Apesar de toda esta expectativa positiva para 2020, há alguns riscos no radar que podem atrapalhar este virtuoso ano novo.
Confira a visão da equipe de analistas da Corretora Elite
Neste ambiente de melhora de perspectiva para a economia brasileira, aprovação da reforma da previdência e juros mínimos históricos, o Ibovespa finalmente superou a marca dos 100 mil pontos em 2019, chegando a atingir mais de 117 mil pontos em Dezembro.
Parte do mercado prevê que o ciclo de alta da bolsa brasileira ainda está no início, prevendo que ao final de 2020 o Ibovespa poderá atingir entre 125 mil a 150 mil pontos, o que representaria uma alta próxima de 30 % em 2020.
É importante lembrar que o desempenho do Ibovespa em 2019 se deu pelo suporte do investidor local, sem a força compradora dos investidores estrangeiros. Pelo contrário, a saída de capital estrangeiro no mercado à vista de ações atingiu recorde em 2019. Com a volta da confiança do investidor estrangeiro, abre-se ainda mais espaço para que este novo patamar histórico seja alcançado em 2020.
As empresas brasileiras, que se adaptaram para sobreviver aos momentos da forte crise dos últimos anos, estão preparadas e enxutas para colher a melhora do desempenho da economia esperado em 2020. Aliado a isso, custos financeiros menores das companhias e estímulos ao consumo das baixas taxas de juros, é de se esperar que os lucros das empresas negociadas na B3 cresçam em 2020. No mercado, há analistas que esperam entre 17 % e 22 % de aumento nos lucros.
Dois riscos que podem atrapalhar o otimismo para 2020
Risco político
Sem dúvida o mais relevante. Em 2019, a grande votação no Congresso sem dúvida foi a da Reforma da Previdência. Mas o caminho das reformas estruturantes ainda é longo e muita coisa ficou para ser votada em 2020 e nos anos seguintes. Pautas importantes como a reforma tributária ainda estão andando em passos bem vagarosos. E a mudança de partido do presidente, as brigas na base aliada do governo em nada ajudam este processo.
As eleições municipais em 2020 diminuem o calendário disponível de votações no Congresso e fazem com que deputados e senadores tendam a evitar a discussão de temas polêmicos. Este ano pode se tornar um ano decepcionante no que diz respeito as reformas. E não se pode esquecer que o presidente, algumas vezes, mais atrapalha do que ajuda a pauta das reformas. E as últimas notícias sobre o senador Flavio Bolsonaro, filho do presidente, envolvido em denúncias de lavagem de dinheiro e envolvimento com milicianos gera bastante ruído.
Menor crescimento mundial
Brexit, guerra comercial, impeachment do presidente americano, tudo isto joga contra um crescimento robusto da economia mundial em 2020, mesmo com a economia americana se mostrando mais resiliente, apesar das estimativas de desaquecimento.
Na guerra comercial, até que houve boas notícias em Dezembro : EUA e China chegaram a um acordo na chamada fase 1 das negociações comerciais. Espera-se que o texto seja assinado em Janeiro. Na Europa, o partido do primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, venceu as eleições parlamentares extraordinárias de Dezembro, chancelando o Brexit.
O problema agora é saber como ele será feito e, se for de forma abrupta, sem negociações com a União Europeia, causará consequências bastante ruins para a economia do Reino Unido e de todo o continente. Ainda sobre guerra comercial, EUA e União Europeia acabaram se estranhando em 2019 e nada pode afastar a possiblidade de novos conflitos comerciais em 2020.
O processo de impeachment do presidente americano, Donald Trump foi aprovado na Câmara dos Deputados, de maioria democrata – oposição – e ainda será enviado ao Senado, sem data definida, onde o Partido Republicado, do presidente americano, tem maioria e terá o processo de afastamento arquivado.
Por fim, não se pode esquecer que 2020 é ano de eleições nos EUA e, passado o processo de impeachment, o presidente Donald Trump certamente tentará a reeleição. E o mercado continuará de olho no crescimento Chinês.
No balanço de riscos, o ano de 2020 tem uma grande chance de ser positivo para a economia brasileira.
