O momento exige um agregador de estratégias na formulação da governança corporativa frente as demandas da sociedade. São muitas camadas na estratégia principal de um negócio, e não há possibilidade de incluir práticas ESG, sem considerar estratégias específicas para cada um dos seus stakeholders. O próprio ESG tem como premissa o despertar das partes interessadas, que são muitas e com distintas expectativas.

Você pode estar pensando, mas isso é óbvio. Sim, mas gerenciar estratégias em camadas, e em convergência com o histórico da organização é o desafio. As premissas ESG são valiosas para a gestão de uma empresa, mas não devem negligenciar os princípios básicos do histórico de um negócio bem-sucedido.

Para Betsy Atkins, uma veterana de participações em conselhos, e autora do livro “Be Board Ready: The Secrets to Landing a Board Seat and Being a Great Director”, que escreve sobre governança corporativa e tendências de negócios na revista Forbes, “embora o investimento ESG provavelmente continue a evoluir nos próximos anos, há necessidade de recalibração” . Segunda ela, os principais fatores que estão contribuindo para a recalibração do ESG nas empresas são:

  • Escrutínio dos reguladores, tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos. Nos EUA, a SEC (Securities and Exchange Commission) intensificou a supervisão do investimento ESG propondo regras para evitar alegações enganosas.
  • Alta das Taxas de juros tornando mais caro o financiamento para empresas, impactando o desempenho das ações de energia limpa e outros investimentos ESG.
  • Intensificação do movimento anti ESG, tornando o investimento ESG em alvo político nos Estados Unidos com alguns legisladores argumentando que ele é prejudicial à economia.

A recalibração que está ocorrendo no ESG é muito saudável porque fará com que os investidores tenham um olhar mais crítico para garantir que seus investimentos estejam alinhados não apenas aos seus objetivos financeiros, mas também com seus valores.

Uma observação relevante para o qual Betsy Atkins chama a atenção é sobre empresas que sempre fizeram a lição de casa, entregando valor para seus acionistas e outros stakeholders. Estas empresas não tiveram dificuldades para manter competitividade na atração e retenção de investidores, consumidores e talentos, e assim serem muito bem sucedidas, mesmo antes da existência do ESG.  Isso faz parte dos princípios básicos do histórico dessas empresas, e devem ser considerados.

Isto posto, surgem algumas questões: Será que podemos entender o ESG como um agregador e ao mesmo tempo, recalibrador das boas práticas de gestão para garantir a regularidade dos bons retornos aos acionistas e o atendimento das expectativas das demais partes interessadas? O processo ESG seria o aprimoramento contínuo das boas práticas de governança para a resiliência da empresa frente aos desafios do horizonte? Questões para se pensar.

Encerrando, resgato o principal conselho desta veterana de participações em conselhos, Betsy Atkins sobre ESG. Ela recomenda que ao integrar a estratégia ESG nos negócios, as empresas não se esqueçam dos pontos fortes que as trouxe até aqui. E, ao formular metas ESG, integre-as competências e objetivos estratégicos do histórico da empresa, em vez de reduzir e/ou concentrar sua motivação nas pressões externas ou modismos. Conselho que na minha opinião deva estar na mesa (e na cabeça) de todo executivo.  

Fonte:

https://www.forbes.com/sites/betsyatkins/2023/12/07/businesses-must-focus-on-fundamental-performance-not-just-esg

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