O ano de 2024 foi ruim para o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira. Só em dezembro, o índice registrou uma queda de 4,28%, levando o desempenho acumulado no ano para -10,36%. É a pior performance em três anos e que acabou influenciando o desempenho de diversos Fundos brasileiros.
Conforme a Quantum Finance, o mercado de ações foi pego por uma combinação nada favorável de dólar alto, tensões geopolíticas globais, retomada da alta da Selic e incertezas com as contas públicas no Brasil.
Além disso, a aversão a risco no mercado doméstico se traduziu no maior fluxo de saída de investimento estrangeiro desde 2016, quando a B3 iniciou a divulgação dos dados.
Ano de volatilidade
Em 2024 a forte volatilidade fez o mercado de ações sofrer para chegar a novas máximas históricas. Enquanto que no fim de 2023 o otimismo dos investidores transbordava, e todos projetavam que 2024 seria “o” ano, só em agosto que o índice conseguiu atingir um novo topo, acima dos 137 mil pontos.
E a fase de recuperação durou pouco, segundo a Quantum, a bolsa brasileira se viu novamente pressionada por um conjunto de fatores internos e externos como:
- Maiores incertezas geopolíticas, o que levou a uma forte variação dos preços das commodities, especialmente o petróleo e o minério de ferro.
- Resultado das eleições presidenciais nos EUA, gerando dúvidas quanto ao futuro das relações diplomáticas com um novo mandato de Donald Trump.
- Retomada do ciclo de aperto monetário no Brasil.
- Riscos fiscais domésticos que fizeram o dólar disparar e o mercado revisar as projeções para a economia brasileira nos próximos anos.
O desempenho das ações em novembro
Mensalmente o Acionista divulga o desempenho dos fundos de ações em uma parceria exclusiva com a Quantum. As informações consideram dezembro e retroativamente seis, 12, 24 e 36 meses. O relatório que o Acionista recebe é formado por cinco categorias de fundos: Ações e dividendos; Ações Livres; Ações Small Caps; Ações Sustentabilidade/Governança e Ações Valor/Crescimento.
A Quantum destaca que é preciso saber que a indústria de fundos é dinâmica. Também é importante destacar que os dados são das quantidades de fundos em funcionamento normal, com o histórico dos períodos indicados. E atentar para a máxima que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, o ideal é analisar no mínimo os últimos 12 meses de cada fundo.
Fundos de Dividendos
O número de fundos disponíveis aumentou de 60 para 62 em dezembro. O retorno do mês foi negativo mais uma vez, -3,73%; nos últimos 36 meses, o retorno foi de 21,96%.
Os dividendos pagos pelas empresas da carteira ficam a cargo do gestor nesta modalidade. É ele que determina como vai fazer novos investimentos com o valor. Essa prática pode ser avaliada como uma desvantagem para o investidor.
Fundos de Ações Livres
A modalidade caiu de 1994 ativos para 1981 no mês passado. O retorno no mês foi negativo também em -3,92%. Nos últimos 12 meses o retorno foi de -1,26%. Nos últimos dois anos, o investidor teve 24,99% de retorno.
Esses fundos são conhecidos como FIAs (Fundos de Ações), são modelos em que os gestores investem o patrimônio do fundo majoritariamente em ações. O principal fator de risco é a variação dos preços de ações, admitidas à negociação em mercados organizados, que compõem sua carteira de ativos.
Fundos Small Caps
Os fundos das Small Caps tiveram um retorno negativo em dezembro: -3,99%. Em 12 meses o investidor teve retorno negativo de 18,21%, em 24 meses, esse retorno foi de -6,37%. Nos últimos 3 anos o retorno ficou em -11,33%.
Neste tipo de fundo, o gestor investe nas empresas de baixa capitalização da Bolsa de Valores, com valor de mercado entre R$ 1 bilhão e R$ 5 bilhões. Ele busca desse fundo empresas que possuem valor intrínseco, mas que ainda não foram reconhecidas pelo mercado.
Fundos de Sustentabilidade/Governança
Em dezembro, o investidor teve o retorno de -4,50% . Em 12 meses, o retorno foi de -19,85%. Nos últimos três anos, esse retorno ficou negativo em 10,52%.
Esse grupo de fundos precisa apresentar uma política de investimento 100% sustentável, levando o sufixo “IS”. Conforme a Anbima, “podem ser reconhecidos os fundos que integram aspectos ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês) em seu processo de gestão, mas não têm o investimento sustentável como objetivo principal.
Eles não podem usar o sufixo IS, mas têm uma diferenciação dos demais: podem utilizar a frase com o conteúdo “esse fundo integra questões ASG em sua gestão” nos materiais de venda voltados aos investidores”.
Fundos de Ações Valor/Crescimento
Em dezembro foram 111 fundos com retorno de -5,82% ; nos últimos 6 meses, foi de -8,86%. O retorno para o investidor em três anos ficou positivo em 1,60%.
Segundo a Anbima, neste tipo de fundos, os gestores buscam retorno através de uma estratégia de seleção de empresas entre o “preço justo” estimado (estratégia de valor) e/ou aquelas com a chance de crescer no futuro (estratégia de crescimento).
Dezembro amargo
Sem melhora alguma em dezembro, os fundos seguiram a saga de baixo retorno para o investidor, acompanhando a péssima performance do Ibovespa. O investidor segue sem comemorações com a bolsa. Todos os fundos tiveram retorno negativo no mês. Os fundos de Ações Dividendos seguem apresentando o melhor desempenho em 36 meses: 21,96%; seguido pelas Ações Livres, que tiveram retorno de 17,16% no mesmo período.
Número de fundos disponíveis
Classificação Anbima (fundos) | Fundos no mês | Fundos nos últimos 6 meses | Fundos nos últimos 12 meses | Fundos nos últimos 24 meses | Fundos nos últimos 36 meses |
Ações Dividendos | 62 | 60 | 55 | 51 | 48 |
Ações Livres | 1981 | 1934 | 1836 | 1657 | 1463 |
Ações Small Caps | 55 | 55 | 54 | 45 | 43 |
Ações Sustentabilidade/Governança | 3 | 3 | 2 | 2 | 2 |
Ações Valor/Crescimento | 111 | 111 | 109 | 109 | 101 |
Rentabilidade
Classificação Anbima (fundos) | Retorno no mês | Retorno nos últimos 6 meses | Retorno nos últimos 12 meses | Retorno nos últimos 24 meses | Retorno nos últimos 36 meses |
Ações Small Caps | -3,99% | -10,50% | -18,21% | -6,37% | -11,33% |
Ações Valor/Crescimento | -5,82% | -8,86% | -13,25% | 5,39% | 1,60% |
Ações Livres | -3,92% | -4,14% | -1,26% | 24,99% | 17,16% |
Ações Sustentabilidade/Governança | -4,50% | -11,99% | -19,85% | -5,82% | -10,52% |
Ações Dividendos | -3,73% | -4,63% | -7,66% | 12,11% | 21,96% |