O achatamento da rentabilidade na renda fixa tem levado muitos investidores brasileiros a procurarem outras alternativas para colocar seu dinheiro. Os Títulos do Tesouro Direto e o Fundos de Renda Fixa – duas das alternativas que mais seduziam os investidores até a sequência de cortes na Taxa Básica de Juros (Selic) – têm perdido captação mês a mês, queda que se reflete também na variação destes ativos.

Levantamento da Economatica mostra que em março o volume alocado pela indústria de fundos em Títulos Públicos foi de R$ 2,12 trilhões, valor 4,85% inferior ao de fevereiro de 2020. Na ordem de preferência dos gestores, o Tesouro Prefixado (LTN) respondeu por R$ 204 bilhões, o Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F), por R$ 83 bilhões e o IGPM+ com Juros Semestrais (NTN-C), por  R$ 72 bilhões.

“Olhando dados de janeiro, que são os que estão fechados, o Tesouro Direto Selic (LFT) 2024 foi o mais alocado, com R$ 230,9 bilhões, o que representa 7,24% do total do que a indústria aportou em Títulos Públicos”, detalha Einar Rivero, gerente comercial da Economática.

O menor interesse dos investidores tem se refletido na rentabilidade destes títulos no mercado secundário. A maior queda entre os papéis disponíveis para compra partiu do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 (-0,87%), enquanto a maior valorização, de 1,78%, foi registrada pelo Tesouro Prefixado 2023.

“É natural que haja alguns momentos em que os títulos públicos fiquem com a rentabilidade negativa por um determinado tempo, pois sofrem variação de preço diariamente, o que exige que o investidor acompanhe seu extrato com frequência”, sugere o analista Financeiro do The Cap Marcelo Fayh.

Se o Tesouro anda morno, os fundos de renda fixa não animam mais. Em abril, estes registraram queda de patrimônio líquido de 2,68%, fechando o mês com R$ 2,05 trilhão em aplicações. Isso representa uma perda de capital de R$ R$ 58,2 bilhões. Detalhando por tipo, os fundos Renda Fixa Duração Baixa concentram a maior queda, com perda de R$ 46 bilhões; no outro extremo, há captação positiva dos Renda Fixa Duração Baixa Soberano com R$ 12,4 bilhões.

“A mediana da rentabilidade no mês de abril dos fundos Renda Fixa no Exterior foi a mais alta, de 5,8%, enquanto os fundos Renda Fixa Duração Média Crédito Livre tiveram recuo de -0,08%”, compara Einar Rivero.

Então, para onde têm rumado os investidores? A própria Economatica traz a resposta. Os fundos de Ações Livre tiveram o maior volume de captação líquida em abril deste ano, com R$ 1,75 bilhão – enquanto isso, os Indexados tiveram a maior queda, com R$ 913,1 milhões negativos. Conforme analistas, é um movimento de investidores buscando oportunidades em um mercado de ações que se tornou barato e com boa perspectiva de se valorizar no longo prazo, perante uma renda fixa cambaleante. Olhando para rentabilidade, os fundos Ações Sustentabilidade/Governança têm o melhor desempenho em abril, na mediana rentabilizaram 12,2%.

Também os fundos multimercados atraíram investidores com apetite para arriscar um pouco mais suas posições no mês passado. Estes registram crescimento do patrimônio de 0,6%, fechando abril com R$ 1,29 trilhão. Os fundos Multimercados Investimento no Exterior têm o melhor desempenho, na mediana valorizaram 2,74%. Já os Multimercados Capital Protegido têm o pior desempenho, ainda assim com valorização de 0,34% – o que representa 119,57% do CDI.

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