A maior de todas, no Brasil e na América Latina, a gigante Eletrobras (ELET3), é líder de mercado que carrega as iniciais do nome do país e também suas características, como abundância de fontes renováveis de energia e a dimensão continental, formando uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo. Por isso e muito mais, os analistas do BB Investimentos recomendam compra, “em função do potencial de valorização até o preço-alvo que estimamos em R$ 51,10 para o fim de 2025, e também pelo potencial de remuneração aos investidores via dividendos no longo prazo”.

Desempenho das ações Eletrobras (ELET3)

Conforme os analistas do BB, o desempenho das ações vem decepcionando no último ano, “com os riscos se sobrepondo aos principais pontos da tese de investimento e oportunidades disponíveis à companhia”. Segundo eles, os fatores responsáveis por isso são: o questionamento ADI do Governo Federal; risco de revisão do componente financeiro da RBSE; e  cenário estressado para preços de energia frente à sobreoferta atual. “Atualmente, o trâmite judicial da ADI encontra-se suspenso, com tentativa de negociação extrajudicial entre a Eletrobras e o Governo Federal”, esclarecem os analistas.

Expectativas

Os analistas esperam que a  inclusão das hidrelétricas nos leilões de reserva de capacidade seja um primeiro passo na valorização de atributos das usinas hidrelétricas com reservatório, que possuem presença de destaque entre os ativos da Eletrobras. 

“Mas não menos relevante, o processo de reestruturação da empresa ao longo dos últimos anos, intensificado após sua privatização em junho de 2022, tem permitido a geração de valor de várias maneiras”, destacam. 

Além disso, a simplificação da estrutura societária permite redução de custos e ganho de sinergia operacional e gerencial entre os vários ativos da empresa, “e também tem permitido a utilização de créditos fiscais e tributos diferidos em subsidiárias que não conseguiam utilizá-los por estarem muito alavancadas sem gerar lucro e base tributável, bem como de holdings que já possuíam dívida mas não geravam caixa e lucro para aproveitar o benefício tributário do endividamento, a partir de incorporações ou aportes de capital para reduzir o endividamento de subsidiárias”. 

Mais um destaque: a reestruturação em andamento é o descruzamento, compra ou venda de participações societárias que tem permitido à Eletrobras destravar valor de ativos em que não controlava o fluxo de caixa. 

“Em paralelo à reestruturação societária e administrativa, existe o trabalho de reestruturação de passivos, visando a redução do custo da dívida de empresas do grupo que estavam muito alavancadas e/ou tinham sócios com baixa avaliação de risco de crédito, assim como gestão do passivo não financeiro, visando a redução e mesmo reversão de provisões, com destaque para os empréstimos compulsórios”, comentam. 

Mesmo com esses desafios, os analistas do BB acreditam que a “gigante verde se levanta num momento propício para se posicionar como um dos líderes na transição energética”. Isso porque ao longo de sua história, a Eletrobras cumpriu funções de pesquisa e planejamento do setor elétrico brasileiro. “Tendo larga experiência na aplicação de novas tecnologias no setor de energia e hoje possui projetos, estudos e memorandos de parcerias assinados relacionados a tecnologias ainda não viáveis economicamente e sem regulação madura como a produção de hidrogênio verde, mas que podem trazer grande oportunidade de investimento e expansão no futuro.”

Os negócios da Eletrobras

O BTG Pactual destaca no seu relatório sobre a companhia, o anúncio da venda de 12 usinas térmicas em operação e 1 projeto totalizando 2,06GW para a Âmbar Energia por R$4,7 bilhões (jun/24), incluindo um earn-out de R$1,2 bilhão. 

No ano passado, segundo o relatório, as usinas térmicas entregaram R$ 2,4 bilhões em receitas e R$ 1,1 bilhão em Ebitda. “Como parte do acordo, a Âmbar assume imediatamente o risco de crédito dos contratos de energia com a Amazonas Energia, que tem deixado de pagar à Eletrobras quase R$120 milhões por mês”, comentam os analistas do BTG.

Bom saber que no acordo com a Âmbar Energia inclui:  uma opção de compra para que a Eletrobras converta a dívida da Amazonas Energia (~R$7,2 bilhões) em equity, caso a Âmbar adquira o controle da distribuidora; e a alteração de uma opção de compra relacionada à usina eólica da Baleia, permitindo que a Eletrobras receba 100% dos recursos do seguro, ainda em discussão com a seguradora.

Os analistas veem essa transação como muito positiva para a Eletrobras. Isso porque melhora a liquidez da empresa com a venda de ativos não essenciais com retornos geradores de valor, representa um encerramento nas perdas da Amazonas Energia, cria uma solução potencial para a dívida já provisionada da Amazonas Energia no caso de a Âmbar assumir o controle da distribuidora, e está alinhada com a meta de carbono zero da empresa para 2030.

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