O desafio da sustentabilidade refere-se à necessidade de equilibrar o desenvolvimento econômico, social e ambiental a longo prazo, garantindo que as gerações presentes atendam às suas necessidades sem comprometer a capacidade das futuras gerações de garantirem às suas próprias.

Portanto, é necessário empreender esforços globais coordenados para atingir esse desafio, mas além de ser um desafio, a sustentabilidade é também uma oportunidade de alterarmos nosso “status quo” e pensarmos em novas soluções, produtos e serviços para criar um futuro mais sustentável e equitativo para todos.

Os principais desafios da sustentabilidade

1.  Reduzir as emissões de gases de efeito estufa para mitigar a ameaça significativa da mudança climática;

2. Reduzir o consumo de recursos naturais, biológicos, hídricos, minerais e os energéticos para prevenir seus esgotamentos visto que são finitos.

3. Reduzir a poluição ambiental tanto do ar, da água e do solo pois afeta a saúde humana e a biodiversidade.

4. Reduzir as desigualdades econômicas e, consequentemente as desigualdades sociais, facilitando o acesso a soluções sustentáveis para todos.

Dentre os caminhos para o alcance da sustentabilidade, estão: (i)transição para fontes de energia renovável; (ii) conservação da biodiversidade; (iii )conscientização e educação sobre práticas sustentáveis; (iv) tecnologia e inovação para resolver problemas ambientais; (v) implementação de regulamentações e políticas ambientais sólidas em nível local e global; (vi) inclusão social e (vii) promoção urgente da economia circular onde os recursos são reutilizados, reciclados e reduzidos ao mínimo.

A economia circular desempenha um papel fundamental na promoção da sustentabilidade, pois se concentra na maximização da eficiência dos recursos e na minimização do desperdício. É um modelo de produção e consumo que envolve compartilhar, alugar, reutilizar, reparar, reformar e reciclar materiais existentes

Mas o termo “economia circular” apareceu pela primeira vez em 1988, em “A economia dos recursos naturais” e, logo depois, foi usado por Pearce e Turner para descrever um sistema econômico onde os resíduos nas etapas de extração, produção e consumo são transformados em insumos.

Ellen MacArthur, em 2005, tornou-se a velejadora solo mais rápida a dar a volta ao mundo

Depois de dar a volta ao mundo, voltou com novos insights sobre como o mundo funciona, como um lugar de ciclos interligados e recursos finitos, onde as decisões que tomamos hoje afetam o que fica para amanhã.

Criou a Fundação em seu nome para acelerar a transição para uma economia circular e foi fundamental na difusão do conceito na Europa e nas Américas. A Fundação é responsável por criar pesquisas originais, baseadas em evidências sobre os benefícios de uma economia circular e como ela pode contribuir para resolver desafios globais como mudanças climáticas e perda de biodiversidade.

A economia circular ajuda a abordar vários desafios ambientais e econômicos

1. Redução de Resíduos: Na economia circular, os produtos são projetados para durar mais tempo, serem facilmente reparados e, eventualmente, reciclados ou reutilizados. Isso reduz a quantidade de resíduos sólidos e contribui para a preservação de aterros sanitários.

2. Conservação de Recursos: Em vez de extrair constantemente novos recursos naturais, a economia circular prioriza a reutilização e reciclagem de materiais. Isso reduz a pressão sobre os recursos naturais finitos, como minerais e água.

3. Redução de Emissões de Carbono: Ao minimizar a necessidade de produzir novos materiais e produtos, a economia circular reduz as emissões de gases de efeito estufa associadas à extração, fabricação e transporte de recursos.

4. Estímulo à Inovação: A economia circular incentiva a inovação no design de produtos, processos de produção e modelos de negócios. Isso pode levar ao desenvolvimento de produtos mais eficientes em termos de recursos.

5. Geração de Empregos: A transição para uma economia circular pode criar empregos na indústria de reparo, reutilização, reciclagem e remanufatura, contribuindo para o crescimento econômico sustentável.

6. Redução de Custos: A reutilização de materiais e a otimização do uso de recursos podem levar a reduções significativas nos custos de produção para as empresas e consequente redução da desigualdade;

7. Mudança no mindset do consumidor: o modelo de consumo atual, baseado na produção em massa e no descarte rápido de produtos, é insustentável. A transição para padrões de consumo e produção mais sustentáveis é crucial.

