A última semana foi predominantemente úmida no Rio Grande do Sul, marcada pela instabilidade climática de alternância entre precipitações e poucos momentos de tempo seco e de calor. As atividades de colheita da soja foram intensificadas nas janelas de condições ambientais favoráveis, e a área colhida avançou de 66% para 76% na média estadual, segundo levantamento da Emater-RS/Ascar divulgado na quinta-feira.Porém, a autarquia salienta que nas lavouras localizadas na Metade Sul e Centro-Oeste do Estado, esse índice é significativamente menor. Nessas regiões, nas grandes extensões de áreas a serem colhidas, a operação foi acelerada por aspectos tanto cronológicos quanto climáticos. No primeiro caso, a jornada diária de colheita foi ampliada ao máximo possível, estendendo-se durante os períodos em que as lavouras apresentavam condições razoavelmente adequadas para o corte e a debulha.Em relação aos aspectos climáticos, os produtores gaúchos precisaram adotar estratégias para retirar o maior volume possível de grãos a campo em razão da previsão de novas precipitações. Dessa forma, priorizaram áreas de maior produtividade; contrataram serviços extras de terceiros, aumentaram a logística de colheita e transporte; e realizaram a operação mesmo com condições desfavoráveis de deslocamento nas estradas, valendo-se, até mesmo, do auxílio de tratores para tracionar caminhões.O teor de umidade dos grãos colhidos estava elevado, demandando maior consumo de energia nos processos de secagem, nos pontos de recebimento. Apesar das condições recentemente adversas – chuvas excessivas no início do ciclo, curtas estiagens e dificuldade no controle da ferrugem-asiática –, considera-se que a safra está dentro da normalidade devido à obtenção de produtividades conforme as projeções iniciais. A estimativa de produtividade permanece em 3.329 quilos por hectare.Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, a colheita avançou, sendo beneficiada pelo tempo seco inicialmente. Em Aceguá, o temporal com granizo, em 27/04, afetou as lavouras, causando danos às plantas e às vagens, além de alagamentos devido ao volume concentrado de chuva.No município de Bagé, cerca de 35% da área foi colhida, e as produtividades variam de 1,5 mil a 2,7 mil quilos por hectare. A dessecação foi necessária para uniformizar a maturação das lavouras e reduzir a umidade das plantas. A presença de plantas daninhas está exigindo o uso de herbicidas, elevando os custos. Em algumas áreas, é necessário dessecar azevém e aveia, que interferem na colheita.Em Candiota, cidade impactada pela estiagem, as produtividades variam de 600 a 1,5 mil quilos por hectare e, nas áreas melhores, atingem até 2,1 mil quilos por hectare. O estresse hídrico provocou falhas e grãos verdes nas vagens em função das chuvas após um período de tempo seco, afetando o enchimento dos grãos.Na Fronteira Oeste, as chuvas, no início do período e em 27/04, limitaram as janelas para a colheita, levando os produtores a realizar a operação, apesar dos grãos úmidos, para evitar perdas maiores. O excesso de umidade prolongado, após a maturação, ocasionou a germinação de grãos ainda nas vagens. Em Alegrete, 40% das lavouras foram colhidas. Em Maçambará, foram 65% e, nas áreas de várzeas, as produtividades são inferiores a 1,8 mil quilos por hectare. Em São Borja, também 65% das lavouras foram colhidas, e os grãos apresentam até 20% de umidade. As chuvas frequentes acarretaram tanto perdas por apodrecimento quanto a germinação dos grãos. As produtividades variam de 1,8 mil quilos por hectare até 4,2 mil quilos por hectare nas melhores áreas.Na de Caxias do Sul, o predomínio da alta umidade relativa do ar em decorrência das chuvas, principalmente a partir do dia 26/04, prejudicaram o avanço da colheita, já que as poucas horas adequadas à operação – cultura e solo secos – não foram suficientes para permitir a entrada das máquinas. Apesar das dificuldades, aproximadamente 75% da área cultivada foi colhida. No entanto, a colheita está um pouco mais atrasada nos municípios de maior altitude nos Campos de Cima da Serra, como Vacaria e Bom Jesus.Na de Erechim, 90% das lavouras foram colhidas, e 10% estão em maturação. A incidência e a previsão de recorrência de chuvas podem levar à redução da