Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem emergido como uma ferramenta de grande relevância para empresas de diversas dimensões. Sua capacidade de automatizar tarefas, analisar volumes significativos de dados e embasar decisões mais precisas tem desempenhado um papel fundamental. Para as empresas que estão em processo de expansão, a IA oferece oportunidades substanciais para ampliar seus negócios, especialmente após a validação do Produto Viável Mínimo (MVP).

Este artigo explora a contribuição da IA nessa jornada, enfocando como ela pode elevar a assertividade decisória, proporcionar aplicações acessíveis, reduzir riscos e desbloquear o potencial organizacional. Além disso, discutiremos se esse amadurecimento do uso da IA afeta as mulheres, seja em seu mercado de trabalho ou em acesso a produtos. Estamos efetivamente aproveitando o poder da IA para diminuir as diferenças de igualdade de gênero ou estamos deixando essas diferenças se perpetuarem ou, pior ainda, aumentarem?

Aprimorar a assertividade das decisões é uma das maneiras mais impactantes pelas quais a IA pode impulsionar o crescimento empresarial. Os algoritmos de IA têm a capacidade de analisar grandes volumes de dados em tempo real, detectar tendências e padrões ocultos e fazer previsões com alta precisão. Isso é particularmente valioso para empresas que baseiam suas estratégias em marketing, vendas e gestão de estoques, pois lhes permite tomar decisões embasadas em dados concretos, em vez de suposições. Como exemplo notável, temos instituições financeiras e bancos digitais que já conseguem personalizar recomendações de crédito com grande precisão.

Inteligência Artificial generativa

Ao integrar algoritmos de IA generativa com o conceito de open finance, essas empresas têm a capacidade de oferecer crédito com taxas mais competitivas, ao compreender melhor o perfil dos clientes e seu risco de inadimplência. Isso não apenas melhora o acesso a recursos críticos para os consumidores, mas também auxilia as empresas na mitigação de seus riscos. Além disso, os algoritmos de aprendizado de máquina podem monitorar dados em tempo real para identificar anomalias e ameaças de segurança, protegendo as empresas contra fraudes e comportamentos maliciosos que antes passariam despercebidos. Enquanto a IA convencional é programada para tarefas específicas, a IA generativa tem a capacidade de criar de forma inovadora, o que pode evoluir os modelos de crédito existentes.

Contudo, é crucial ponderar sobre os possíveis impactos de decisões baseadas em informações e modelos que tenham bases de dados enviesadas. Por exemplo, a concessão de crédito mais acessível a homens em detrimento das mulheres, devido a interpretações equivocadas dos modelos, deve ser considerada uma preocupação séria. A ética e a imparcialidade na utilização da IA são elementos críticos a serem abordados.

Mulheres na IA

Um desafio relevante nesse contexto é a sub-representação das mulheres em campos relacionados à IA. Isso constitui um obstáculo significativo para o desenvolvimento de sistemas de IA inclusivos e equitativos. Quando as equipes de desenvolvimento não são diversificadas, os sistemas tendem a negligenciar as necessidades de diversos grupos de usuários e podem contrariar princípios de direitos humanos. Por exemplo, é frequente observar vieses de gênero e outras formas de discriminação em jogos online e em sistemas de IA.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que as disparidades de gênero no campo da tecnologia começam cedo, na escolha da área de estudo. Em muitos países da OCDE, apenas uma pequena porcentagem de meninas, em comparação com meninos, aspira a carreiras relacionadas à tecnologia aos 15 anos de idade. Essa disparidade persiste em campos como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), onde o número de meninos interessados em se tornar engenheiros, cientistas ou arquitetos é significativamente maior do que o de meninas.

Globalmente, pesquisas demonstram que as mulheres na força de trabalho enfrentam desigualdades salariais, têm menos representação em cargos de liderança e estão sub-representadas em áreas STEM. Um relatório da UNESCO destaca que as mulheres representam apenas 29% dos cargos de pesquisa e desenvolvimento científico em todo o mundo e têm menos habilidade em utilizar tecnologia digital para fins básicos, em comparação com os homens.

Esse desafio é de extrema relevância no contexto do desenvolvimento da IA. Alguns acadêmicos, como os da University College Dublin, advertem que a sobre-representação masculina na criação de tecnologias de IA pode inadvertidamente reverter décadas de progresso na igualdade de gênero. Eles argumentam que a IA aprende principalmente a partir dos dados que lhe são fornecidos, e esses dados frequentemente refletem estereótipos de gênero. Portanto, o uso desses dados pode perpetuar vieses de gênero nas aplicações resultantes da tecnologia.

Potencial da IA

Em resumo, a Inteligência Artificial apresenta um vasto potencial para o crescimento empresarial, oferecendo soluções personalizadas que melhoram a assertividade decisória e desbloqueiam oportunidades, sem necessariamente aumentar custos e riscos na mesma medida. A IA generativa está se tornando uma ferramenta indispensável nos negócios contemporâneos.

À medida que mais empresas a adotam, é imperativo que se trabalhe na promoção da igualdade de oportunidades e de acesso, seja para mulheres ou outros grupos marginalizados. Para isso, é essencial melhorar as habilidades digitais e promover a requalificação das mulheres, incentivando o acesso a carreiras STEM e garantindo transparência algorítmica para evitar estereótipos de gênero nas bases de dados que alimentam os sistemas de IA. Essas ações são cruciais para garantir um futuro mais inclusivo e equitativo na era da IA.

Por Taeli Klaumann – Formada em Administração de Empresas, com um MBA Internacional. Com 18 anos de sólida carreira no Brasil e nos Estados Unidos, ocupou cargos de liderança em planejamento, finanças, revenue management e business intelligence em empresas como Syngenta, HSBC, Danone, Delta Airlines e agora atua no ecossistema de startups como CFO da fintech Conta Simples.

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