O ESG não é mais político do que outras formas de análise financeira.
Segundo o GRI (Global Reporting Initiative), devemos entender a dupla materialidade (financeira e não financeira) como duas prioridades de igual importância.
Segundo especialistas em investimentos ESG, se você se concentrar apenas em questões que atualmente são relevantes financeiramente, você poderá perder as que em breve se tornarão financeiramente relevantes. Por isso, a dupla materialidade se impõe como importante metodologia de análise dos investimentos ESG.
A JP Morgan, líder mundial em serviços financeiros com sede em Nova York, presente em mais de 100 países, e a terceira maior empresa do mundo está levando o conceito da dupla materialidade para os produtos ESG. Também o GRI em colaboração com o ISSB (International Sustainability Standards Board – criado na COP 26 pela Fundação IFRS para desenvolver uma base global de normas de divulgação de sustentabilidade de alta qualidade) em suas próximas regras de divulgação de riscos ESG recomendam que empresas e investidores se prepararem para um cenário em que a dupla materialidade será considerada numa espécie de clausula pétrea do manual dos investidores. Tais adesões mostram como o conceito da dupla materialidade está se expandindo.
Avaliando os inúmeros artigos sobre ESG podemos observar a tendência pelo desenvolvimento de métricas e regras que comparem os riscos das organizações por meio de um escaneamento cada vez mais amplo dos pontos sensíveis de cada negócio. O próprio JP Morgan está desenvolvendo uma ferramenta de inteligência artificial para que seus clientes avaliem não apenas os riscos ambientais, sociais e de governança enfrentados pelas empresas do portfólio mas também o que representam para o mundo, expandindo os pontos e variáveis a serem considerados nas análises financeiras. A dupla materialidade já está incorporada nos regulamentos ESG da União Europeia, mas ainda em estágio inicial nos Estados Unidos
É fato que algumas empresas possam apresentar resultados de impacto social positivo, mas também estarem expostas a riscos externos sob o prisma ESG que é complexo e depende de muitas variáveis internas e externas, local e global. Apesar das grandes instituições financeiras abraçarem o ESG embasados por um pensamento lógico e ponderado, expandir seus critérios no atual momento político global não é fator isento de riscos. Nos Estados Unidos, o partido Republicano acusa a BlackRock (a maior gestora de ativos do mundo com sede em Nova York) de praticar o “Woke Capitalism”, priorizando as questões ESG em detrimento do retorno financeiro ao investidor. O que não é verdade porque tal afirmação contradiz a proposta da dupla materialidade ESG.
Para Jean Xavier Hecker, Co-diretor de pesquisa ESG para EMEA (Europa, Oriente Médio e Ásia), do JP Morgan e arquiteto da ferramenta ESG Discovery, a dupla materialidade é a única maneira de pensar o ESG para provar seu impacto no mundo real que está por vir (futuro). E, em relação aos ataques de políticos que acusam o ESG de praticar “Woke Capitalism” ele afirma que o ESG não é mais político do que outras formas de análises financeiras, e que todo tipo de estratégia de investimento tem considerações políticas.
Enfim, a complexidade da vida em sociedade do século XXI faz do ESG uma ferramenta indispensável para organizações que pensam o futuro. Numa grosseira comparação entre conduzir um carro e um negócio, o ESG seria uma espécie de direção defensiva, onde a responsabilidade e visão de quem conduz vão muito além das habilidades básicas de ligar e operar uma máquina em movimento. Chegar ao destino em segurança e na velocidade desejada dependerá de muitos fatores. E a dupla materialidade certamente diminuirá os sobressaltos e solavancos do percurso, proporcionando um horizonte mais estável e previsível.
Sobre BISA: Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com