faltar comunicação e transparência.
- Além disso, optar pelo silencio verde também aumentará o risco de perder a atração de novos investimentos já que muitos investidores dependem de relatórios ESG detalhados, precisos e confiáveis.
- As partes interessadas pressionam para que as empresas possam ser responsabilizadas por seus compromissos. Preferem o “progresso real” em vez da “perfeição fabricada”, principalmente se a perfeição for resultado de uma minimização dos esforços, ou de um silêncio seletivo.
Para encerrar – Nem Green Washing, nem Green Hushing, apenas a verdade clara e consistente. Se assim agir, a organização não cometerá erros que possam comprometer sua reputação e consequentemente derrubar sua pontuação ESG.
Fontes:
https://www.savemoneycutcarbon.com/learn-save/what-is-green-hushing-and-is-it-a-problem/
https://www.thecorporategovernanceinstitute.com/insights/lexicon/what-is-green-hushing/
Sobre BISA Certifica:
Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br
