O grandes bancos estão buscando se reinventar inspirando-se em fintechs. Além disso, também querem utilizar o Pix ao seu favor. Por isso vamos te mostrar de onde surge essa inspiração, o que eles podem ganhar com o Pix e qual é a visão de grandes empresas sobre o assunto. 

Grandes bancos se inspiram nas fintechs para se reinventar

Aparentemente seguro até poucos anos atrás, o fértil terreno dos grandes bancos foi invadido por pequenas ferramentas financeiras que os obrigaram a sair da zona de conforto.

As fintechs, empresas digitais que oferecem serviços como conta-corrente, investimentos e transferências via celular, se popularizaram e passaram a abocanhar nacos generosos do mercado bancário.

No Brasil, a Rentabilidade sobre o Patrimônio dos quatro maiores bancos (Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil) caiu para 13,58% no terceiro trimestre, de acordo com a Economatica. Também afetado pela pandemia e pela queda nos juros básicos, o lucro líquido do grupo caiu 19,2% em relação ao mesmo período de 2019. Os dados têm levado à queda nos preços das ações destas instituições – enquanto as cotações de bancos digitais como Inter e a XP vêm se multiplicando.

No texto de Grazieli Binkowski é ressaltado que dois terços dos executivos de bancos acreditam que novas tecnologias como a Inteligência Artificial e aprendizado de máquina continuarão a ter o maior impacto no setor bancário no mundo nos próximos cinco anos, de acordo com uma pesquisa global realizada pela Economist Intelligence Unit (EIU), por encomenda da empresa de softwares bancários Temenos. Max Chuard, CEO da Temenos afirma que os bancos estão sobre uma pressão maior devido aos novos concorrentes. Ele também diz que a onda de digitalização pode ajudar os bancos a enfrentarem a concorrência das fintechs.

Essa dualidade entre uma aparente ameaça que se revela uma oportunidade tem sido vista no Brasil recentemente com o Pix, que começou a funcionar nesta semana. A avaliação de especialistas, entretanto, é que o Pix poderá ser uma forma de aproximar bancos de fintechs, com uma plataforma de operações financeiras semelhantes. Aos poucos, parece que os bancos também passaram a copiar a forma de sucesso que tem funcionado com os concorrentes digitais.

Bancos digitais e fintechs buscam ganhos com Pix

Com a chegada do Pix, os bancos digitais e as fintechs vem se preparando para ganhar dinheiro com produtos específicos para empresas, uma vez que não poderá ser cobrado nenhuma para pessoas físicas ou microempreendedores individuais, segundo decisão do Banco Central.

De acordo com o Estadão Conteúdo, a  principal fonte de receita tende a ser a terceirização do Pix. Um banco, por exemplo, que está habilitado pelo BC a trabalhar com o novo meio de pagamento, pode vender a tecnologia a uma empresa do varejo que quer oferecer a seus clientes a possibilidade de ter uma conta digital que faça transferências e pagamentos com o Pix. É  o que se chama de “banking as a service”.

O Banco Original espera que o Pix impulsione o banking as a service e multiplique por dez a relevância desse produto no negócio da instituição. Hoje, esse tipo de serviço representa 3% da receita e a expectativa é que em três anos salte para 30%.

Pequenas fintechs, ainda não habilitadas para operar como participantes diretos do sistema, também poderão ser exploradas. Não é, contudo, um mercado que todos os principais participantes diretos devem explorar inicialmente. O Nubank, por exemplo, que lidera o registro de chaves de segurança para o Pix, ainda não pretende entrar nesse segmento.

Além do banking as a service, o Pix também poderá criar oportunidades com o relacionamento que se cria com as empresas. O Tribanco trabalha para oferecer soluções de crédito atreladas ao novo meio de pagamento, por meio de recebíveis dos clientes. É uma forma de se diferenciar do mercado, considerando que o Pix, em si, será uma commodity.


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O que dizem as grandes empresas

As startups financeiras conseguiram atrair clientes e alimentar a fama de potencial em relação aos bancos, a partir de ofertas menos burocráticas. Os bancos destacaram as suas reservas e afirmaram que as fintechs não estavam sujeitas às amarras regulatórias que eles enfrentam em suas operações. No texto de Moacir Drska, do NeoFeed, podemos entender que a relação entre os dois sofreu polêmicas e reações contundentes, mas que nos últimos anos o clima de hostilidade vem diminuído.

Cândido Brecher, CEO do Itaú Unibanco, afirma que há uma tendência grande de convergência dos dois lados, com possibilidade que tragam ganhos para os dois lados. O presidente do Bradesco, Octavio Lazari Jr., concorda com essa ideia e diz que os bancos e as fintechs devem trabalhar juntos. O CEO da Easynvest, Fernando Miranda afirma que no futuro tudo vai ser uma coisa só, o mercado financeiro digital. Sergio Furio, CEO da Creditas concorda com essa opinião.

A Creditas é um exemplo de como essa aproximação entre esses dois mundos começou a acontecer na prática. A startup, que já captou R$ 1,2 bilhão em sete rodadas, tem entre seus investidores o Santander InnoVentures, braço global de investimentos de venture capital do Santander. Quem também tem apostado no estabelecimento desse diálogo é o Bradesco. Desde 2018, o banco mantém o InovaBra, hub de inovação que abriga startups de diferentes setores, repetindo um movimento realizado pelo Itaú Unibanco, em 2015, com a criação do Cubo.

As estratégias não estão restritas aos grandes bancos privados. Em agosto, o Banco do Brasil, que já mantinha espaços de interação com startups, lançou um programa de investimentos focado nessas empresas. O banco irá investir por meio de outras gestoras e fundos, com participações minoritárias. No radar, estão fintechs, insurtechs, agritechs, govtechs e startups na área de segurança.

Uma pesquisa da PwC mostra essa proximidade sob a perspectiva das fintechs. De acordo com o estudo, 35% delas já têm parcerias com bancos; 28% das participantes veem os bancos como parceiros futuros; outras 20% enxergam como possíveis compradores estratégicos; e 18% como competidores. Sob a ótica dos bancos, essa conversa tem sido dirigida, em parte, por uma questão: a necessidade de incorporar a cultura propagada pelas startups.

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