Embora o desejo de proteger o meio ambiente e de promover práticas mais sustentáveis seja uma preocupação comum que transcende gerações (1), dados recentes mostram que as novas gerações, mais especialmente as gerações Y e Z, estão impulsionando o crescimento ESG e vão impactar significativamente a economia global nos próximos anos. Quem trabalha com riscos e oportunidades futuras já se prepara para esse cenário.  

Hoje a Geração Z representa um terço da população mundial, e dados recentes apontam que até 2030 a força de trabalho global será multigeracional com 34% da Geração Z e 32% da Geração Y (Millennials) – Gerações que tem os propósitos ESG como prioridade máxima.

Pesquisa realizada em 2023 pela agência britânica Deloitte detectou que 59% dos entrevistados da Geração Z e 60% dos Millennials estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços mais sustentáveis. 90% dos Millennials estão interessados ​​em  realizar  investimentos sustentáveis. Um terço dos millennials – Geração Y (nascidos entre 1980 e 1994)  utiliza frequente ou exclusivamente produtos de investimento que têm em conta fatores ESG,  19% da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2015), 16% da Geração X (nascidos entre 1965 e 1979) e apenas 2% dos baby boomers (nascidos entre 1944 e 1964).

A Geração Z possui um poder de compra anual de 100 mil milhões de dólares e os Millennials são a maior força de trabalho da história dos EUA, que junto com a Geração Z, vão receber uma transferência de riqueza de bilhões de dólares e com suas atitudes, crenças de valores e tolerância ao risco impactarão significativamente a economia global. No Brasil conforme o Edelman Trust Barometer de 2022, cerca de 70% das gerações Y e Z buscam colaborações com as marcas que se alinham aos propósitos ESG.

Estão preocupados com questões como mudanças climáticas, igualdade de gênero, diversidade, direitos humanos e ética nos negócios, e muito mais propensos em se envolver em ativismo e advocacy relacionados ao ESG. Participam de protestos, petições online, boicotes e campanhas, e até litígios para pressionar empresas e governos na adoção de políticas e regulações mais restritivas e transparentes.

Peter Lynch, um dos investidores com maior sucesso em todos os tempos cujas lições se tornaram guia para investidores recomendou que para ser bem sucedido no mundo dos investimentos você deve “saber o que possui e por que você possui”, nos levando a percepção de que a Geração Z parece estar mais interessada no “porque” do que no “o que”.

A geração Millennial já desempenhou um papel significativo no investimento ESG, tendo contribuído com 51,1 mil milhões de dólares para fundos sustentáveis ​​em 2020, e deve aumentar a medida que mais riqueza for transferida para eles. E combinados com a Geração Z à medida que o seu rendimento aumenta em até 140% nos próximos cinco anos segundo alguns especialistas, a perspectiva para o investimento sustentável é extremamente positiva. Espera-se que cerca de  33% de todos os ativos globais sob gestão seriam ESG. Segundo o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável até 2036 os investimentos ESG atingirão U$ 160 bilhões muito acima dos U$ 30 bilhões de 2018.

Na China, a Geração Z combinados com consumidores mais velhos estão cada vez mais preocupados com a qualidade dos produtos e a evidência de uma cadeia de abastecimento ESG. “E esta é uma macrotendência que detectámos a nível global” afirma Francesco Boggio Ferraris, especialista em relações comerciais internacionais e diretor da Escola de Formação Permanente da Fundação Itália China.

E nesse contexto multigeracional sobre capitalismo, não podemos esquecer da Geração X, contribuindo com o poder transformador do ESG e do capitalismo compassivo (2)

Fatos que confirmam a velocidade com que a transformação ocorre mudando atitudes e hábitos de forma multigeracional num cenário onde economia e geopolítica estão cada vez mais entrelaçados sugerindo impactos importantes. Realidade que coloca empresas em situação de questionamentos constantes sobre seus propósitos e modus operandi.

Para encerrar, até 2030 as gerações Y e Z juntas serão quase 70% da força de trabalho global e detentoras de grande poder de compra e decisão. Dada a dimensão do que representarão em termos de influência, pode se imaginar o tamanho do impacto de seus valores e crenças na economia global expandindo ainda mais os propósitos ESG. Ouso dizer que tais propósitos podem se cristalizar numa espécie de cláusula pétrea do esperado modus operandi das organizações. Portanto, coloque no radar e fique de olho no fator multigeracional porque como ensina a sabedoria popular “Camarão que dorme a onda leva”.  

(1) Gerações:  Baby Boomers – nascidos entre 1944 e 1964; Geração X – nascidos entre 1965 e 1979; Millennials (Geração Y) – nascidos entre 1980 e 1994; Geração Z – nascidos entre 1995 e 2015.

(2) O capitalismo compassivo é uma expressão de Murthy Narayana (empresário indiano e fundador e Presidente Emérito da Infosys (in) que significa uma atitude que reduz as desigualdades globais por meio de práticas capitalistas éticas ( comércio justo ). O conceito é às vezes chamado ou equiparado ao de capitalismo eqüitativo.

Fontes:

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br