O dólar ultrapassou os R$ 6,20 nesta terça-feira (18), mesmo após o Banco Central injetar US$ 12,7 bilhões no mercado desde a última quinta-feira. Essa sequência de intervenções, a maior desde 2021, inclui novos leilões, como o de US$ 2,015 bilhões realizado no mesmo dia. Ainda assim, a alta persiste, levantando dúvidas sobre a eficácia da estratégia.
Por que o dólar não recuou?
Especialistas apontam que os leilões de dólar — usados para aumentar a liquidez e reduzir a volatilidade — não são suficientes para frear a escalada da moeda americana. Conforme Bruno Nascimento, analista da B&T Câmbio para o E-Investidor, explica que o principal motor dessa alta é o risco fiscal. A incerteza sobre a aprovação de um pacote de corte de gastos no Congresso, com prazo até sexta-feira (20), tem pressionado o mercado.
Além disso, dezembro é um período em que multinacionais intensificam a compra de dólares para envio de recursos às matrizes no exterior. Essa demanda sazonal também contribui para a disparada da moeda, mas o impacto do fator fiscal é maior.
“Os leilões do Banco Central apenas desaceleram temporariamente a alta do dólar. Sem uma solução concreta para a questão fiscal, a pressão sobre o câmbio continuará”, ressalta Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas em matéria do E-Investidor.
O que são e como funcionam os leilões de dólar?
Nos leilões, o Banco Central vende dólares diretamente a instituições financeiras para regular o mercado. Durante o processo, dealers cadastrados enviam ofertas que, após análise, são parcialmente aceitas. Embora essas operações tragam estabilidade momentânea, não solucionam desequilíbrios estruturais, como o risco fiscal.
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