Para os analistas da Ágora tanto a Arezzo (ARZZ3) quanto o Grupo Soma tiveram resultados decepcionantes no 1T24, embora não muito longe das “expectativas reduzidas no nível operacional”.  Conforme o relatório, “a Nova Companhia pró-forma teria aumentado as vendas líquidas em 2,9% na comparação anual, o Ebitda ajustado seria de R$ 319 milhões (vs. os R$ 320 milhões estimados pelo BBI) e o EBT cairia para R$ 54 milhões no 1T24 de R$ 83 milhões no 1T23 (35% abaixo do esperado pelo BBI por conta principalmente da SOMA)”. 

Na opinião dos analistas da Ágora, os resultados do 1T24 não inspiram confiança para uma rápida recuperação dos preços das ações. “Acreditamos que sinais mais claros do dinamismo das marcas e indicações tangíveis da fusão serão fundamentais para reavaliar as teses. Mantemos nossa recomendação de Compra para ambas as empresas, com base na assimetria de avaliação (Nova Companhia em 11,5x o múltiplo P/L estimado para 2025 e sem sinergias operacionais), com preços-alvos inalterados (R$ 71,00 para ARZZ3 e; R$ 8,50 para SOMA3).”

Arezzo (ARZZ3): Canal de lojas próprias se destaca

O lado bom sempre existe. Para o BTG Pactual esse lado bom da Arezzo é o canal de lojas próprias, aumento de 14% a/a, apoiado por 22 inaugurações nos últimos 12 meses. 

“Enquanto o multimarcas teve um desempenho negativo, queda de 4% a/a (impactado por uma queda nas vendas da bandeira Reserva), as franquias cresceram 0,9% a/a e a plataforma de ecommerce cresceu 19% a/a. As vendas internacionais totalizaram R$ 113 milhões, uma queda de 4% a/a. O número de sapatos vendidos aumentou 1,3% a/a e o número de bolsas aumentou 5% a/a, enquanto o número de produtos de vestuário aumentou 0,7% a/a.”

Desde 2021, segundo o relatório do setor do  BTG, consumo global, “tem sido impulsionado pela demanda reprimida e pelo aumento da poupança devido ao início da Covid19, principalmente entre as famílias de renda mais alta”. Conforme os analistas, o Brasil não está imune a essa tendência. 

“Apesar de superar o desempenho do setor nos últimos dois anos, esperamos continuar vendo uma desaceleração nos próximos trimestres devido às pressões sobre a lucratividade de suas operações nos EUA, que esperamos começar a diminuir, e aos impactos na cadeia de suprimentos das enchentes no Rio Grande do Sul. O desempenho das ações provavelmente será influenciado principalmente pelas notícias sobre a fusão Arezzo-Grupo Soma “, comentam.

Ainda seguem otimistas e recomendam compra, por estes fatores: o crescimento resiliente do mercado local, impulsionado pelo e-commerce e pela expansão multicanal, e uma forte recuperação do consumo entre as classes de renda mais alta; e (a adição de marcas como Vans e Reserva. 

“As ações são negociadas a 12x P/L para 2025, com um CAGR esperado de 15% entre 2023-27 para o LPA. Assumimos um custo de capital próprio (em USD) de 12% e um crescimento de longo prazo de 6% (também em USD).” 

Resultados esperados no 1T24

Para a Ativa, o 1T24  foi em linha, mas “trouxe pontos de atenção com relação a dinâmica das franquias e ao operacional da Schutz, que foram dois detratores”. Outro destaque dos analistas foi a rentabilidade como ponto negativo, em vista da pressão no exterior e de um aumento significante no SG&A. 

“No mais, esperávamos um resultado mais fraco, influenciado pela forte base de comparação com os dois últimos anos, que poderiam pressionar esse desempenho. Reiteramos compra, enxergando uma empresa de alta qualidade com um valuation depreciado”, comentam.

O Itaú BBA ressalta que o trimestre foi marcado por uma desaceleração nas vendas em ambas as empresas, também afetadas por aumento de deduções devido a mudanças fiscais. 

“Enquanto a Arezzo cresceu 4% em um ano, a Soma expandiu 1%, impactada negativamente pela Hering, que caiu 8% devido ao atacado mais desafiador. Em relação à rentabilidade, ambas as empresas reportaram ganhos de margem bruta, com Arezzo melhorando 0,5 pp diante de maior participação de canais B2C no mix de vendas e a Soma com avanço de 0,6 pp devido aos avanços na Hering, que expandiu a margem em 2,5 pp.”

O fato em desalinho é que  esse desempenho foi ofuscado pelas despesas, segundo os analistas,  com pressão na margem Ebitda de 0,5 pp em Arezzo e 0,1 pp em Soma.

“Ambas as empresas mostraram uma deterioração significativa do lucro líquido na comparação anual devido ao aumento de impostos, após fim do benefício de subvenção de ICMS. Para frente, esperamos que o foco esteja nas perspectivas de melhora no segundo trimestre, bem como em potenciais sinergias da fusão se materializando.”

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