Quem se acostumou a enxergar o Tesouro Direto como uma fonte de segurança e garantia de rentabilidade – ainda que baixa – tem tido más surpresas nos últimos meses. Os títulos do Tesouro IPCA+ 2035, por exemplo, apontam queda de 11,7% em seu valor desde o início de março, quando a crise do coronavírus começou a chegar no Brasil.


“Essa queda é reflexo da marcação de mercado”, explica André Alírio, Operador de Renda Fixa da Nova Futura Investimentos . “Como as previsões de inflação estão mais baixas do que meses atrás, o valor do título é atualizado para baixo, pois os investidores não têm o mesmo interesse em comprá-los-los”, explica.


O cenário é bem diferente do que vinha ocorrendo meses anteriores à crise do coronavírus. Com pagamentos de juros generosos por parte do governo, os títulos com lastro no IPCA vinham atraindo a ambição de compradores no mercado secundário. O IPCA+ acumulou 18% de valorização entre março de 2019 e março de 2020. Em dois anos, a valorização acumulada foi de 32%.


A recente queda, explica Adriano Severo, consultor financeiro especializado em investimentos pessoais, apenas se aplicará se o investidor vender seu papel antes do vencimento. Ou seja, se decidir vender no mercado secundário, sujeito à marcação do mercado. “Caso mantenha até a data de vencimento, o investidor receberá exatamente o que foi pactuado, que, no caso dos títulos de Tesouro IPCA +, é a inflação e o bônus anual”.

No grupo dos títulos com rendimentos prefixados, a maior baixa em março, considerado o fundo do poço para a Renda Fixa por alguns analistas, partiu do Tesouro Prefixado com Juros Semestrais com vencimento em 2031, com recuo de 6,72%.

Esta situação, explica Severo, lembra aos investidores que as taxas oferecidas no site do Tesouro Direto só são válidas para quem adquirir o título e levá-lo até o vencimento.

Na venda antecipada, o retorno pode ser bem diferente, uma vez que a venda é sempre feita a preço de mercado.Conforme o Tesouro Nacional, o valor do título no extrato dos investidores já considera essas variações da taxa de juros. O título é atualizado de acordo com o preço que ele é negociado no mercado naquele momento. Se há queda nos preços negociados, o saldo cairá. E se houver valorização do título, o saldo aumentará.


Essa é a mesma mecânica dos fundos de investimento, que fazem a marcação a mercado de seus ativos, com base em recomendação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de valores mobiliários, ilustra o Tesouro.

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