Não será necessário grande esforço para justificar a importância da sustentabilidade e o que ela representa no mundo atual, em especial para a União Europeia – UE com seus 27 países membros e o terceiro maior PIB do mundo em torno de U$ 16 Trilhões. A UE está mais avançada nos aspectos regulatórios ESG com diretivas que terão desdobramentos em mercados e empresas do mundo todo pela relevância econômica da região. Diante desse cenário a questão que surge é: Você está pronto para o que os especialistas quando olham para a diretiva ESG consideram como o “maior experimento contábil dos últimos 100 anos”?

Florian Hoos, Professor de Sustentabilidade e Contabilidade ESG no International Institute for Management Development (IMD) e Diretor Administrativo do Enterprise for Society Center (E4S) fez essa provocação sobre a diretiva da UE e os relatórios de sustentabilidade que começarão a valer a partir de 2024.

A Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa  da UE (Corporate Sustainability Reporting Directive – CSRD) se baseia na dupla materialidade, ou seja, na avaliação dos riscos socioambientais para a continuidade dos negócios da empresa e a exposição desse impactos sobre as pessoas e o meio ambiente. 

Para muito além do desempenho financeiro, os requisitos dos relatórios envolverão projeções futuras e esforços para medir o que nunca foi medido antes coletivamente. Segundo ele esse é o maior experimento de relatórios visto até hoje, que afetará a forma como as empresas se mostram para investidores, clientes, fornecedores, parceiros, ativistas – enfim, para todos os interessados ​​em potencial.

Para Florian Hoos, o mundo precisa observar a diretiva da União Europeia sobre relatórios de sustentabilidade porque esse será um caminho sem volta para as organizações. Ele elencou 5 dicas estratégicas para as empresas prestarem atenção quando divulgarem seus dados ESG. São elas:  

Dica 1: Prepare sua estratégia – e, consequentemente, seus sistemas de relatórios internos – sob uma perspectiva de dupla materialidade

A CSRD, quando for aplicada pela primeira vez (2024), afetará apenas cerca de 0,2% dos 30 milhões de empresas da Europa. Mas olhando para cadeias de valor, parcerias e  outros padrões no horizonte, já se preparar de acordo com os padrões mais rigorosos, deixará sua empresa pronta para o admirável mundo novo dos relatórios de sustentabilidade. Sua empresa terá vantagem competitiva sobre os concorrentes que não se prepararam para fornecer dados ESG para seus grandes clientes que precisam desses dados pelo enquadramento da regulação UE. 

Dica 2: Repense as funções e capacidades do departamento de contabilidade

 Estamos testemunhando a maior mudança contábil desde a automação da contabilidade na década de 1950.  Reorganizações e treinamento adicional serão necessários aos contadores que supervisionam dados financeiros e que verão suas atividades expandidas pelos relatórios de dados ESG. Os contadores e auditores assumirão o papel de consultores estratégicos para dar o suporte a empresa no seu preparo para os relatórios ESG.

Dica 3: Comunique as intenções de sustentabilidade de sua empresa, mantendo-se cauteloso em suas promessas ESG  

Cuidado com o que divulga. Não prometa demais. Há uma longa lista de empresas que se empolgaram e se meteram em problemas. Quando se trata de divulgações públicas seja cauteloso e não se iluda com promessas de longo prazo que podem nunca se concretizarem. Promessas exageradas e não cumpridas prejudicam a reputação. Especialmente se no seu caso não for obrigado a reportar dados ESG. O melhor é manter silêncio sobre os dados duvidosos e divulgá-los estrategicamente quando oportuno e certo. Melhor superar expectativas do que frustrar expectativas

Dica 4: Ao aderir aos requisitos de relatórios, não deixe de pensar grande  

Sempre é bom ter no horizonte a inovação e a ousadia. Já que estará aderindo a requisitos inovadores dos relatórios pode se aproveitar o momento para pensar grande e ousar. E para ilustrar sua dica, o Professor de Sustentabilidade e Contabilidade ESG no IMD cita um exemplo inspirador da Agricultura vertical que em vez de adotar a inovação incremental, optaram pela revolução total do negócio agrícola, empilhando as colheitas verticalmente em ambientes fechados. Eles estão no jogo para reinventar o negócio agrícola. 

Dica 5: Pense em “materialidade estratégica” para prosperar

A UE está pedindo dupla materialidade indo além do impacto financeiro imediato e olhando para as externalidades da empresa.  Se deseja ir além do mero cumprimento de relatórios obrigatórios de sustentabilidade, a materialidade estratégica será um conceito muito útil dando a oportunidade para pensar sobre sua estrutura de materialidade. Portanto identificar o aspecto material do seu setor em que possa superar os concorrentes, principalmente se impulsionado pelo propósito da empresa, será uma grande sacada. E finalmente, adote também a abordagem ESG estratégica com decisões ponderadas sobre o que relatar externamente e o que usar apenas em relatórios internos. 

Florian Hoos acredita que com a Diretiva da UE, embarcamos todos no maior experimento planetário de coleta de dados ESG dos últimos 100 anos; e isso vai mudar as peças no tabuleiro. As empresas que não forem rápidas o suficiente serão substituídas, como sempre foram, por empresas mais rápidas e competitivas na entrega dos seus dados ESG. E finalmente, a mera conformidade nunca foi suficiente para quem deseja prosperar, porém sem ela você nem entra no jogo. Ou seja, conformidade nunca foi estratégia, sempre foi requisito. Portanto, olhar com atenção para a União Europeia, com os padrões de relatórios ESG mais ambiciosos do mundo ajudará sua empresa se preparar para o que vem a seguir. Porque o tempo não para e o ESG é um caminho sem volta.

Fontes:

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