Temos alguns cases de economia circular que compartilho aqui com vocês:

  1. Renault – a primeira fábrica de veículos circular da Europa A Renault é pioneira da economia circular na indústria automotiva. O objetivo de suas atividades circulares é prolongar a vida útil dos veículos e componentes e manter os materiais em uso, reduzindo, assim, o uso de materiais virgens. No final de 2020, o Grupo Renault aumentou seu nível de ambição e estabeleceu a ‘RE:Factory’, a primeira fábrica de economia circular dedicada a veículos e mobilidade da Europa. (Fontes :EUROPE’S first circular economy factory for vehicles: Renault. Ellen MacArthur Foundation, [2022]. Disponível aqui.)
  2. O Escritório de Sustentabilidade do MIT queria reduzir a quantidade total de resíduos produzidos no campus e garantir que qualquer resíduo produzido fosse capaz de alimentar a economia circular. O MIT, então, adotou uma abordagem abrangente para aumentar a quantidade de materiais consumidos que podem ser reaproveitados, reciclados ou reprocessados. (Fontes: ELLEN MacARTHUR FOUNDATION. Designing out waste and driving a circular economy on a university campus. [202-]. Disponível aqui.)
  3. HP Brasil & Sinctronics – criando um ecossistema de logística reversa. A Sinctronics foi criada em 2012 para fornecer soluções de reciclagem para o setor de TI. A ideia era aplicar padrões e conhecimentos industriais no processo de reciclagem, ampliando assim as soluções de economia circular. A parceria entre as empresas deu origem à primeira iniciativa de economia circular do setor eletroeletrônico brasileiro. (Fontes: CREATING a reverse logistics ecosystem: HP Brazil & Sinctronics. Ellen MacArthur Foundation, [2022]. Disponível aqui)
  4. Coca-Cola – design de garrafa de bebidas reutilizável para várias marcas. A Garrafa Universal da Coca-Cola é uma garrafa de plástico reutilizável (PET) que pode ser usada em várias marcas de refrigerantes na América Latina. A Garrafa Universal é um exemplo de “inovação upstream” – rastrear um problema de volta à sua causa raiz e resolvê-lo lá. Isso significa que, em vez de nos concentrarmos apenas em como lidar com o material recuperável que se transforma em lixo, trabalhamos para manter essa embalagem em uso pelo maior tempo possível. (Fontes: A REUSABLE drinks bottle design for multiple brands: Universal Bottle. Ellen MacArthur Foundation, [2022]. Disponível aqui.)
  5. FLOOW2 – compartilhamento de ativos entre empresas. O FLOOW2 é o primeiro mercado de compartilhamento B2B que permite que empresas e instituições compartilhem excesso de capacidade de equipamentos, conhecimento e habilidades de pessoal. Os usuários podem se cadastrar gratuitamente na plataforma e os participantes pagam uma assinatura para divulgar seus equipamentos, proporcionando um fluxo de receita para o FLOOW2. A chave para o sucesso de um modelo de negócios de consumo colaborativo é sua capacidade de demonstrar aos clientes em potencial que a conveniência de ter acesso a equipamentos tem benefícios mais ou iguais aos próprios bens. (Fontes: BUSINESS-TO-BUSINESS asset sharing: FLOOW2. Ellen MacArthur Foundation, [2022]. Disponível aqui)

Por coincidência, um amigo me indicou um livro chamado a “Historia das coisas”, de Annie Leonard, que aborda a relação entre consumo, produção, meio ambiente e sociedade, com foco em como os produtos que usamos todos os dias são fabricados, distribuídos e descartados. O livro incentiva os leitores a repensarem seus hábitos de consumo e a apoiarem iniciativas que promovam a sustentabilidade.

O livro termina com uma mensagem de esperança, enfatizando que, com ações conscientes, podemos criar um mundo mais sustentável e inclusivo.

E aí, vamos juntos ajudar a criar esse mundo para as futuras gerações?

Andrea Terranova, é formada em Administração de Empresas pela PUC-SP, possui cursos de especialização em Gestão de Negócios pela UC San Diego, MBA Executivo pelo Insper e cursando MBA em ESG pelo Ibmec. Entrou para o mercado como estagiária no Banco GM e, nos últimos 25 anos, construiu uma sólida carreira na área de finanças em grandes multinacionais. Atualmente é CFO da UCB Baterias, uma das maiores empresas de soluções de armazenamento de energia do Brasil. É apaixonada por esportes, vinhos e viagens, mas também pelo trabalho!

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