produtividade em função da impossibilidade de colheita em algumas áreas. Porém, a produtividade ainda se mantém próxima a 3,8 mil quilos por hectare.Na de Frederico Westphalen, a colheita progrediu de forma limitada em razão das condições desfavoráveis, que impediram a operação de máquinas. Foram colhidas 91% das lavouras, e 9% estão em fase de maturação, cultivadas em safrinha, em áreas previamente utilizadas para o cultivo de milho, de tabaco ou de outras culturas. A produtividade média permanece em 3.840 kg/ha.Na de Ijuí, a persistência de clima úmido permitiu que a colheita fosse realizada apenas em breves intervalos de sol; os trabalhos ficaram concentrados na tarde de 26/04 e durante o dia 27/04. Apesar das condições inadequadas do solo, que dificultam a movimentação das máquinas e causam a compactação do terreno, foi necessário prosseguir a colheita, dada a maturidade das lavouras e a iminência de perdas decorrentes da deterioração dos grãos. Até o momento, 93% das áreas cultivadas foram colhidas. Restam ainda colher pouco mais de 5% das áreas semeadas em 2024, além das lavouras em segundo cultivo, após a retirada do milho.Na de Passo Fundo, 15% das lavouras encontram-se em estágio de maturação, e 85% foram colhidas. A produtividade permanece em torno de 4 mil quilos por hectare.Na de Pelotas, no início do período, quando ocorreram dias ensolarados e temperaturas amenas, os produtores intensificaram a colheita. Contudo, a partir de 26/04, as atividades foram interrompidas devido à ocorrência de chuvas. Até o momento, 47% das lavouras foram colhidas. Quanto às fases fenológicas, predominam as lavouras maduras, representando 41%; e 12% estão em granação. A produtividade está em 2.954 quilos por hectare. Alguns produtores, especialmente em Canguçu, enfrentaram perdas significativas como consequência da escassez de chuvas nos meses de verão, e estão acionando o seguro agrícola.Na de Santa Maria, 70% das lavouras foram colhidas, e 30% encontram-se maduras. A produtividade média esperada inicialmente era de 3.269 quilos por hectare, porém, em função das chuvas frequentes e volumosas, há perdas tanto na qualidade dos grãos quanto na produtividade. Há também um risco iminente de perda total de algumas lavouras em decorrência da previsão de uma sequência de dias chuvosos. Em Nova Palma, após as chuvas, ocorreu redução significativa na produtividade, que chegou a aproximadamente 40% em lavouras prontas para a colheita. Estima-se que essa redução possa chegar a 60% em algumas áreas mais afetadas.Na de Santa Rosa, 1% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos, 6% maduras, e 93% foram colhidas. Em alguns municípios, a colheita foi encerrada. A produtividade estimada está em 3.350 quilos por hectare. Alguns produtores optaram por colher a soja, mesmo com o solo úmido, para evitar perdas por apodrecimento dos grãos maduros. Porém, enfrentaram grandes descontos no momento da entrega, já que os grãos apresentavam baixa qualidade.É possível que essa condição de grãos impróprios para a comercialização se agrave nas lavouras a serem colhidas em razão da continuidade de dias nublados e chuvosos. As áreas restantes a serem colhidas correspondem principalmente a lavouras de soja safrinha, cultivadas após a colheita do milho safra.Essas lavouras devem apresentar produtividade abaixo do esperado em função das dificuldades no controle da ferrugem-asiática e do clima chuvoso durante a maturação, que compromete a qualidade dos grãos.Na de Soledade, a colheita prosseguiu, alcançando 75% da área plantada, porém em ritmo mais lento por causa da instabilidade. Nas regiões do Alto da Serra do Botucaraí e Centro-Serra, os índices ultrapassam 90%. No Baixo Vale do Rio Pardo, aproximam-se de 60%.Nessa região, muitas lavouras estão maduras, mas dependem de colhedoras de terceiros, o que gera preocupações em razão dos prognósticos de tempo chuvoso. Devido às variações nas condições climáticas e aos diferentes manejos tecnológicos adotados, as respostas produtivas das lavouras variam amplamente, situando-se entre 2,4 mil quilos por hectare e 4,8 mil quilos por hectare. A maioria das áreas deve registrar produtividade de 3 mil quilos por hectare a 3,3 mil quilos por hectare.

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